segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

OIL & GAS & ENERGY

Postado por Berto Filho

Este blog informa :
Leia semanalmente informações sobre o mercado de petróleo, gás e energia, entrando no site
www.ipgap.org.br, editado toda 2a feira, e clique no Blog OIL & GAS & ENERGY, do seu lado direito.

Contribuição do eng Ronald Carreteiro

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O TEMPO NÃO PÁRA

Postado por Berto Filho

O tempo é fugidio, escorregadio, incontrolável. Mesmo parado, anda. Areia no interior da ampulheta escorre para o fim do tempo sem fim. O homem marcou e repartiu o tempo em pedaços, em anos luz, anos, meses, horas, dias, minutos, segundos, milionésimos de segundo.

Todos esses pedaços de tempo se entrecruzam no mesmo tempo, de forma ao mesmo tempo anárquica e harmônica.
Fatos, ações, atividades, gestos, atitudes, decisões são realizados em várias partes da Terra ao mesmo tempo pelos diferentes seres. 

Você está sentado numa confortável poltrona na sala de trabalho com ar condicionado, nesse exato momento uma pessoa em Zâmbia está com dores horríveis e rola pelo chão, outra no sertão do Ceará descobre que ganhou a mega-sena sozinha, crianças nascem, moribundos e doentes terminais morrem, flores desabrocham, árvores são derrubadas, matas pegam fogo, aviões pousam e decolam, balas perdidas matam, jovens são promovidos, alguns perdem e outros ganham empregos, homens-bomba explodem, loucos pintam quadros ... e você, mesmo querendo intervir, prever, prevenir, é impotente para impedir o mal e liberar o bem, como se fosse um guarda de trânsito do destino humano, anjo providencial ...     

E a noção espacial de tempo então, que frases sugere ? Você leva tempo para entender o ano luz, esse tempo-espaço que viaja à velocidade da luz, 300.000 km por segundo.

Viajar à velocidade da luz é o novo sonho do homem que tenta ser Deus. Vai levar tempo.

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ANONYMOUS QUEM?

 Postado por Berto Filho

Vasculhando meus "arquivos implacáveis" (pedindo licença a João Condé para parodiar os seus "Arquivos Implacáveis"), encontrei esse texto escrito em 22 de junho de 2013, em plena efervescência das manifestações, por Juliana Sayuri no Estadão,

"Anonymous quem ?"

Gostei de reler, acho atual e, por isso, publico neste blog que usa e abusa de flash-back. Anotem as 5 metas fixadas pelo movimento e façam um balanço do que ainda não colou.

"Quantos diferentes personagens estão por trás da máscara pop de Guy Fawkes, do filme ‘V de Vingança’

Rosto branco, fino e ovalado, bochechas rosadas, cavanhaque estilo cafajeste e bigode debochado, olhos puxadinhos, sobrancelhas arqueadas e um sorriso de Monalisa um tanto cruel e sarcástico. Esse personagem poderia ser eu, poderia ser você, poderia ser a torcida do Corinthians acampada no Zuccotti Park em euforia semelhante à primeira conquista da Libertadores. Você já viu esse rosto.

Seria um personagem esquecido, fosse tão identificável quanto um discreto Wally perdido nas coloridas multidões. Ao contrário, porém, tem uma face muitíssimo pop: Guy Fawkes (1570-1606).



 E Fawkes marcou presença no Brasil nesses dias, em duas vertentes. Por um lado, a máscara do soldado inglês catapultada pelo hollywoodiano V de Vingança (2006) estrelou um punhado de fotografias no Facebook, no Instagram e na imprensa, durante as diversas agitações sociais efervescentes no País. Estava diluído entre os manifestantes na rua. Na segunda-feira, uma manifestação histórica. Na quinta, uma festa estranha com gente esquisita. Uns com balaclavas coloridas, outros com lenços palestinos forjados na Bolívia, muitos com o rosto à mostra (e às vezes a tapa).


