quarta-feira, 30 de outubro de 2013

INCENDIÁRIOS DE LATAS DE LIXO

Postado por Berto Filho
POLÍTICA

Autor : José Anibal, economista e ex-presidente do PSDB

“Quebrar vidraças, incendiar latas de lixo e destruir lanchonetes tornaram-se atos políticos de forte apelo. Com seus smartphones com transmissão de dados em alta velocidade, nossos niilistas vão às ruas virar e queimar carros para, em seguida, postar suas fotos radicais no Facebook. Se conseguirem a atenção da mídia, que fingem odiar, aí o ato vira uma apoteose.

 O curioso é que eles reivindicam a violência como um posicionamento político legítimo e representativo. O discurso tem nuances robin-hoodianas: o poder público, fontes de todos os males, vira alvo da desforra como forma de restituir a paz e a justiça social aos oprimidos. Não é preciso ser um cientista político para perceber que eles não representam nem restituem nada a ninguém.

 Sob a máscara do radicalismo libertário, nossos camisas negras prestam um desserviço aos desfavorecidos. Autoritários e truculentos, trabalham para entupir os canais de diálogo, reivindicação e protesto legítimos e assegurados. Ao afugentar quem realmente exige mudança dos governos, ajudam a despolitizar e desmobilizar as pessoas. No fundo, são uns reacionários.

 O problema é que o delírio arruaceiro tem ultrapassado os limites da desordem. Eles protestam cometendo crimes. A mistificação da violência enquanto instrumento regenerador da política é uma das lembranças mais nefastas do século 20. Somente um idiota, alienado e temerário, pode se orgulhar de uma postura dessas.

Ao contrário dos milhares que saíram às ruas em junho exigindo uma democracia mais republicana, esses caras não querem transformar coisa alguma. Eles se alimentam dessas fantasias íntimas de protagonismo e poder, como se vivessem numa noite dos cristais particular. Ideias aproveitáveis eles não têm nenhuma. São bons mesmo em partir vidraças.”


“Ao afugentar quem realmente exige mudança dos governos, ajudam a despolitizar e desmobilizar as pessoas.”

Extraí o trecho acima do artigo do José Anibal (publicado no blog do Noblat) porque sintetiza o pensamento e radiografa o fenômeno que dá azo a interpretações não muito ortodoxas. Por exemplo : o governo federal é o maior beneficiário da desmobilização das massas. Os políticos com “p” minúsculo também, incluídos o Congresso e parlamentos em geral. Porque são os alvos naturais e exclusivos de um vasto setor da opinião pública que não se sente representado pelos atuais partidos, vê, impotente, o custo de vida subindo pelas paredes, compra cada vez menos e se endivida cada vez mais, nem se considera abastecido, pela mídia, de informações e opiniões que revelem as verdadeiras intenções por trás das decisões do poder.

Certamente os manifestantes ainda estão perplexos com a decisão do governo de importar um grande contingente de médicos cubanos. Por que cubanos ? Se os Black Blocs e anarquistas "misteriosos" não tivessem feito estragos "idiotas", gerando medo de ir às ruas, quem pode garantir que os manifestantes de junho não teriam voltado suas baterias contra esse desembarque cubano nas periferias e no sertão brasileiro ? Depois de um mês por aqui, esses doutores importados por atacado em uma operação que estava planejada há mais de 1 ano e foi deflagrada de surpresa para não permitir obstáculos nem de mídia nem jurídicos ou dos médicos brasileiros na execução militar da estratégia, continuam um enigma à espera de decifração. O que é que eles vieram fazer aqui? Só tirar a pressão e receitar um Melhoral, como qualquer farmacêutico ? O que se sabe é que o “Mais Médicos” é a bandeira do ministro Alexandre Padilha para se eleger governador de São Paulo e que o pagamento dos salários dos cubanos vai direto para o regime de Fidel Castro. Em 3 anos, uma bela bagatela de alguns milhões de dólares para melhorar a balança comercial de Havana e reforçar o aparelhamento do PT nos grotões. Aos poucos, o Brasil vai sendo cubanizado, pelas bordas.

O julgamento dos mensaleiros pós mudanças no STF, apesar do “ultimato” das ruas contra a impunidade dos corruptos e a corrupção, virou ficção que volta e meia submerge em águas profundas e demora a reaparecer. A Justiça não foi feita. O resgate do senador boliviano pelo diplomata brasileiro, Eduardo Saboia, saiu de foco. O que será que está acntecendo com ele ? Por que o noticiário se cala a respeito ? E o assassinato do prefeito de Santo André ?

Quanto maior o silêncio da rua, mais veloz anda o carro do poder guiado pela atual pilota do PT, com a colaboração do arrojado co-piloto Lula, doido para ocupar o cockpit de Dilma. O governo governa e faz campanha, mas finge que não faz. A sociedade parece anestesiada, hipnotizada, inerme. Quem põe medo e tira a vontade do manifestante incero ? Tem alguém por trás disso.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

THE LAST WALTZ, COM PETULA CLARK

Postado por Berto Filho
Ouvir Petula Clark é um refrigério. Voz linda, aconchegante, trinados perfeitos, belas baladas.

"The Last Waltz" vai fazer os que já passarm dos 40 lembrar da sua juventude. Ela seguramente fez parte da sua era do rádio-vitrola.
http://www.youtube.com/watch?v=Huhi66w0XhI

FESTA DE ARROMBA NO TERRAÇO DA CULTURA

Postado por Berto Filho
O texto que segue está publicado nas páginas 20 e 21 da edição 1166 do jornal "O Perú Molhado", nas bancas esta semana. Título de capa : "Quer gostosura ou travessura ???"

Para acessar a matéria com as fotos clique em
Vale a pena conhecer o Terraço Cultural focalizado na reportagem assinada por mim. 

“Por trás de um grande homem, existe uma grande mulher.” A expressão se encaixa com precisão no figurino da paixão do ambientalista Ernesto Galiotto, pioneiro da música clássica em Cabo Frio
, por sua saudosa e amada esposa Noris Carmen Galiotto. Paixão consubstanciada na homenagem que lhe prestou na noite perfumada e chic do sábado, 26, testemunhada por mais de 100 convidados privilegiados que compareceram à inauguração do Terraço Cultural e Fotográfico Noris Carmen Galiotto na avenida Teixeira e Souza 1450, o mais novo e charmoso endereço cultural de Cabo Frio.

O evento também celebrou os 30 anos de atividades e quase 100 importantes projetos culturais, ambientais e filantrópicos de Ernesto Galiotto, gaúcho de Flores da Cunha que se fez cabofriense por amor à terra que adotou num momento importante de sua vida.

O ponto alto foram as performances preciosas de grandes músicos de 6 países, que tocaram clássicos de Villa-Lobos, Gershwin, números do folclore norueguês e até um tango. Foram verdadeiras bênçãos sonoras sacramentando a homenagem a Dona Noris.


Um repertório de primeira qualidade foi servido com elegância e sensibilidade pelo violoncelo do grande músico britânico David Chew (condecorado em 2009 pela Princesa Anne, filha única da Rainha Elizabeth II, com a comenda da Ordem do Império Britânico por seu trabalho de mais de 30 anos no Brasil), pelo violoncelo apurado da norueguesa Kaja Pettersen, pelo violino stradivariano da alemã Karolin Brosch, pela voz maviosa da soprano norte-americana Martha Herr (reside no Brasil há mais de 30 anos), pelo saxofone e piano do argentino Blas Rivera, cultor da fusão do tango com o jazz, e pelo piano luminoso da brasileira Fernanda Canaud, especialista em Radamés Gnatalli. Uma espécie de “Conselho de Segurança Musical da ONU” em Cabo Frio, no clã dos Galiotto, onde as diferenças de língua e costumes foram substituídas pela afinidade com a música universal. 

O grand finale ficou por conta da dupla formada pelo torcedor do Boca Juniors, Blas Rivera, e pelo fanático tricolor das Laranjeiras, David Chew, com a doce  e neutra participação de Karolin Brosch no violino e serrote. Antes de iniciar o número, para descontrair, Blas e Chew lembraram a Guerra das Malvinas, com humor, e em seguida deram um show na leitura do inspirado tango de Rivera “Canção Para Conquistar a Bailarina”. Só faltou a comportada plateia pedir bis. Até o Papa Francisco entrou no script para justificar o surpreendente clima de paz e amor que rola atualmente no futebol entre brasileiros e argentinos, com Messi e Neymar trocando passes e gentilezas no Barcelona. 

Conhecido por seu amor aguerrido pela natureza, aprendido na convivência com animais silvestres, o empresário, fotógrafo e escritor Ernesto Galiotto acrescenta o evento aqui reportado à sua extensa coleção de conquistas iniciadas em 1987 com a exibição da Orquestra Sinfônica Brasileira conduzida pelo maestro Isaac Karabtchevski, que abriu o concerto na Marina do Canal, com ”O Guarany”, de Carlos Gomes e encerrou com o “Bolero”, de Ravel, sob fogos de artifício e muita emoção.    

