quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O BEBÊ DE MARINA

Postado por Berto Filho
Qualquer semelhança com o “Bebê de Rosemary” é mera coincidência. Esse bebê de Marina provocou um furacão nos arraiais do Planalto e do PT, na política nacional e na corrida presidencial.

Foi um casamento com filho na barriga. Juntaram as trouxas. Sem pompa nem circunstância.

Pragmático antes de ser programático. Pragmático para Eduardo Campos que está bem atrás na corrida presidencial e agora, com a companhia da segunda colocada nas recentes pesquisas, emergiu à crista da onda e passou a ocupar espaços de mídia impensáveis graças ao fator Marina. Presença na mídia nacional para ele nesse momento é um presentão de Natal antecipado, que o tira da sombra do anonimato, fora de Pernambuco, a custo zero. Marina já é figurinha fácil na mídia nacional e, portanto, Eduardo sai ganhando.

Casamento pragmático para Marina também porque ela precisava com urgência de um abrigo anti-atômico e de um berço não propriamente esplêndido nem 100% seguro e à prova de intrigas, para embalar o seu clandestino bebê Rede, cuja vida ainda corre o risco de, ao vir ao mundo legalmente, não receber a cesta básica do fundo partidário e do tempo de televisão, que acabam de ser negados aos novos partidos que surgirem no radar, o REDE incluído. A fonte vai secar graças a uma manobra urdida, segundo Marina, no Planalto, consubstanciada na rápida aprovação pelo Senado, de maioria governista, da legislação que nega a novos partidos o direito a tempo de televisão e fundo partidário. Querem matar o bebê de Marina na maternidade ?

Marina identifica no "chavismo" a origem desse comportamento que faz "o diabo" para manter o controle político do país. Uma sabotagem depois da outra. O pragmatismo de Marina poderia ter sido tão histórico e tão nordestino quanto o que a levou às portas do PSB de Campos se ela tivesse optado pelo PPS de Roberto Freire. 

Sem espaço neste post para me aprofundar muito nas raízes, posso dizer que o PPS e o PSB tem um acervo de experiência e tradição política equivalentes, mas, na minha opinião, além de liderar o partido que sucedeu o velho PCB de Prestes – e isso pesa na balança da pontuação -, Roberto Freire hoje é muito mais contundente na oposição do que Campos, que praticamente acaba de desembarcar do governo. Talvez esteja aí o motivo da decisão de Marina : talvez ela quisesse uma saída que não a confrontasse irremediavelmente com o PT – ele tem pedido a prisão imediata dos menssaleiros com uma indignação ímpar -, partido onde Marina escreveu uma parte do seu currículo e por cuja legenda foi ministra de Estado. Mesmo tendo saído do velório no TSE atirando contra o PT e o Planalto, Marina, colocando-se como vítima de uma conspiração hedionda, não quer desprezar a intenção de voto dos que estão no PT e em outros partidos da base. 

Com Roberto Freire, essa pescaria ficaria teoricamente mais difícil. Se aceitasse o noivado com o PPS, um diferencial óbvio seria o acolhimento automático de sua pretensão, nunca desmentida por ela, de se candidatar à presidência já em 2014. Roberto estava de joelhos no altar com um ramo de flores e uma aliança de ouro mas Marina nem se tocou. O que terá havido ?

Outro diferencial é que Marina no PPS seria mais uma no páreo para dificultar a vitória de Dilma no 1º turno. Em tese, a ida para o PSB prejudica a estratégia das oposições porque elimina uma candidatura. Aritmética pura.

Uma conseqüência inusitada do casamento Marina-Campos é o despertar do eterno candidato José Serra, que, parece, não deixará barato no PSDB a disputa com Aécio na convenção. E Serra poderia ter sido a Marina do PPS, mas perdeu o bonde por vaidade. Aécio precisa chamar o Serra para uma conversa...

E se as mordidas no calcanhar de Dilma foram cada vez maiores e perigosas, o grito de “volta Lula” tem chance de emplacar. Muita gente no PT pensa isso mas ainda não diz.

A troca de Campos por Marina na chapa do PSB, por influência das pesquisas, não é admitida agora porque é cedo. Devem ter combinado um discurso único de casamento eterno enquanto as juras de amor, promessas de mútua fidelidade e os interesses políticos convergentes durarem, parodiando Vinicius...

Ambos se dizem empenhados na construção de uma proposta de governo para a sociedade que caia como uma luva nas aspirações sociais levantadas pelas manifestações de rua. Sempre repetirão à exaustão que o casamento é para valer e que nada, intriga nenhuma, como essa do PSB receber o apoio dos ruralistas de Ronaldo Caiado, do DEM, será capaz de separá-los.

Lua de mel turbulenta porque o PSB precisa arrumar uma casa espaçosa para os marinistas sem teto. Essa complicação está apenas começando.

A ansiedade é geral pelo anúncio dos resultados das pesquisas que vêm aí. Provavelmene foram atrasadas para capturar as reações ao fato novo.

Relembrando : nos dias de agonia que antecederam o tiro de misericórdia do TSE no REDE, Marina insistia, impávida, que não tinha plano B. Ou tinha e resolveu esconder de todo mundo, para demonstrar confiança cega na legalização do seu partido. Jogo de cena ?

O casamento repentino em cenário de thriller policial foi ungido pelo espírito santo da “legítima defesa da esperança”. Legítima defesa e não ”vingança” contra Dilma e PT, como Marina teria escutado encostando o ouvido numa parede virtual do Planalto, ainda magoada pela puxada de tapete manipulada, segundo ela apurou, pelo Planalto e a cúpula do PT. Campos afinou esse ponto com Marina. Virou dueto.

A união insólita teria sido mesmo uma jogada de mestra para embaralhar o jogo ou um tiro no escuro ? Só o tempo dirá. Estragos no vôo de brigadeiro de Dilma para um segundo mandato já estão em marcha. Vai ter segundo turno ? O Brasil vai ser hexa-camoeão do Mundo ? Façam suas apostas.


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