Também estavam presentes uns que se querem os novos caras-pintadas, com guache verde e amarelo feito blush nas maçãs, e outros que, fanfarrões, brandiam cartazes com os dizeres V de Vinagre, uma referência ao "subversivo" ácido acético proibido na manifestação paulistana do Movimento Passe Livre na semana passada. Mas, cara-pálida, uma figurinha realmente carimbada nas últimas manifestações foi "V".

No Rio, a máscara de feições sinistras custava R$ 20 na semana passada - agora, o hit tem preço promocional de R$ 10. Há até uma versão tupiniquim, com o rosto pincelado na cor amarelo ovo. Na terça-feira, ambulantes paulistanos venderam 500 máscaras a R$ 10, valor tabelado, dizem, em questão de minutos. Item versátil, encaixou-se nas diversas e difusas causas mostradas pelos cartazes de jovens e não tão jovens brasileiros que desfilaram em várias capitais. Tão eclético o acessório que até gente fina, elegante e sincera - alô, chics - aderiu ao disfarce fashion feito de plástico. Fawkes é o novo Che?

Por outro lado, "V" tem outra faceta fora do "mundo real". Vestindo o mesmo disfarce pop, pipocou na terça-feira uma inusitada mensagem do Anonymous Brasil. São os hackativistas - sonoro neologismo para "hacker + ativista", não consta no Houaiss mas pode confiar que a expressão existe - que invadiram o Instagram da presidente e o Twitter de uma poderosa revista dias atrás. Diz o início da mensagem de 1 minuto e 45 segundos postado no YouTube: "Seremos simples e diretos. As mídias de rádio e TV dizem que não temos uma causa específica. Isso pode enfraquecer o movimento. Só a diminuição do valor das passagens de transportes públicos não nos satisfazem, mas realmente temos que saber por onde começar um novo Brasil", com música de suspense ao fundo, tom azulado nas imagens trepidantes e voz grossa digitalmente alterada, tal qual os discursos do movimento propagados em outros idiomas. Desta vez, os mascarados brasileiros pretendem pautar cinco metas específicas para as novas manifestações:

"1º. Não à PEC 37; 2º. Saída imediata de Renan Calheiros da presidência do Congresso Nacional; 3º. Imediata investigação e punição de irregularidades nas obras da Copa do Mundo, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal; 4º. Queremos uma lei que torne corrupção no Congresso crime hediondo; 5º. Fim do foro privilegiado, pois ele é um ultraje ao Artigo 5º da nossa Constituição".

Wishlist política à parte, o mesmo semblante do Anonymous no Brasil e no mundo, Guy Fawkes, já é um símbolo - para não dizer um clichê - de diversos movimentos. Do outono americano no Occupy Wall Street aos levantes da Primavera Árabe, o herói folk do século 17 se tornou um ícone para esses movimentos "horizontais" e sem líderes. Em Londres, em 2011, Julian Assange também vestiu a máscara por uns minutos - mas a polícia mui gentilmente pediu para que o fundador do WikiLeaks a retirasse, pois a lei britânica não permite "anonimato público". Em Istambul e Paris, em 2013, batata: lá estavam as benditas vendettas mais uma vez.

Muitas máscaras foram feitas desde que a HQ inglesa V for Vendetta, assinada pelo escritor Alan Moore e pelo ilustrador David Lloyd na década de 1980, ganhou uma versão cinematográfica em 2006 pela Warner Brothers (aliás, The New York Times alertou aos rebeldes que, durante as convulsões sociais nos idos de 2011, as máscaras pretensamente anarquistas, made in China e no México, contribuíram parcialmente para o lucro de US$ 28 bilhões da gigante americana Time Warner, que detém os direitos da ilustração), mas foram os hackers do Anonymous que lhe deram destaque internacional, com protestos por volta de 2008.

De lá para cá, o símbolo fez sucesso nas diversas manifestações sociais mundo afora e também noutras arenas menos politizadas em diferentes hemisférios, como Halloween e Rock in Rio. E, no último baile dos mascarados brasileiros, todo mundo quis tirar sua casquinha com as manifestações.