COMO FUÉ

Postado por Berto Filho

Lucho Gatica, o maior cantor de boleros deste planeta.
"Como Fué", um dos hits de minhas paqueras.

 
http://www.youtube.com/watch?v=BkuzDbKIp_s

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

VALE A PENA VER DE NOVO

Postado por Berto Filho

 Recordar é viver. Vídeo feito por Duda Mendonça para a campanha do PT em 2002 que serve perfeitamente para 2014. Dura apenas um minuto, e vale a pena ser lembrado.

Clique no link abaixo.
http://jorgeifraim.blogspot.com.br/2012/10/video-profetico.html

domingo, 27 de outubro de 2013

LP COMEMORA BODAS DE OURO EM 2014

Postado por Berto Filho

Peço licença para falar sobre Vera Brasil, minha irmã.
O histórico e cult LP "Tema do Boneco de Palha", gravado pela compositora Vera Brasil em 1964, com voz, violão e orquestra para o selo Farroupilha, vai completar 50 anos em 2014. A fita magnética master das gravações (eu estava presente) deu origem a 3 LPs :
o primeiro, "Tema do Boneco de Palha", selo Farroupilha, lançado em 1964 ; o segundo, sob o título “Antes que você diga qualquer coisa sobre Música Brasileira”, lançado nos EUA em 1975, pelo selo americano de NY "Revelation Records"; e o terceiro, retomando o título original "Tema do Boneco de Palha", editado em 2006 pelo selo alemão de Dusseldorf, "Sonorama Records", que adquiriu da Vera os direitos de comercialização dos fonogramas em escala mundial através da Distribuidora Groove Attack. 
Em 1975, o LP americano recebeu 5 estrelas da revista Down Beat, que, na época, foi um distinção notável pela importância da publicação e por sua projeção mundial, considerada a bíblia do jazz norte-americano.
Somente um dos 12 fonogramas, "Samba Bom", pode ser ouvido no youtube. Os demais, tenho em meu computador e posso enviar para os músicos que se interessarem em incluir as músicas gravadas pela Vera em seus repertórios. 

LP "TEMA DO BONECO DE PALHA"
Selo : Farroupilha, São Paulo, 1964

Fonogramas gravados :
Depois da Chuva 1:31 Vera Brasil - Berto Filho
Era Uma Vez 2:25 Vera Brasil
Minha fé, Meu Amor 2:57 Vera Brasil - Sivan Castelo Neto
Não é Por Falar 2:41 Vera Brasil - Berto Filho
O Azul do Céu 2:17 Vera Brasil - Myriam Ribeiro
O Menino Desce o Morro 1:52 Vera Brasil - De Rosa
Prá Você Que Não Vem 2:08 Vera Brasil - Maricene Costa
Quase Ilusão 1:43 Vera Brasil – Vadim Arsky
Rimas de Ninguém 2:13 Vera Brasil
Samba Bom 2:35 Vera Brasil
Tema do Boneco de Palha 2:59 Vera Brasil - Sivan Castelo Neto
Tema Para Recordação 2:54 Vera Brasil – Myriam Ribeiro


LP “ANTES QUE VOCÊ DIGA QUALQUER COISA SOBRE MÚSICA BRASILEIRA" 
Selo : Revelation Records, EUA, 1975


LP "TEMA DO BONECO DE PALHA"
Selo : Sonorama Records, Dusseldorf, Alemanha, 2006


Vera Brasil nasceu em 07 de maio de 1932 no bairro paulistano de Perdizes e faleceu em Araçoiaba da Serra, interior paulista, no dia 18 de julho de 2012 aos 80 anos de idade. Morava há 20 anos numa casa de madeira construída sob a sua supervisão, que chamava de "minha casa no campo", em homenagem à sua grande amiga Elis Regina.
Na chácara de 1.300 m2, rodeada de verde, grilos à noite e pássaros de manhã, e muita paz em volta, Vera "plantou amigos, mapas astrais, aulas de inglês, novas composições, discos, livros e nada mais".


Compôs perto de 100 obras, algumas ainda inéditas.
A Música, a Harmonia e o Violão foram as âncoras de sua carreira vitoriosa.
Talento multimídia. 

Compositora. Profesora de violão e harmonia. Fotógrafa. Produtora de Audiovisuais e Shows musicais. Astróloga. Professora de inglês. Tradutora de livros franceses de astrologia...


No final dos anos 70, com a colaboração da cantora Márcia e da pianista Maria Eugênia Pacheco de Brito (suas sócias na Escola PLAY), criou o Método de Ensino Livre de Música, material da mais alta relevância cultural e educacional no campo da música brasileira. O método, ainda atual, tem potencial para revolucionar e universalizar o aprendizado de música no Brasil, especialmente a MPB. Vera desenvolveu o método em sua escola PLAY, na capital de São Paulo, onde deu aulas durante mais de 10 anos. A nomenclatura foi criada pela própria Vera, uma forma descomplicada de aprender música, que torna o ensino compreensível para pessoas de todas as classes sociais e níveis de percepção musical. Ë o equivalente a métodos de ensino da Matemática que fazem o aluno gostar da matéria. Quem gosta aprende mais depressa e pode fazer da música uma profissão.. 


PLAY
Sobre a escola PLAY, contemporânea e rival da escola do Zimbo Trio, segue o texto de matéria publicada no Caderno Mulher, da Folha de São Paulo, página 11, no dia 19 de dezembro de 1982, sob o título "Uma escola de música diferente" , que revela a originalidade da proposta da Vera de ensinar música com psicologia. 

"Tocar qualquer instrumento pode ser um verdadeiro suplicio mesmo para o aluno mais entusiasmado com a música. O festival de escalas e exercícios muitas vezes tira o estímulo do estudante e o afasta definitivamente dos seus sonhos artísticos. É a popular teoria atrapalhando a prática. 

Entretanto, uma compositora famosa, do tempo da bossa-nova, Vera Brasil, criou, junto com outras mulheres - a cantora Marcia e a pianista Maria Eugênia Pacheco de Brito - um método experimental que ensina a cantar, a tocar violão, piano, bateria, flauta ou contra-baixo, só recorrendo à teoria quando ela é extremamente necessária.

"- É o pulo do gato" - garante Vera Brasil, "pois o aluno não fica horas e horas solfejando diante de um livro. A não ser que se dedique ao canto com outros objetivos.". Na escola de Vera, a PLAY, o aluno, antes de começar a tocar qualquer instrumento faz um teste de lógica, ou seja, um tipo de teste psicológico ou de aferição de quociente intelectual, para que a escola possa acompanhá-lo. É através desse teste que Vera e as outras professoras ficam sabendo qual o grau de interesse do aluno pela música, seu nível de conhecimentos gerais, sua capacidade de coordenação motora, seu potencial de concentração, etc. Sem dúvida alguma, um método bastante original. E que tem dado certo. "Porque o importante" - frisa Vera - "não é abarrotar o aluno, seja criança ou adulto, de teorias que estão longe de sua capacidade de aprendê-las."

“O mais sensato mesmo” – continua Vera – “é que os professores, conhecendo o estudante como uma pessoa, possam dar a cada um o necessário para desenvolver suas aptidões musicais.”

Vera Brasil pode não ser conhecida do público mais jovem mas todo mundo com mais de 30 anos se lembra da compositora e cantora que, em 1965, no Festival da MPB da TV Excelsior, estourou com a música "Eu só queria ser" (em parceria com Myriam Ribeiro), apesar do 3o lugar. No ano seguinte, na mesma emissora, Vera estava lá, só que dessa vez conseguiu o 2o lugar com "Inaê" (em parceria com Maricenne Costa). E dois anos depois (1968), na TV Record, foi a mais vaiada porque se apresentou acompanhada de música eletrônica e desceu de uma nave espacial. E, naquele tempo, ser vaiado em festival dava o maior status...
Mas esta compositora-cantora, filhe do compositor, maestro, arranjador, harmonizador, sonoplasta, letrista, empresário e pianista Sivan Castelo Neto, aprendeu desde cedo que viver de música neste país é muito duro. Mas não impossível. Ensinar pode ser uma saída tão gratificante quanto ser aplaudida (ou vaiada) pelo público. O importante é continuar fazendo só o que gosta. Música todo dia. Para si e para quem curte."  