Mas Guy Fawkes, o rosto por atrás da misteriosa máscara, você deve se lembrar, tem uma história controversa. Foi o soldado católico que tentou explodir o Parlamento britânico no dia 5 de novembro de 1605, na tal Conspiração da Pólvora. A ideia era derrubar o rei protestante, os parlamentares e a nobreza do chá das 5. Expert em explosivos, o soldado de 35 anos era o responsável pelos 36 barris de pólvora. Mas o complô católico vazou, o golpe fracassou e Fawkes, acusado de traição, preso e torturado, se suicidou para escapar da "forca" - na verdade, condenados à morte, Fawkes e os outros conspiradores seriam estripados, esquartejados e depois decapitados, quer dizer, uma baita tranquilidade na hora de descansar em paz.

Da pólvora ao vinagre, o símbolo de Guy Fawkes continua zanzando por aí, na rua e na internet. Uns gostam do pop appeal. Outros preferem mostrar a cara limpa, que máscara o quê, quem precisa se esconder, etc. Atualmente, diferentes ideias e imagens se incorporam a essa moderna personalidade anônima: anarquistas, anti-heróis, baderneiros, justiceiros, rebeldes, revolucionários, terroristas, Deus e o diabo. Não é possível definir quem são e onde estão, mas dá para dizer que andam incomodando muito gente. 

Nos próximos dias, o Anonymous Brasil pretende liderar manifestações em prol das tais cinco causas. Na noite de quinta-feira, a página do movimento foi derrubada no Facebook, desaparecendo sem deixar rastros. Em resposta ao sumiço misterioso, um dos anônimos criticou a possível censura. E esclareceu para confundir: "Não somos uma organização. Sou você. Sou fake. Sou real. Somos todos. Não somos ninguém. Somos uma ideia".





sábado, 21 de dezembro de 2013

AS TIME GOES BY

Postado por Berto Filho

Tirei do Youtube e meti minha colherzinha.

'As time goes by' foi composta por Herman Hupfeld en 1931 para o musical de Broadway "Everybody's Welcome", estrelado no mesmo ano, Nesse show foi interpretada por Frances Williams. Nesse mesmo ano foi gravada por vários artistas, entre eles Rudy Vallee.

Tornou-se famosa em 1942 na trilha sonora do filme cult "Casablanca", com Humphrey Bogart no papel de Rick Blaine e Ingrid Bergman como Ilsa Lund. Relata um drama idílico na cidade marroquina de Casablanca, então sob o controle do governo francês de Vichy. O filme ganhou 3 estatuetas do Oscar em 1943.


Em "Casablanca", "As Time Goes By" foi cantada pelo protagonista Sam (encarnado pelo ator Dooley Wilson), acompanhado pelo pianista Elliot Carpenter e ouvida ao longo de todo o filme como um leitmotif (termo musical que se refere a um tema recorrente associado a uma pessoa, ideia ou lugar). "As Time Goes By" também assinou a celebração dos 75 anos da Warner Bros. Pictures em 1998. 

Recebeu dezenas de gravações de grandes intérpretes, entre eles Billie Holiday, Bing Crosby, Perry Como, Frank Sinatra, Harry Nilsson, Julio Iglesias, Johnny Nash, Carly Simon, Tony Bennett, Arielle Dombasle, Jane Monheit, Rod Stewart, Jimmy Durante, Gal Costa, Sammy Davis, Jr., Bryan Ferry, Willie Nelson, Vera Lynn, Andy Williams, Barry White, The Duprees, ZZ Top, Amanda Lear, Widespread Panic e Johnny Mathis. O cantor cubano (do Buena Vista Social Club) Ibrahim Ferrer gravou uma versão em espanhol.

Aqui vai o link com uma das cenas mais marcantes de "Casablanca" na qual aparecem Ingrid Bergman, o cantor pianista (Sam), Humphrey Bogart e outros protagonistas. Nesta cena , Ingrid saca a imortal pedida  "Play it again, Sam". E Sam toca e canta uma das melodias mais populares de todos os tempos. 

http://www.youtube.com/watch?v=7vThuwa5RZU

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

BIN LADEN E O CRISTO REDENTOR

Postado por Berto Filho

Esse texto (não é meu) é uma ficção bem humorada que mostra os riscos que terroristas muçulmanos correriam no Brasil se realmente quisessem derrubar o Cristo com um avião, como fizeram com as Torres Gêmeas em NY no 11 de setembro. Aqui, nesse texto, a criminalidade tupiniquim associada ao jeito brasileiro de viver sem querer bota o terrorismo do Bin Laden pra correr...

Não sei quem é o autor, entretanto, pelo estilo e por algumas expressões sexônicas talvez seja o Agamenon Mendes Pedreira, da turma do Casseta. Essa bomba literária de baixo teor de veracidade explícita foi jogada pela internet no meu colo e achei bacana aconchegá-la neste blog.
Em vez de chorar pela indesejada derrubada do Cristo, ria pela graça desse continho sem vergonha.


Al Qaeda queria explodir o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro

Documentos mantidos em sigilo pela Polícia Federal do Brasil revelam que a Al Qaeda, de Osama Bin Laden, ordenou a execução de um atentado no Brasil. O alvo da ação seria a estátua do Cristo Redentor, um dos símbolos mais conhecidos do Rio de Janeiro. Bin Laden destacou dois mujahedins para o seqüestro de um avião que seria lançado contra a "estátua-símbolo dos infiéis cristãos".

Os registros da Polícia Federal dão conta de que os dois terroristas chegaram ao Rio no domingo, 5 de setembro de 2005, às 21h47m, num vôo da Air France. A missão começou a sofrer embaraços já no desembarque, quando a bagagem dos muçulmanos é extraviada, indo parar no Paraguai. Após quase seis horas de peregrinação por diversos guichês e dificuldade de comunicação em virtude do inglês ruim, os dois saem do aeroporto, aconselhados por funcionários da Infraero a voltar no dia seguinte, com intérprete.

Os dois terroristas apanham um táxi pirata na saída do aeroporto. O motorista percebe que são estrangeiros e roda duas horas dando voltas pela cidade, até abandoná-los em lugar ermo da Baixada Fluminense. No trajeto, ele pára o carro e três cúmplices os assaltam e espancam. Eles conseguem ficar com alguns dólares que tinham escondido em cintos próprios para transportar dinheiro e pegam carona num caminhão que entregava gás. Na segunda-feira, às 7h33m, graças ao Treinamento de guerrilha no Afeganistão, os dois terroristas finalmente chegam a um hotel de Copacabana. Alugam então um carro e voltam ao aeroporto, determinados a seqüestrar logo um avião e jogá-lo bem no meio do Cristo Redentor.

Enfrentam um congestionamento monstro por causa de uma manifestação de estudantes e professores em greve - e ficam três horas parados na Avenida Brasil, altura de Manguinhos, onde seus relógios são roubados em um arrastão. Às 12h30m, resolvem ir para o centro da cidade e procuram uma casa de câmbio para trocar o pouco que sobrou de dólares. Recebem notas de R$ 100 falsas, dessas que são feitas grosseiramente a partir de notas de R$ 1. 


Por fim, às 15h45m chegam ao Tom Jobim para seqüestrar um avião. Os pilotos da VARIG estão em greve por mais salário e menos trabalho. Os controladores de vôo também param (querem equiparação com os pilotos). O único avião na pista é da Transbrasil, mas está sem combustível. Aeroviários e passageiros estão acantonados no saguão do aeroporto, tocando pagode e gritando slogans contra o governo. 

O Batalhão de Choque da PM chega batendo em todos, inclusive nos terroristas. Os árabes são conduzidos à delegacia da Polícia Federal no Aeroporto, acusados de tráfico de drogas : os policiais haviam plantado papelotes de cocaína nos seus bolsos. Às 18 horas, aproveitando o resgate de presos feito por um esquadrão de bandidos do Comando Vermelho, eles conseguem fugir da delegacia em meio à confusão e ao tiroteio. Às 19h05m, os muçulmanos, ainda ensangüentados, se dirigem ao balcão da VASP para comprar as passagens. Mas, o funcionário que lhes vende os bilhetes omite a informação de que os vôos da companhia estão suspensos. 