Quem conheceu Vera Brasil
A arte e a música da Vera Brasil tocaram a sensibilidade de muitos artistas, músicos, produtores, jornalistas e profissionais da comunicação, principalmente entre o final de 1950 e 1992. Entre os citados a seguir, cujos nomes foram extraídos de uma relação mais extensa, praticamente todos foram amigos pessoais, muitos foram parceiros e/ou intérpretes de suas músicas em shows e gravações de discos : Leny Eversong, Elizeth Cardoso, Myriam Ribeiro, Pedrinho Mattar, Maria Eugênia Pacheco de Brito (pianista), José Luiz Mazziotti e Elody Barontini (ex-alunos lançados por Vera no “Canto Terço”, casa de show da qual Vera foi diretora musical), Claudete Soares, Eumir Deodato, a cantora e compositora Maricenne Costa, Elis Regina, Jair Rodrigues, Geraldo Vandré, Johnny Alf, Maysa, Oscar Castro Neves, Walter Wanderley, a cantora Márcia, Gilberto Gil, Hilton “Gogô” Valente, a cantora Simone, a cantora portuguesa Simone de Oliveira, a cantora angolana Mara Abrantes, Marisa “Gata Mansa”, Toquinho, Paulinho Nogueira, Rosinha de Valença, Sivuca, Neide Fraga, Lennie Dale, Ivon Curi, Richard Stolzman, Osmar Milito, Manoel Carlos, Cidinha Campos, Nilton Travesso, Chico Pinheiro, Adilson Godoy (do Zimbo Trio), Fernando Faro,  Tito Madi, Rita Lorenzato (produtora da WebRadio do Centro Cultural São Paulo), a poetisa Stella Carr  e a letrista Sônia Avelar, as cantoras Ana Lucia, Morgana e Maria Odete, os cantores Nilson e Geraldo Cunha, o colunista Mauro Pires, o jornalista Moracy do Val, o produtor e radialista Walter Silva (Picapau), o pesquisador e produtor Zuza Homem de Mello, os produtores Lafayette e Haya Hohagen, Milton Banana, o maestro e pianista Laércio “Tio” de Freitas, os maestros e arranjadores Cesar Camargo Marano e  Erlon Chaves, Vaniza Santiago, a cantora Célia, Omar Izar, Ivan Lins, Mauro Senise, Walter Santos, Tereza Souza, Ayrto Moreira, Nivaldo Ornellas, Paulo Vanzolini, Taiguara, Gonzaguinha, João Máximo, Artur Xexeo, Goulart de Andrade, Paulo Cotrim, Franco Paulino, Theo de Barros, Djalma Dias, Moacyr Silva, André Penazzi, Manfredo Fest, o saxofonista Juarez, Dick Farney, Moacyr Silva, Paulo Moura, Reginaldo Bessa, Boni, Ugo Marotta, Hermeto Paschoal, Vadim Arsky (parceiro), Luiz Carlos Vinhas, Tião Neto, Roberto Menescal, Wanda Sá, Os Cariocas, Chico Feitosa, Durval Ferreira, Luizinho Eça, os componentes do Jongo Trio e muitos mais, a quem peço desculpas por deixar de citar, por falha de memória ou falta de espaço.


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PINGO DE ÁGUA VALE OURO

Postado por Berto Filho

Li no O Globo de hoje e levei um hook no fígado.
Caminhão-pipa lucra com venda de água: compra por R$ 32 e vende por R$ 4mil


Diferença de 12.181% revolta moradores de bairros do Rio que sofrem com a falta de água desde quinta-feira

Água pela hora da morte. Pingo d'água vale mais que ouro, petróleo e diamante na mangueira do caminhão-pipa. Dono de caminhão-pipa que cobra esse preço é traficante de água. 
Ahhhh se a moda pega em cidades da baixada litorânea, como Cabo Frio, que recebem uma superpopulação flutuante de visitantes nos feriados prolongados, festas de fim de ano e carnavais...
Será que não cabe ao consumidor processar a CEDAE para reembolsar a diferença paga ao "traficante" da água da própria Cedae ?  A Cedae não está sendo conivente ? 

Leia a matéria coletiva dos jornalistas Gabriel Menezes, Gustavo Goulart e Maira Rubim


Caminhões-pipa no posto da Cedae, na Avenida Presidente Vargas - Marcos Tristão / O Globo

A cerca de um quilômetro de distância da casa da comerciante comerciante Elzira Cristina Botelho Lambertini, no Rio Comprido, fica o posto de abastecimento de água da Cedae, na Avenida Presidente Vargas, onde donos de caminhões-pipa estão formando filas para recarregar seus veículos e atender a centenas de chamados da parte dos cariocas que continuam vivendo sem uma gota de água desde que o sistema de tratamento de Guandu parou para manutenção, na quinta-feira. Elzira, de 55 anos, desistiu de tentar um caminhão por telefone, pegou o carro e foi para lá negociar. Saiu do posto acompanhando um caminhão, cujo proprietário não deixou barata a prioridade dada à Cristina: cobrou R$ 4 mil por 10 mil litros de água. Antes, ela pagava até R$ 900. A Cedae informou que a mesma quantidade é vendida a R$ 32,57. A diferença é de 12.181%. O presidente da Cedae, Wagner Victer, criticou o valor cobrado aos consumidores:

— É um roubo. É lamentável que as pessoas se aproveitem dessa situação para ter esse lucro absurdo. Infelizmente, o mercado de carros-pipa não é regulado - afirmou Victer.

Elzira disse que, se for preciso, irá à Justiça para garantir o direito à água.
— Antes era R$ 800, R$ 900, na sexta estava por R$ 1.500 e hoje, R$ 4 mil. Isso é um absurdo. Mas não vivemos sem água e já não suportamos mais essa situação. Meu neto, que mora na Rua Doutor Satamini, onde também não tem água, veio passar o domingo comigo. O síndico do prédio nem sabe que eu estou comprando, mas, se for o caso, vou até a Justiça para garantir o nosso direito de ter água. Estou revoltada. Alguma coisa muito séria está acontecendo. Não pode ser somente manutenção — desabafou Cristina, que mora no edifício Vivance, que tem nove andares e 72 apartamentos, na Rua Aristides Lobo, no Rio Comprido.

O GLOBO ligou para a empresa de transporte de água Pipa´s D´água para saber da oferta e demanda do serviço. Ao perguntar o preço do caminhão com 10 mil litros, a atendente respondeu que em período de falta de água não há valor fixo.
- Quem encomendar vai precisar esperar. Tem uma fila grande de espera.
- Quantas pessoas estão na frente?
- Não posso dizer isso ao senhor.
- Mais de cem pessoas?
- É por aí.
- Qual o valor?
- O valor é combinado quando chega a vez do cliente.
- Mas não tem preço fixo?
- Em época de falta d'água não tem preço fixo.

O advogado especializado em Direito do Consumidor, Marcelo Nogueira, disse que se ficar comprovado que a interrupção do abastecimento d'água era de fato inevitável, a empresa não pode ser punida. No caso das empresas, a conduta viola o código de Defesa do Consumidor que proíbe empresas de obter vantagens excessivas do consumidor ou cobrar a mais por mercadorias e serviços sem justificativa. Segundo ele, este seria o caso já que há oferta de água nos pontos de abastecimento, mas as empresas se aproveitam do consumidor :

- O consumidor pode até mesmo entrar na Justiça solicitando o ressarcimento pelos valores cobrados de forma excessiva.

A Cedae não sabe precisar quantos bairros ainda estão desabastecidos, mas o GLOBO recebeu reclamações de moradores de Flamengo, Botafogo, Lapa, Bairro de Fátima, Tijuca, Maracanã, Vila Isabel, Laranjeiras, Cosme Velho, entre outros, que ainda sofrem com a falta de água. Nas redes sociais, há também queixas de Santa Teresa e do Catumbi.

O presidente da Cedae afirmou que 98% da cidade estão com o fornecimento de água normalizado. E garantiu que até o fim desta noite a situação deverá estar completamente controlada. Ele voltou a dizer que a paralisação da Estação de Tratamento de Guandu ocorreu para uma grande operação de manutenção preventiva “que é feita uma vez por ano para evitar problemas durante o verão, quando a demanda de água é maior”. Segundo ele, foram feitos cerca de 150 serviços no Rio e na Baixada, desde a inspeção, limpeza e trocas de peças até o remanejamento de redes inteiras por conta de obras, como as do BRT, por exemplo.

— Foram seis meses planejando essa operação para evitar o menor impacto possível na população. A estação foi religada 24 horas depois, como estava previsto, mas diferentemente da energia elétrica, o fornecimento da água não é imediato. Após a ligação, pois ela precisa chegar até as subestações — disse Victer.

Ele ressaltou que a paralisação do sistema provoca problemas pontuais pela cidade e que, por isso, ainda há usuários sem água. No Maracanã, por exemplo, houve o vazamento numa rede, que foi consertado na manhã deste domingo. Como a subestação teve que ser desligada, o abastecimento dos bairros da Grande Tijuca, além de trechos de Santa Teresa e de Laranjeiras foi prejudicado. A previsão é de que, até o fim da noite, o serviço esteja normalizado.