Eles, então, discutem entre si: começam a ficar em dúvida se destruir o Rio de Janeiro, no fim das contas, é um ato terrorista ou uma obra de caridade. As 23h30m, sujos, doloridos e mortos de fome, decidem comer alguma coisa no restaurante do Aeroporto. Pedem sanduíches de churrasquinho com queijo de coalho e limonadas. Só na terça-feira, às 4h35m, se recuperam da intoxicação alimentar de proporções eqüinas, decorrente da ingestão de carne estragada usada nos sanduíches.

São levados para o Hospital Miguel Couto, depois de terem esperado três horas para que o socorro chegasse e percorresse os hospitais da rede pública até encontrar vaga. No HMC são atendidos por uma enfermeira feia, grossa, gorda e mal-humorada. Debilitados, só recebem alta hospitalar no domingo. 

Domingo, 18h20h: os homens de Bin Laden saem do hospital e chegam perto do estádio do Maracanã. O Flamengo acabara de perder para o Paraná Clube, por 6x0. A torcida rubro-negra confunde os terroristas com integrantes da galera adversária (que havia ido de Kombi ao Rio) e lhes dá uma surra sem precedentes. O chefe da torcida é um tal de "Pé de Mesa", que abusa sexualmente deles.

Às 19h45m, finalmente, são deixados em paz, com dores terríveis pelo corpo, em especial na área proctológica. Ao verem uma barraca de venda de bebida nas proximidades, decidem se embriagar uma vez na vida (mesmo que seja pecado, Alá que se dane!). Tomam cachaça adulterada com metanol e precisam voltar ao Miguel Couto. Os médicos também diagnosticam gonorreia no setor retofuricular inchado (Pé de Mesa não perdoa!).

Segunda-feira, 23h42m: os dois terroristas fogem do Rio escondidos na traseira de um caminhão de eletrodomésticos, assaltado horas depois na Serra das Araras. Desnorteados, famintos, sem poder andar e sentar, eles são levados pela van de uma Ong ligada a direitos humanos para São Paulo. Viajam deitados de lado.

Na capital paulista, perambulam o dia todo à cata de comida. Cansados, acabam adormecendo debaixo da marquise de uma loja no Centro. A Polícia Federal ainda não revelou o hospital onde os dois foram internados em estado grave, depois de espancados quase até a morte por um grupo de mata-mendigos.

O porta-voz da PF declarou que depois que os dois saírem da UTI, serão recolhidos no setor de imigrantes ilegais, em Brasília, onde permanecerão até o Ministério da Justiça autorizar a deportação dos dois infelizes, se tiver verba, é claro.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

BRUJAS ELETRÔNICAS

Postado por Berto Filho

“No creo em brujas, pero que las hay, las hay”
Quando recebi as mensagens abaixo, a primeira (na ordem), este mês (com data de 11/12/12) e a anterior, em 2010, pensei com meus botões : deve ser lenda de internet, intriga da oposição desorientada com a avalanche da propaganda do governo.
Essa do hacker li com atenção, tem vários nomes ali que estão vivos, existem e podem confirmar se a coisa foi assim mesmo. Tenho meus receios de engenhocas eletrônicas. Temor pelo que não conheço. 
No final das duas mensagens, meti a minha colherzinha, em itálico.
Passo ao seu acurado juízo, meu leitor. E me desculpe se já sabia...
Berto Filho


Voto eletrônico: Hacker de 19 anos revela no Rio como fraudou eleição

publicado em 11 de dezembro de 2012
por Apio Gomes, no portal do PDT, 
via Amilcar Brunazzo Filho

Um novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi apresentado ontem (10/12/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no decorrer do seminário “A urna eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das seções fluminenses do Partido da República (PR), do Instituto Republicano; do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.

Acompanhado por um especialista em transmissão de dados, Reinaldo Mendonça, e de um delegado de polícia, Alexandre Neto, um jovem hacker de 19 anos, identificado apenas como Rangel por questões de segurança, mostrou como — através de acesso ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro, sob aresponsabilidade técnica da empresa Oi – interceptou os dados alimentadores dosistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados aos computadores da Justiça Eleitoral, modificou resultadosbeneficiando candidatos em detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado.

“A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como atuava para fraudar resultados.

O depoimento do hacker – disposto a colaborar com as autoridades – foi chocante até para os palestrantes convidados para o seminário, como a Dra. Maria Aparecida Cortiz, advogada que há dez anos representa o PDT no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para assuntos relacionados à urna eletrônica; o professor da Ciência da Computação da Universidade de Brasília, Pedro Antônio Dourado de Rezende, que estuda as fragilidades do voto eletrônico no Brasil, também há mais de dez anos; e o jornalista Osvaldo Maneschy, coordenador e organizador do livro Burla Eletrônica, escrito em 2002 ao término do primeiro seminário independente sobre o sistema eletrônico de votação em uso no país desde 1996.

Rangel, que está vivendo sob proteção policial e já prestou depoimento na Polícia Federal, declarou aos presentes que não atuava sozinho: fazia parte de pequeno grupo que – através de acessos privilegiados à rede de dados da Oi – alterava votações antes que elas fossem oficialmente computadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

A fraude, acrescentou, era feita em benefício de políticos com base eleitoral na Região dos Lagos – sendo um dos beneficiários diretos dela, ele o citou explicitamente, o atual presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Paulo Melo (PMDB). A deputada Clarissa Garotinho, que também fazia parte da mesa, depois de dirigir algumas perguntas a Rangel - afirmou que se informará mais sobre o assunto e não pretende deixar a denúncia de Rangel cair no vazio.

Fernando Peregrino, coordenador do seminário, por sua vez, cobrou providências:
“Um crime grave foi cometido nas eleições municipais deste ano, Rangel o está denunciando com todas as letras – mas infelizmente até agora a Polícia Federal não tem dado a este caso a importância que ele merece porque ele atinge a essência da própria democracia no Brasil, o voto dos brasileiros” – argumentou Peregrino.

Por ordem de apresentação, falaram no seminário o presidente da FLB-AP, que fez um histórico do voto no Brasil desde a República Velha até os dias de hoje, passando pela tentativa de fraudar a eleição de Brizola no Rio de Janeiro em 1982 e a informatização total do processo, a partir do recadastramento eleitoral de 1986.

A Dra. Maria Aparecida Cortiz, por sua vez, relatou as dificuldades para fiscalizar o processo eleitoral por conta das barreiras criadas pela própria Justiça Eleitoral; citando, em seguida, casos concretos de fraudes ocorridas em diversas partes do país – todos abafados pela Justiça Eleitoral. Detalhou fatos ocorridos emLondrina (PR), em Guadalupe (PI), na Bahia e no Maranhão, entre outros.

Já o professor Pedro Rezende, especialista em Ciência da Computação, professor de criptografia da Universidade de Brasília (UnB), mostrou o trabalho permanente do TSE em “blindar” as urnas em uso no país, que na opinião deles são 100% seguras.

Para Rezende, porém, elas são “ultrapassadas e inseguras”. Ele as comparou com sistemas de outros países, mais confiáveis, especialmente as urnas eletrônicas de terceira geração usadas em algumas províncias argentinas, que além de imprimirem o voto, ainda registram digitalmente o mesmo voto em um chip embutido na cédula, criando uma dupla segurança.

Encerrando a parte acadêmica do seminário, falou o professor Luiz Felipe, da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que em 1992, no segundo Governo Brizola, implantou a Internet no Rio de Janeiro junto com o próprio Fernando Peregrino, que, na época, presidia a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Luis Felipe reforçou a ideia de que é necessário aperfeiçoar o sistema eleitoral brasileiro – hoje inseguro, na sua opinião.

O relato de Rangel – precedido pela exposição do especialista em redes de dados, Reinaldo, que mostrou como ocorre a fraude dentro da intranet, que a Justiça Eleitoral garante ser segura e inexpugnável – foi o ponto alto do seminário.