— Não há regiões específicas da cidade que estejam sem água. Há problemas pontuais, que estão registrados e reparados. Sou morador da Ilha do Governador e também fui afetado com a falta de água, mas lá a situação está normalizada desde ontem — disse.




sábado, 26 de outubro de 2013

PRIMEIRO NARCOESTADO OFICIAL DO MUNDO

Postado por Berto Filho
O post que precede este é "Um presidente invejado"
Agora, uma outra opinião sobre o presidente do Uruguai e o projeto de legalizar o uso da maconha em seu país
Autor : Reinaldo Azevedo, colunista da Veja e blogueiro
Data : 05 de outubro de 2013



O mal-ajambrado José Mujica quer transformar o Uruguai no primeiro narcoestado oficial do mundo; maioria da população é contra

A banalidade num velho, disse o poeta Antero de Quental, é tão constrangedora quanto a gravidade numa criança. É o que me ocorre dizer quando penso na cara, nas roupas e, sobretudo, nas ideias mal ajambradas desse patético José Mujica, presidente do Uruguai, que propôs — e conseguiu, já que dispõe de folgada maioria na Câmara — a aprovação de um projeto que vai muito além de legalizar a maconha: o texto estatiza a droga. Assim que for aprovado no Senado — também controlado pelos governistas —, o Uruguai será, atenção!, o primeiro país do mundo a transformar o estado no monopolista oficial de uma substância psicotrópica. Sim, sim, haverá lá um sistema para cadastrar os usuários, que terão direito a uma quantidade limitada da substância e coisa e tal. Pergunta óbvia: o que impedirá um não viciado (ou “não usuário”, na linguagem politicamente correta) de se cadastrar, receber a substância e vender a um outro que quer queimar muito mais mato do que a cota legalmente oferecida?

É um absoluto despropósito. Não, no entanto, se lermos boa parte do que publica a imprensa brasileira, majoritariamente favorável à descriminação das drogas. Um desses textos que provoca engulhos, tal a estupidez militante, afirmava o caráter “vanguardista” do país que já aprovou o casamento gay e descriminou o aborto e que, agora, quer legalizar — o certo, reitero, é “estatizar” — a maconha! Matar fetos e queimar mato, pelo visto, são elementos de um mesmo paradigma… Santo Deus!

Mujica, o mal-ajambrado do paletó às ideias, argumenta, a exemplo de todos aqueles favoráveis ao liberou-geral, que a medida contribuirá para diminuir o poder do narcotráfico. E as outras drogas? Ele pretende estatizar a cocaína e o crack também?

Ainda que a maioria dos parlamentares seja favorável à medida, a maioria dos uruguaios é contra. Pesquisas indicam que 63% se opõem à estatização da droga. Mujica já tem uma explicação: diz que isso se deve ao fato de haver muitos velhos no país, que não entenderiam a cabeça dos jovens…

Durante um bom tempo, leis bancárias muito particulares fizeram do Uruguai uma espécie de paraíso fiscal da América Latina. Muitos salafrários do continente enviavam para lá o dinheiro que roubavam em seus respectivos países. Agora, Mujica quer que o Uruguai se transforme, sob o pretexto de ter uma legislação moderna e avançada, no primeiro narcoestado oficializado.

Dada a resistência da população e com a popularidade em queda, o presidente fala agora em fazer um referendo. Segundo diz, a maioria dos uruguaios só se opõe à proposta porque não está bem informada a respeito.

Se tal lei for aprovada, imaginem o tipo de turista que o país passará a atrair… A consequência óbvia de uma lei assim será o aumento da demanda por outras drogas, o que fortalecerá o narcotráfico e o ciclo da violência — que está em alta no país, especialmente em Punta del Este, o paraíso turístico.

Que se note, para encerrar: o consumo da maconha já é amplamente tolerado no Uruguai — a exemplo, diga-se, do que ocorre no Brasil. É mentira que maconheiro vá para a cadeia lá ou aqui. A conversa sobre a descriminação (aqui) e sobre a estatização (lá) é só um passo a mais que a cultura da legalização plena das drogas pretende dar.

Aliás, esse é o mal disfarçado e óbvio intento dessa gente. Afinal, se o proclamado objetivo é pôr fim ao poder do narcotráfico, é evidente que isso só se realiza com a legalização de todas as drogas, não só da maconha.

Ainda não decidi o que é maior nessa gente: a má-fé ou a estupidez. Quanto a Mujica… Ele acha que a maioria dos uruguaios é contra porque haveria velhos demais no país. Este patético senhor está com 78 anos. No seu caso, como se vê, o mal não está em pensar como um velho, mas em pensar como um idiota.

UM PRESIDENTE INVEJADO

Postado por Berto Filho

O presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, deve ser um político invejado. Não por ser o presidente da Suiça sul-americana mas pela capacidade de ser humilde, despojado e simples, como deveriam ser os políticos que querem mesmo servir aos seus pobres ricos povos. 
Esse bom velhinho pode te sido um guerrilheiro tupamaro violento, pode ter matado e ferido muito inimigos, não sei sobre o seu passado, O que importa é o que ele faz no presente e o que lega para o futuro. Mas não acredito que o exemplo venha a ser seguido por políticos brasileiros. Aqui a ganância e a safadância dão as cartas.

A mídia brasileira, metida até o último fio de cabelo no consumerismo irracional (TVs, revistas, jornais e blogs vivem de venda de espaço para anunciantes que forçam a venda de produtos que o consumidor não precisa e muitas vezes não tem dinheiro nem crédito para consumir), tem escondido o sr. Mujica no fundo do baú. Afinal, ele é o inimigo público número 1, aliás, 2 (o nro 1 é o Papa Francisco, que o considera um sábio) dos intervalos comerciais, do consumo de luxo, da ostentação, da espetaculosidade do poder.

Segue abaixo um texto a respeito do sr. Mujica que recebi por e-mail de um amigo que o admira e prefere o anonimato.

José Mujica e seus cães de estimação na casa onde mora

"Eu não sou pobre! Pobres são aqueles que acreditam que eu sou pobre. Tenho poucas coisas, é certo, as mínimas, mas apenas para ser rico. Quero ter tempo para... dedicá-lo às coisas que me motivam. Se tivesse muitas coisas, teria que me ocupar de resolvê-las e não poderia fazer o que eu realmente gosto. Essa é a verdadeira liberdade, a austeridade, o consumir pouco. Vivo em uma pequena casa, para poder dedicar tempo ao que verdadeiramente aprecio. Senão, teria que ter uma empregada e já teria uma interventora dentro de casa. Se eu tivesse muitas coisas, teria que me dedicar a cuidar delas, para que não fossem levadas... Não, com três cômodos é suficiente. Passamos a vassoura, eu e a velha, e já se acabou. Então, temos tempo para o que realmente nos entusiasma. Verdadeiramente, não somos pobres!”

QUEM É JOSÉ MUJICA?
Conhecido como “Pepe” Mujica, o atual Presidente do Uruguai recebe USD$12.500/mês (doze mil e quinhentos dólares mensais) por seu trabalho à frente do país, mas doa 90% de seu salário, ou seja, vive com 1.250 dólares, cerca de R$2.538,00 reais ou ainda 25.824 pesos uruguaios. O restante do dinheiro ele distribui entre pequenas empresas e ONGs que trabalham com habitação.
“— Esse dinheiro me basta e tem que bastar, porque há outros uruguaios que vivem com menos”, diz o presidente Mujica.
Aos 77 anos, Mujica vive de forma simples, usando as mesmas roupas e desfrutando da companhia dos mesmos amigos de antes de chegar ao poder.
Além de sua casa, seu único patrimônio é um velho Volkswagen, cor celeste, avaliado em pouco mais de mil dólares. Como transporte oficial, usa apenas um Chevrolet Corsa. Sua esposa, a senadora Lucía Topolansky, também doa a maior parte de seus rendimentos.
A poucos quilômetros de Montevidéu, já saindo do asfalto, avista-se um campo de acelgas. Mais à frente, um carro da polícia e dois guardinhas: o único sinal de que alguém importante vive na região. O morador ilustre é José Alberto Mujica Cordano, conhecido como Pepe Mujica, presidente do Uruguai.