Peregrino informou que o seminário será transformado em livro e tema de um documentário que com certeza dará origem a outros encontros sobre o mesmo assunto – ano que vem. Disse ainda estar disposto a levar a denuncia de Rangel as últimas conseqüências e já se considerava um militante pela transparência das eleições brasileiras: “Estamos aqui comprometidos com a trasnparência do sistema eletrônico de votação e com a democracia no Brasil”, concluiu.

Minha colher : esse livro prometido pelo Peregrino saiu do prelo ou morreu antes de nascer ?  A seguir, uma mensagem pertinente a este assunto, recebida por mim em 2010 por e-mail, portanbto, antes de Dilma ser eleita

Manipulação do sistema de votação (Software) da Urna Eletrônica, em desenvolvimento (ultra secreto) nos laboratórios da Tecnologia da Informação (TI) do governo, visando a adulteração do resultado do pleito de Outubro de 2010, de modo a garantir a eleição de uma determinada candidata de preferência do establishment sócio-político dominante atual do Brasil.

Esse projeto secreto, conhecido no submundo petista como "Milagre da Multiplicação dos Pães" ou, em resumo, "3 pro nobis, 1 pro vobis", se destina, através de um programa fraudulento e malicioso, previamente inserido no chip do computador, que programa as urnas antes da operação, chamada pelos técnicos, de "inseminação das urnas", a computar sempre - para determinada candidata - 3 de cada 4 votos digitados, independentemente de quem seja o candidato da preferência do eleitor, voto em branco, voto nulo, de forma a assegurar a sua eleição já no 1º turno.

A situação se agrava dramaticamente porque o TSE não permite que os partidos políticos tenham acesso aos softwares que rodam na urna eletrônica ou que são usados na totalização, em parte preparados pela Agência Brasileira de Informações (ABIN) através de um órgão chamado CEPESC - especializado em criptografia - que ajuda o TSE desde os tempos do falecido SNI.

Tudo acertado direitinho. Silenciosamente. Legalmente. Não permitir a auditoria é uma evidência da fraude!

Agora, imaginem só: se o governo está se lixando pro TSE, passando por cima de suas decisões com o totalitário rolo compressor do PT, com a estapafúrdia e escancarada antecipação da campanha eleitoral, o que o impediria de lançar mão de mais essas e outras maracutaias do seu vasto e infindável repertório de sujeiras, escândalos, maldades e ilegalidades, para se garantir no poder por mais quatro anos? Dopar softwares, adulterar programas, corromper sistemas de apuração? Isso é pouco!...

Paralelamente, está sendo programada uma maciça produção de cartazes, bandeiras, faixas e galhardetes para inundar as cidades brasileiras (principalmente nos municípios mais pobres do interior), no dia da eleição (boca de urna, voto-cabresto, vale-voto, etc.), com a contratação (por R$ 30,00/pessoa) de milhares de beneficiados dos bolsa-família, bolsa-isso, bolsa-aquilo, de modo a dar a impressão da confirmação do resultado das urnas eletrônicas viciadas, preparadas, fajutadas.

Você pensa que essa é uma patrulha anti-petista? Então vá à página do Google e digite as palavras: Urna Eletrônica Fraude e clique em Pesquisar. Está lá, escancarado! Só não vê quem não quer ou está satisfeito, porque está tirando proveito da situação.

Nossa esperança é que alguém do "stablishment" sinta remorso por estar traindo o país inteiro e acabe dando com a língua nos dentes e divulgando as provas que nos faltam.
Ou que no dia da eleição, talvez bem antes, algumas urnas sejam "sequestradas" para serem examinadas por um laboratório confiável, e a fraude seja desmascarada.
Alguma coisa ainda vai acontecer, porque Deus (este sim) é grande!

Metendo minha colherzinha : não sei se isso realmente aconteceu, o que sabemos é que Dilma ganhou. E nova eleição com urna eletrônica se aproxima.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

DILMA, NEYMAR E RONALDO

Postado por Berto Filho

Da excelente Radar Online, do Laudo Jardim, na Veja :



Ronaldo: tocando a bola para Dilma chutar em gol

O papo via Twitter entre Dilma Rousseff, Ronaldo Fenômeno e Neymar foi um sucesso de público: atingiu 27 milhões milhões de pessoas. Um número impressionante.