Perguntado sobre quem é esse Pepe Mujica, ele responde: “— Um velho lutador social, da década de 50, com muitas derrotas nas costas, que queria consertar o mundo e que, com o passar dos anos, ficou mais humilde, e agora tenta consertar um pouquinho de alguma coisa”.
Ainda jovem, Mujica se envolveu no MLN — Movimento de Libertação Nacional e ajudou a organizar os tupamaros, grupo guerrilheiro que lutou contra a ditadura. Foi preso pela ditadura militar e torturado. “— Primeiro, eu ficava feliz se me davam um colchão. Depois, vivi muito tempo em uma salinha estreita, e aprendi a caminhar por ela de ponta a ponta”, lembra o presidente uruguaio. Dos 13 anos de cadeia, Mujica passou algum tempo em um prédio, no qual o antigo cárcere virou shopping. A área também abriga um hotel cinco estrelas. Ironia para um homem avesso ao consumo e ao luxo.
No bairro Prado, a paisagem é de casarões antigos, da velha aristocracia uruguaia. É onde está a residência Suarez y Reyes, destinada aos presidentes da República. Esse deveria ser o endereço de Pepe Mujica, mas ele nunca passou sequer uma noite no local. O palácio de arquitetura francesa, de 1908, só é usado em reuniões de trabalho.




Mujica tem horror ao cerimonial e aos privilégios do cargo. Acha que presidente não tem que ter mais que os outros. “— A casinha de teto de zinco é suficiente”, diz ele. -“Que tipo de intimidade eu teria em casa, com três ou quatro empregadas que andam por aí o tempo todo? Você acha que isso é vida?”, questiona Mujica.
Gosta de animais; tem vários no sítio. Pepe Mujica conta que a cadela Manoela perdeu uma pata por acompanhá-lo no campo, e que ela está com ele há 18 anos.

A vida simples não é mera figuração ou tentativa de construir uma imagem, seguindo orientações de um marqueteiro. Não, ela faz parte da própria formação de Mujica.
No dia 24 de maio de 2012, por ordem de Mujica, uma moradora de rua e seu filho foram instalados na residência presidencial, que ele não ocupa porque mora no sítio. Ela só saiu de lá quando surgiu vaga em uma instituição. Neste início de inverno, a casa e o Palácio Suarez y Reyes, onde só acontecem reuniões de governo, foram disponibilizadas por Mujica para servir de abrigo a quem não tem um teto. Em julho de 2011, decidiu vender a residência de veraneio do governo, em Punta del Este, por 2,7 milhões de dólares. O banco estatal República a comprou e transformará a casa em escritórios e espaço cultural. Quanto ao dinheiro, será inteiramente investido – por ordem de Mujica, claro – na construção de moradias populares, além de financiar uma escola agrária na própria região do balneário.
O Uruguai ocupa o 36ª posição do ranking de Educação da Unesco, enquanto o Brasil ocupa a 88ª posição. Já no ranking de Desenvolvimento Humano o Uruguai ocupa o 48º lugar, enquanto o Brasil ocupa o 84º lugar. Enquanto isso no Brasil, políticos reclamam que recebem um salário baixo para o cargo que exercem. 


Mujica é um homem raro, nesses tempos de crise de valores morais e de ética, dentre os políticos sul-americanos.
Seria bom que os políticos brasileiros se espelhassem nele. Os brasileiros têm que saber como deve ser um político de verdade, que trabalha em favor do povo, e não de sua própria ascensão.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

PUTIN, MARINA SILVA E AS VELHAS RAPOSAS DA POLÍTICA BRASILEIRA

Postado por Berto Filho
Autor : jornalista Denis Kuck
Artigo publicado no periódico "O Peru Molhado", edição 1164, de 18 a 25 de outubro de 2012



Nada do que foi será, há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha sua vã filosofia e o mundo não é tão simples como os petistas acreditam. Veja o caso do Prêmio Nobel da Paz deste ano, concedido para uma sigla que faz pouco tempo quase ninguém tinha ouvido falar, a Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas). No ano passado, aliás, uma sigla também foi agraciada com a condecoração, a UE (União Europeia).
A Opaq é o organismo criado para implementar a Convenção sobre Armas Químicas, em vigor desde 1997. A organização ganhou o Nobel por sua missão nobre e valiosa, livrar o mundo da ameaça deste tipo de armamento. Mas a Opaq realmente só foi lembrada pois recentemente foi designada para supervisionar a destruição do arsenal químico da Síria, país envolvido em um conflito entre governo e rebeldes que desde 2011 já matou cerca de 100 mil pessoas, segundo a ONU.
A presença da organização no país árabe evitou algo que chegou muito próximo de ocorrer e ninguém queria. Uma operação internacional, liderada pelos Estados Unidos, para derrotar o regime do ditador sírio Bashar al Assad, acusado de perpetrar um ataque com armas químicas na periferia de Damasco que deixou mais de mil mortos.
O acordo para impedir (ou adiar?) uma intervenção americana foi costurado por um aliado histórico da Síria, a Rússia, que desde o início do conflito vem bloqueando no Conselho de Segurança da ONU a aprovação de ações mais fortes contra o regime de Assad.
Com a sombra da opinião pública, da invasão do Iraque e da guerra do Afeganistão pesando sobre sua cabeça, os Estados Unidos se agarraram ao pacto proposto por Moscou: cancelar uma operação bélica e enviar uma missão para destruir as armas químicas do governo sírio (os grupos opositores do país, por outro lado, não se mostraram tão entusiasmados e disseram que nada mudará no conflito…).
O homem que impediu uma possível guerra, com a ajuda preciosa de seu chanceler, foi portanto o truculento presidente da Rússia, Vladimir Putin. Seria ele então merecedor do Prêmio Nobel da Paz?
Instituições russas, inclusive, o indicaram para receber a honraria. Putin não venceu, é verdade, mas de certa forma o Nobel da Paz premiou seus esforços e o fortaleceu. O histórico do governante, no entanto, parece mais propenso a levá-lo para um tribunal dos direitos humanos.

Putin governa com mão de ferro a Rússia desde 1999, alternado-se no cargo de presidente e primeiro-ministro. O governante, na virada de 1999 para 2000, na época como primeiro-ministro, liderou as forças russas na sangrenta guerra independentista da Chechênia, marcada por atrocidades praticada por ambos os lados.


Além disso, Putin vem pouco a pouco esmagando as vozes contrárias a sua autoridade e muitos oposicionistas chegam a ser presos, caso do ex-enxadrista Garry Kasparov, o que mereceu uma condenação do Tribunal de Direitos Humanos da Europa. Além disso, uma medida recente determinou a aplicação de pesadas multas para quem participar de manifestações não autorizadas.


Um caso marcante foi a detenção das integrantes do grupo Pussy Riot, condenadas a dois anos prisão por fazerem uma performance não permitida com críticas a Putin em um templo religioso. E mais recentemente, a prisão dos ativistas do Greenpeace que protestavam contra a exploração de petróleo no Ártico.Para não falar na aberração que a Rússia se transformou por sua política anti-gay: o Parlamento aprovou uma lei que proíbe “propaganda homossexual”, ambiguidade que na prática permite uma série de arbitrariedades, paradas gays foram consideradas ilegais e crianças russas não podem mais ser adotadas por casais homossexuais e por solteiros que vivem em países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legalizado.

Muitos analistas afirmam que a democracia não chegou de fato à Rússia, que viveria numa mistura de capitalismo selvagem e czarismo com ranços soviéticos.
Uma escolha do Nobel sem tantos nuances seria para aquela que era considerada a favorita até o anúncio do prêmio, a menina paquistanesa Malala Yousafzaim, que sobreviveu a um atentado cometido pelos talibãs por defender a educação das mulheres em seu país.
Vivendo atualmente no Reino Unido, por sua bela trajetória de vida, Malala virou um símbolo mundial em prol dos direitos humanos. Numa era midiática, talvez o senão de Malala seja a intensa exposição de sua figura (já ganhou diversos prêmios, visitou a Casa Branca, disse que gostaria de ser primeira-ministra do Paquistão…), o que lhe dá um ar de extrema inocência e pureza. Uma espécie de Marina Silva.


Mas pensando bem, até nossa querida ambientalista renunciou ao posto de Madre Teresa de Calcutá (laureada com o Nobel em 79!) para se aliar às velhas raposas da política nacional…

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O EXEMPLO DE GALIOTTO

Postado por Berto Filho
Entre as várias pessoas, interessantes por sua história, que conheci em Cabo Frio, cidade onde moro atualmente, faço questão de trazer para este blog, com merecido zoom por seu valor como gente e empreendedor, o ambientalista gaúcho Ernesto Galiotto, apresentado a mim pela jornalista e escritora Tati Bueno, minha amiga de tempos imemoriais.
Um dos méritos desse visionário realista, que foi pedreiro, servente, mestre de obra, construtor civil e corretor de imóveis, é o de ter sido o pioneiro na produção de música clássica em Cabo Frio. Um contraste considerável com suas origens rurais. Em 1987, a convite dele, o maestro Isaac Karabtchevsky, seu amigo desde a década de 70, abriu o concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira na Marina do Canal com ”O Guarany”, de Carlos Gomes e encerrou com “Bolero”, de Ravel, sob fogos de artifício e muita emoção. 
Um momento único na história dos espetáculos de massa em Cabo Frio. 
Retomando o velho hábito de cultivar a boa música na cidade, Galiotto marcou para depois de amanhã, sábado, 26, às 20:30 hs, um evento muito especial de música clássica para inaugurar o Terraço Cultural e Fotográfico que leva o nome de sua saudosa esposa, Noris Carmen Galiotto, e, ao mesmo tempo, comemorar os 30 anos de empreendimentos e 92 projetos culturais, ambientais e filantrópicos de sua autoria.
O Terraço Noris Galiotto, o mais novo espaço cultural da cidade, foi levantado sobre um prédio de 2 andares na parte de trás do terreno onde fica situada a Adega Galiotto, na Avenida Teixeira e Souza, 1.450. Ao fundo desse espaço de arte e enologia, Galiotto “inventou” a Praça Ayrton Senna, fruto de sua perseverança de 16 anos de luta contra a ocupação irregular desse espaço público que impediria o seu uso pela população de uma forma civilizada e tranquila como é hoje. 

A celebração será valorizada pelas performances do violoncelista inglês David Chew, do saxofonista argentino Blas Rivera, da soprano norte-americana Martha Herr e da pianista brasileira Fernanda Canaud. E de uma violinista importante cujo nome será anunciado na hora. Galiotto é assim mesmo, surpreendente, visceral. Personalidade esfuziante, composta de vários rios que hoje deságuam no ambientalismo.
Natural de Flores da Cunha, gremista ferrenho, bisneto de imigrantes italianos agricultores, se criou na roça. Aprendeu a conviver com os animais silvestres que hoje, como ontem, cuida com amor no seu Parque da Preguiça, em Tamoios. Aprendeu a respeitar e defender a natureza muito antes de conhece a palavra ecologia.
Um brasileiro diferenciado. 
Empresário, ambientalista, escritor ("Natureza Intacta & Agredida, 30 Anos de Luta Ambiental", 2008) e um fotógrafo de mão cheia, produtor de um rico acervo de mais de 220.000 fotografias aéreas que registram, em cliques de alta definição, belezas e agressões ; agressões que, vistas do alto, mais parecem estupros, crimes ambientais hediondos cometidos por quadrilhas de bandidos devastadores em extensas áreas dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Groso e Mato Grosso do Sul. Fotos, aliás, muito requisitadas por agências de notícias do mundo inteiro, além de veículos da imprensa nacional e estrangeira e instituições governamentais e privadas. 
Sua aguerrida defesa do meio ambiente me lembra uma zarabatana giratória, envenenada, pronta para ser disparada contra os predadores, mascarados ou não, que se escondem na moita da clandestinidade para dizimar o que Deus criou para o desfrute da humanidade. 
Este impressionante condutor de gente, construtor, ambientalista e mecenas imprimiu suas digitais na promoção de dezenas de concertos de música erudita e shows de MPB em Cabo Frio e em 5 importantes restauros de patrimônio histórico, cultural e religioso em Cabo Frio e outras cidades da região. 

Galiotto é uma instituição. Um homem do bem. Praticante do rigor da ética e do bom senso a qualquer custo. Ousado. Corajoso. Um desbravador. Um guerreiro que sabe defender sua verdade com força moral e dentro da Lei. 

Uma de suas conquistas mais relevantes é a preservação do remanescente da Mata Atlântica na Região dos Lagos. Fez valer os dispositivos legais que hoje impedem o desmatamento e a destruição das dunas e areais. E ainda empreendeu uma ação individual de esclarecimento e educação ambiental junto à população.

Em 1998, em sua propriedade Parque da Preguiça em Tamoios, criou o ECAEV – Espaço Cultural e Ambiental Érico Veríssimo, inaugurado em dezembro de 99 com a presença do escritor Luiz Fernando Veríssimo, filho de Érico. No auditório são feitas palestras e comemorações de datas especiais com projeção de vídeos sobre questões ambientais. Já passarem por lá mais de 42.000 visitantes, em sua maioria, estudantes de escolas da região.

Não satisfeito com o que já fez, está terminando uma obra social, cultural e ambiental no meio da favela do Jacaré, usando mão de obra local que é inserida por ele na plena cidadania e no emprego formal, onde quer que surjam vagas para o aproveitamento desses trabalhadores. 
Vai inaugurar em breve.

Galiotto tem fôlego para muito mais.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

LEILÃO DO PRÉ-SAL LANÇA A PRIVATIZAÇÃO PT

Postado por Berto Filho

Em algum momento ainda impreciso de sua história de pesquisas geológicas, a Petrobrás deu com os costados em reservas gigantescas de petróleo na camada pré-sal, estimadas numa faixa que vai, segundo Dilma, de 8 a 12 bilhões de barris, e a uma profundidade que mete medo só de pensar. Um óleo leve.nobre, tipo Arabia Saudita,  


O leilão do pré-sal é um fato político com grande potencial de fazer carreira na campanha eleitoral.com dividendos maiores, em tese, para Dilma, a menos que surjam motins a bordo nos consórcios vencedores e o modelo de partilha seja alterado, com redução dos poderes da PPSA. 

Em vez do PT demonizar, como sempre fez, a privatização gerenciada pelo PSDB, vai defender o seu estilo diferente de privatizar mantendo as decisões nas mãos do todo poderoso Estado, controlador da Petrobras e da PPSA. Uma nova embalagem para um velho produto.


Recordar é viver. 
Na campanha de 2010, Dilma acusou Serra de ter a intenção de privatizar a Petrobras e o pré-sal. Foi uma tática esperta para jogar no colo do Serra a bomba caseira de uma suposta privatização pra lá de cabeluda pois mexeria com os brios nacionalistas mais arraigados. 

O lema “o petróleo é nosso” ainda é muito sensível e caro, apesar do petróleo estar perdendo glamour como commodity na competição com outras formas de produção de combustíveis e energia.

No vídeo do link abaixo, Dilma fala isso com todas as letras e jura que privatizar (a Petrobras ou o Pre-Sal) é crime. Pois agora, Dilma cometeu o “crime” que atribuía ao concorrente de então. Coerência não é atributo de político no padrão brasileiro. 

https://www.youtube.com/watch?v=vX8allpFVvo      
Em cadeia nacional de TV a presidente Dilma negou que o leilão do dia 21 seja uma privatização clássica (como as que o PSDB fez), que, na visão dela, seria entreguista. Se não foi privatização, foi o que ? 

A própria Dilma responde : “85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isto é bem diferente de privatização.” E mais : “Serão gerados R$ 1 trilhão em 35 anos, 75% para a educação e 25% para a saúde.” 
 Como será possível garantir que esses números serão alcançados ? Dilma ainda não informou. 


A oposição se sente tentada a denunciar que os números estratosféricos alardeados por Dilma seriam uma vaga promessa eleitoreira. Uma justificativa para amenizar o fracasso de um leilão sem concorrentes, Como disse Eduardo Campos, sem que a sociedade tenha sido chamada para entender e opinar. . 


Dilma afirmou que foi um marco histórico. O governo proclama que foi um sucesso. Eduardo Campos, Marina Silva e Aécio Neves, dentro do esperado, contestam, reduzindo o feito a un fracasso. Nessa linha de ataque, talvez quisessem dizer, cada um com suas palavras, que o tal sucesso apregoado por Dilma só seria admissível se tivessem se formado pelo menos 2 ou mais de 2 consórcios porque aí sim haveria disputas acirradas e seria obtido um bom ágio (o ágio foi zero). 

Aécio defendeu os direitos autorais da privatização do seu partido e saudou a conversão do PT à estratégia de desestatização da economia, iniciada no governo Collor e aprofundada nos mandatos de FHC.


A privatização petista pelas bordas, heterodoxa, paradoxal, porque a estatal Petrobras é a xerife do consórcio, tem tudo para ser incluída no cardápio dos temas que vão ser discutidos na campanha da sucessão, conforme comentei no começo deste artigo. Mas é um tema meio elitista, inclusive para pessoas mais esclarecidas, pela difícil compreensão do que seja tirar petróleo de uma camada que fica a 7 km de profundidade no mar. Libra fica a pouco mais de 180 km da costa. Para quem vai trabalhar na empreitada, é uma viagem pra lá de alucinante. 

 Lembra mesmo a viagem sem volta para Marte organizada pela holandesa Mars One, que atraiu perto de 200 mil inscritos. Desbravar a camada de pré-sal talvez seja um desafio mais seguro e com volta...


Apesar do elitismo, as periferias do “Mais Médicos” e do Bolsa Família são facilmente impressionáveis com os trilhões que já jorraram e vão seguir jorrando das bocas de representantes do governo federal, da ANP e da própria Petrobras ao se referirem e este leilão, especificamente, e aos próximos. 

O tempo dirá quem tem razão e se esse tema será decisivo ou não no troca-troca de intenção de voto até 3 de outubro.

O sucesso do modelo depende de como as coisas vão andar entre os membros do consórcio vencedor pelo menos até sair a primeira gota de petróleo e de sua replicação nos futuros leilões do pré-sal.

Mas nem tudo são flores nesse casamento rápido, na delegacia do Hotel Windsor, da Petrobras com 4 solteironas que falam outras línguas. O que não agrada as estrangeiras nessa lua de mel é que a “a Petrobras impõe ser a única operadora e ainda participar com pelo menos 30% do consórcio vencedor, qualquer que seja ele, e concordem ou não os demais integrantes com as condições que forem oferecidas.” 


Outra reclamação é a forte participação do Estado por meio da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), a estatal que será a gestora e fiscalizadora de todas as operações. As 4 casadoiras estranham a participação da PPSA no comitê operacional que vai gerir os negócios, com direito a voto, a veto, a casa, comida e roupa lavada. Brigas de ciúmes podem rolar.

Então, se as coisas são assim mesmo, a presidente Dilma parece estar com a razão quando afirma que não é uma privatização clássica em que o controle total é assumido por empresas privadas, inclusive com financiamento do BNDES, e sim uma gigantesca parceria público-privada na qual o Estado continua comandando o espetáculo.

O casamento vai durar para sempre até que o rateio dos lucros separe os cônjuges ? O amor vai ser eterno enquanto durar ?


Vocês já viram que o lance do governo com esses leilões de arromba vai muito além de 2014. Se Dilma capotar, quem garante que o modelo de partilha não será alterado pelo sucessor que pensa diferente ? Dilma e o PT aceleram o pré-sal no atual mandato de olho na reeleição e no continuísmo.

O MUSEU VAI AO POVO

Postado por Berto Filho

A internet é rica de clips cinematográficos como o da execução do Bolero, de Ravel, numa piscina, e este Rembrandt revisitado em superprodução inusitada. 


Na Holanda, os organizadores do Rijksmuseum tiveram uma ideia pra lá de genial: 
por que não levar o museu até o povo ?
Estavam convencidos de que assim o povo iria visitar o museu.
Escolheram um dos quadros de Rembrandt, Ronde de nuit (1642).
Criaram então uma "mise-en-scène" com os personagens desse quadro e levaram a cena até uma galeria comercial.
Veja a cena:

http://www.youtube.com/embed/a6W2ZMpsxhg?feature=player_embedde


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SAUDADES DE JUNHO

Postado por Berto Filho

Agora mais distantes no tempo, as manifestações de junho podem ser analisadas sem a paixão das ruas incendiadas e à luz de uma campanha presidencial que as próprias manifestações anteciparam, ao romper o statu quo de mansidão de lago azul em que a velha República, que Marina Silva diz ter ganas de enterrar, se refestelava placidamente nos umbrais do Planalto. Marina e Campos criaram o fato novo pós junho que sacudiu Brasilia e tende a ser porto seguro  e voz dos sem partido atrelados ao Rede. O que ainda é pouco para se colocar na fita de largada. 

Dilma se inquieta no trono e aproveita todas as chances que as circuntâncias lhe ofeecem para ocupar a mídia. Como, por exemplo, dar a volta por cima no auge do "surto" privatizante petrolífero. Hoje foi para explicar de forma didática, como uma profesora de ensino médio em sala de aula, as maravilhas que podem acontecer para o povo a partir desse contestado leilão do campo de Libra, acontecimento econômico com feições de ocorrência policial, em plena praia da Barra da Tijuca. O leilão não morreu na praia...

As palavras de ordem contra a corrupção, os partidos que não mais representam organicamente o eleitor mais esclarecido, denúncias de  estádios superfaturados, em defesa da saúde cambaleante, da educação anoréxica, pelo fim do voto secreto, adoção do recall para derrubar políticos inescrupulosos em pleno mandato, um elenco enorme de imperfeições inatas ou adquiridas, safadezas e injustiças que precisam ser extirpadas do comportamnto macunaímico do político brasileiro padrão 2013 ...  tudo isso, de repente sumiu do radar público e da agenda das pessoas que querem refundar o Brasil.  

As longas marchas nas avenidas mais importantes das principais cidades transmitidas ao vivo pela TV Ninja e pelas TVs convencionais entraram num túnel de silêncio que não sei se é de resignação e impotência diante do vazio de respostas ou se é  para recobrar as forças, reorganizar os pleitos e deflagrar novas avalanches em qualquer 7 de setembro fora de calendário.

Primeiro as ruas em festa de paz com famílias inteiras desfilando  solidariedade à faxina de mudança, e no final os shows de pancadaria e depredação coletiva dos black blocs e anarquistas assemelhados. Esse passou a ser o programa favorito da TV naqueles dias. As TVs tinham que pagar cachê ou direito de arena a esses artistas anônimos.   Vão derrubar o quê hoje, onde, que horas ? Tudo marcado pela internet, em cima da hora, para pegar a policia de surpresa, desorientá-la, provocar, dar a primeira bordoada e levar o troco da reação policial, o seu trunfo e troféu para escalar a mídia.. 

As passeatas, que apesentavam um arco ideológico de vários matizes, tons neutros e radicais extremos, e até logomarcas de alguns partidos à esquerda, deixam saudades não só pelo espetáculo proporcionado ao público em casa, que elevou a audiência dos telejornais aos píncaros pela tensão eletrizante dos confrontos corpo a corpo, bomba a bomba, de faixa de Gaza, que poderiam ter feito vítmas fatais.  Coisa de arena romana ou do moderno MMA. A turma queria ver sangue. Dos outros.

Deixam saudades também porque, passada a ira vulcânica, o leito do rio volta ao nível normal, os políticos, com honrosas exceções, não acusam o golpe. agem como se nada tivesse acontecido e tentam se apropriar das melhores bandeiras das ruas como se sempre tivessem sido propriedades deles. É o que se ouve e se vê nas chamadas publicitárias de partidos, verbalizado por notórios políticos profissionais de carteirnha que apostam na memóris fraca, na endêmica esperança de um futuro melhor e na disposição fisiológica, do eleitor, de negociar o seu voto, de trocá-lo por uma promessa de emprego ou pela prestação de um favor crucial.

O fato é que as  manifestações esmoreceram em magnitude, ficaram pontuais, perderam a abrangência do coletivo, tornaram-se corporativas como essas dos profesores do Rio.
O "Fora Cabral" já vai longe, desmantelaram os acampamentos na frente do prédio onde mora o governador. Os seguidos, quase diários entreveros e quebra-quebras nas vizinhanças do Palácio Guanabara de nada adiantaram. O governador cotinua lá, talvez menos eufórico, menos arrogante mas nunca desistirá de ser um político e disputar eleições. Nasceu para isso. Como todos aqueles que querem ocupar as cadeiras dos palácios de governos em todas os municípios, estados e no Pnalalto.

Os políticos brasileiros, mais uma vez, com honrosíssimas exceções, não parecem estar precupados com o fim da pobreza e sim com o seu aumento, pois pobre dá voto e voto dá poder. Como disse o Papa Francisco a um jornalista americano do canal MSNBC, numa entrevista em vídeo que não foi exibido, "já não há pobres a ajudar, porque foram empobrecidos permanentemente e agora são propriedade dos políticos. E algo que me irrita profundamente é o fato dos meios de comunicação observarem o problema sem conseguir analisar o que o causa. O povo empobrece e, logo em seguida, vota em quem os afundou na pobreza."  Notem, é o Papa quem disse.

Voltando à rica mobilização de junho, estimulada pelo Papa  Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude. No começo, as caminhadas de multidões rendiam dividendos democráticos  imediatos, inclusive o sagrado exercício do direito de livre manifestação pública do seu inconformimo. Jurava que era uma mega-sena de bondades políticas arrancadas a forceps na boca do caixa do Congresso. Era o clamor das ruas e faca na garganta dos políticos. Mas os manifestantes cansaram, deixaram cair a faca e os polítics voltaram a falar grosso e a não mais temer as ruas. É o que se constata, infelizmente. Muito pouco do que o povo pedia foi dado. O Congresso, Renan à frente,  fez um showoff de arrependimento, derrubou umas PECs nocivas, aprovou algumas benfeitorias, cantou o Hino Nacional e ficou aí.

Para encerrar, uma rcomendação :  todos os que se consideram  políticos com P maiúsculo deveriam ler o memorável discurso do sábio presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, feito na ONU durante a Assembleia Geral  Quem diz que ele é sábio também é o Papa.
Esse Papa me faz amar a Argentina. Se ela ganhar a Copa no Brasil, pelo Papa não vou achar ruim.

No Google você acha o discurso de José Mujica no link
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/mundo/noticia/2013/09/leia-a-integra-do-discurso-de-jose-mujica-na-onu-4281650.html

A ECONOMIA NO BREJO

Postado por Berto Filho
Artigo publicado pela jornalista Suely Caldas no jornal "O Estado de São Paulo" em 20 de outubro de 2013
Antecipada em um ano, a campanha eleitoral toma conta da cena nacional. A ela deve se aconchegar a economia, submeter-se humildemente aos interesses políticos dos candidatos orientados pelos marqueteiros que têm um único foco: ganhar eleição e ganhar eleição. Para isso vale sacrificar o que for preciso, inclusive o que foi penosamente conquistado, mas não tem visibilidade eleitoral e ainda carrega nomes esquisitos como câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação, o tripé que sustenta e dá fôlego à macroeconomia e foi alvo de contestações e debates, na última semana, entre os candidatos Marina Silva, Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Do tripé, o mais frágil é o tal superávit primário (economia de dinheiro para pagar juros e conter a expansão da dívida pública). Afinal, ano eleitoral não serve para economizar dinheiro, serve é para gastar e, se faltar para o gasto, contraem-se novas dívidas, produz-se mais dinheiro. É tempo de festa. E, quanto mais animada e rica a festa, mais ludibriado é o eleitor, porque no fim de tudo é ele quem paga as despesas da alegria dos políticos.

A candidata do PT tem intensificado viagens pelo Brasil afora, inaugurando qualquer coisa, usando a máquina do governo para exibir realizações - algumas úteis, outras inúteis, inacabadas e capengas - e escondendo o que parou (a Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco, por exemplo). Viaja quase diariamente, faz discursos, dá entrevistas a rádios locais, mas jura que não transgride a lei que proíbe antecipar campanha eleitoral.


O tucano Aécio Neves e a dupla Marina-Eduardo Campos não têm máquina pública nem obras para inaugurar, mas cutucam e provocam Dilma, a líder nas pesquisas, e passaram ainda a criticar-se entre si na disputa pelo segundo lugar. Com isso, garantem exposição pública. E nesse ringue político, o desmanche do tripé macroeconômico foi o tema mais concorrido na semana.

O maior inimigo eleitoral de Dilma tem sido - e será em 2014 - o fiasco no crescimento econômico. O alívio do 2.º trimestre (o PIB cresceu 1,5%) rapidamente desmoronou e hoje não há, nem mesmo no governo, quem projete uma taxa positiva para o 3.º trimestre. Com isso o PIB pode fechar 2013 em torno de 2%, bem abaixo dos 2,9% projetados para a economia mundial. Os maiores amigos da candidata têm sido a geração de empregos e o aumento da renda salarial (com fôlego mais lento, é verdade, mas ainda crescendo), além do Bolsa Família e outros programas sociais.

Mesmo com uma taxa de investimento patinando em ridículos 18%, Dilma demorou a "descobrir" o que é tão óbvio: sem investimentos, a economia dá pulos, mas não cresce continuamente. Aí ela partiu para um programa de privatizações em infraestrutura, prometendo resultados grandiosos. Mas tropeços, trapalhadas, mudanças, intervenções do governo não permitiram ao programa decolar até agora.

É com a privatização que ela vive o pior dos mundos. Primeiro, porque é - e será na campanha eleitoral - uma palavra maldita, que o PT tratou de demonizar no enfrentamento eleitoral com os tucanos, e agora, na troca de lado, vai responder a acusações que já começaram (o ex-governador José Serra denunciou que o governo entregará o petróleo do pré-sal para o governo da China e petroleiros em greve ameaçam impedir a participação de Dilma no leilão de amanhã).


Em segundo lugar, porque o tratamento que a presidente tem dispensado aos potenciais investidores - ora os tratando como desumanos perseguidores de lucros, ora a eles se rendendo e satisfazendo seus lobbies - causou incertezas e inseguranças até jurídicas tal o zigue-zague de mudanças de regras e miúdas intervenções do governo nas licitações para tentar acertar o que nasceu errado.

É claro que essa atuação desnorteada de Dilma e equipe contribuiu para minar a credibilidade do governo e distanciar o capital privado dos projetos de investimento. Agora o ministro Guido Mantega tenta fazer acreditar que o modelo mudou e voltarão as regras que vigoraram no governo tucano, até o primeiro mandato de Lula. Mas está difícil de convencer.





O MORTO QUE VIVE SEM O DIREITO DE VIVER

Postado por Berto Filho
 
A matéria está no blog do jornalista Ricardo Setti, que escreve na Veja. O artigo é de João Ozorio de Melo, correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos
"Juiz nos EUA decide que homem vivo permanecerá oficialmente morto para sempre. Não é filme nem livro de ficção, é verdade. É surrealismo júrídico."

(Berto)  Será que tem algum caso parecido no Brasil ? Bem, não sei de caso de morto que vive no Brasil sem o direito de viver, mas sei de alguns políticos que já morreram mas continuam vivos e ativos, principlmente em manobras de bastidores e em ano eleitoral. Vivos com o direito de viver e sem prazo para morrer.... Ah, ia me esquecendo... não é a mesma situação, mas tem eleitor morto que vota, que recebe pensão do INSS, que está no Bolsa Família... só que com a identidade trocada. Outros "muito vivos" ocupam seus lugares no mundo dos vivos.

O cidadão Donald Miller, de Arcadia, Califórnia, legalmente morto desde 1994, ficou em pé diante do juiz Allan Davis para ouvir a sentença: não tem mais direito à vida. Aos olhos da lei, Miller, 61 anos, permanecerá morto enquanto viver. Ele perdeu o prazo para requerer a revogação de sua morte.

A lei é clara, explicou o juiz de um tribunal em Fostoria, no Estado norte-americano de Ohio, onde o morto vive agora. O prazo para requerer a reversão de uma decisão de morte é de três anos. Ele demorou muito mais que isso para fazê-lo. Por isso, não pode recuperar seu status de ente vivo agora.

O juiz Allan Davis não teve qualquer dúvida sobre isso. Afinal, ele mesmo assinou a decisão que declarou Miller morto, em 1994, oito anos depois que ele havia desaparecido, observados os prazos regulamentares. Não se pode peticionar nada fora do prazo.

Miller não pode obter carteira de motorista, que nos EUA também serve como identidade. Nem pode recuperar seu registro no Social Security, a previdência social dos EUA. Órgãos públicos não emitem documentos para mortos, depois que a certidão de óbito é expedida.

Também não pode ter emprego fixo nem abrir conta em banco, porque não tem documentos. Não desfruta dos  privilégios do mundo dos vivos. E, a propósito, vive ilegalmente em Fostoria, porque sua certidão de nascimento, que atesta sua cidadania americana, perdeu a validade há anos.

Em contrapartida, ele escapa de certos problemas dos vivos. Nenhum juiz pode, por exemplo, mandar prender Miller por sua dívida estimada em 26 mil dólares de pensão alimentícia não paga à ex-mulher e aos filhos. Mortos não são condenados à prisão.

De acordo com o The Courier e a agência UPI, Miller contou, com sua voz suave, nada tenebrosa, portanto, o que aconteceu. A “culpa” foi da “cachaça” americana. Por causa do alcoolismo, perdeu a família, o emprego, os amigos e o que mais tinha a perder. Saiu “andando pelo mundo” sem destino, sem eira nem beira.

Miller parou de beber por um motivo que os vivos conhecem muito bem: falta de dinheiro. Fez todo o tipo de biscate para sobreviver. Em 2005, quando estava em Atlanta, na Geórgia, as coisas melhoraram. Com algum dinheiro no bolso, voltou para sua terra. Passou primeiro em Arcadia, depois foi para Fostoria. Seus pais lhe deram a notícia: você está legalmente morto, desde 1994.

O arcardiano tentou engajar sua ex-mulher na luta por sua vida, mas não conseguiu. Ao contrário, Robin Miller lutou pela validade da certidão de óbito. Não por acaso: caso a vida do ex-marido fosse restaurada pela Justiça, ela precisaria devolver todos os benefícios que recebeu do Social Security desde a “morte” de Miller. Mesmo assim, ela manifestou a intenção de receber a pensão alimentícia que ele ficou devendo. Só que isso não vai acontecer: mortos não pagam.

“Essa situação é estranha, muito estranha”, reconheceu o juiz ao anunciar sua decisão. O magistrado deixou claro que lei é lei, prazo é prazo. Têm de ser obedecidos, não importa o quê. Mas a decisão pode inspirar a comunidade jurídica americana, bem como a parlamentar, a discutir se o bom senso não faz parte da origem das leis, tal como os usos e costumes. E, portanto, deva ser respeitado.

Alguns advogados acreditam que o primeiro julgamento, o da decisão de que Miller estava legalmente morto, deveria ser anulado. Afinal, seu direito constitucional ao devido processo legal foi violado: ele não foi suficientemente notificado e intimado por um oficial de Justiça de que uma ação judicial fora movida contra si."