É a prova que Dilma não está brincando no uso das redes sociais: voltou ao Twitter no final de setembro, estreou página no Facebook em outubro.

Tudo isso faz parte de uma estratégia traçada (e até agora bem executada) a partir das manifestações de junho. O uso das redes se tornará mais frequente quanto mais perto o Brasil estiver das eleições de outubro de 2014.

TEMPESTADE PERFEITA EM 2014 : CONTRA O PT

Postado por Berto Filho

Em novembro, o sociólogo Demétrio Magnoli, que escreve na Folha, também previu uma tempestade perfeita em 2014 mas contra o PT. O pior cenário para embarreirar a mão de Dilma na taça do planalto é a piora da economia, que já anda meio combaleante com uma inflação persistente acima de 6% ao ano. A inflação nossa de cada um medida na gôndola do supermercado é bem maior que isso, comparando os preços que pagamos pelos mesmos produtos e mesmas marcas em janeiro e agora em dezembro. É aí, no estômago, na área de serviço e no bolso, que mora o perigo eleitoral para quem está por cima. A remarcação é silenciosa, da noite para o dia, imune às estatísticas benevolentes. O povo chia mas compra. Até o dinheiro acabar.
Essas tentativas de adivinhar o futuro são válidas, no mínimo, para estimular o contraditório. Como se alguém discordasse e dissesse que não vai passar de tempestade em copo d'água. O PT, no fundo, acha que vai ganhar as eleições para presidente (reeleger Dilma). Pelo andar da carruagem das pesquisas, dir-se-ia que ganha no 1o turno se a eleição fosse hoje. Mas se fosse mesmo hoje, será que os demais candidatos, declarados ou não, estariam na faixa do rebaixamento, como estão hoje ? Agora, se houver 2o turno e a sociedade de baixo acordar da hipnose coletiva, pode ter alternância de poder.


Texto de Demétrio :

Fim de ciclo
"Não existe essa coisa de sociedade" --a frase célebre, de Margaret Thatcher, era a exposição da crença ultraliberal no individualismo. Situado no polo oposto aparente do thatcherismo, o lulismo compartilha a descrença nessa "coisa de sociedade": no lugar da coleção de indivíduos atomizados da ex-premiê britânica, nosso presidente honorífico enxerga uma coleção de corporações reivindicantes. É essa leitura da política que explica a reação indignada do Planalto às críticas sobre a deterioração da situação fiscal do país. Na visão do governo, os "empresários" --os beneficiários da concessão de desonerações tributárias-- comportam-se como traidores quando atiram pedras nas autoridades que protegeram seus lucros. Trata-se de uma forma de auto-engano: o recurso habitual para conservar a ilusão num encanto que já desapareceu.

A inteligência política de Lula, cantada em prosa e verso, é uma qualidade real, mas circunscrita às conjunturas favoráveis. Formado no sindicalismo, o presidente honorífico montou seu sistema de poder como uma mesa ampliada de negociação sindical. Trajando o manto do Bonaparte, o governo opera como Grande Negociador, distribuindo benesses aos "setores organizados" em grupos empresariais, máfias políticas, corporações sindicais e movimentos sociais. A estratégia funcionou, do ponto de vista da reprodução do poder lulista, enquanto o cenário econômico proporcionou recursos para atender às "reivindicações" dos parceiros negociadores. Mas o ciclo da abundância encerrou-se, explodindo a casca frágil do consenso político.

Na "era Lula", o Brasil esculpiu um modelo econômico impulsionado pelos motores do crédito público e privado e da explosão do consumo. A "etapa chinesa" da globalização proporcionou os combustíveis do modelo: investimentos externos fartos, derivados da elevada liquidez internacional, e altas rendas de exportação, oriundas da valorização das commodities. A poção mágica diluiu-se com o colapso das finanças mundiais, mas as reservas no tanque permitiram ao governo servir um simulacro aditivado na hora das eleições de 2010. O tanque, agora, está quase vazio: o governo reduz a bolsa-empresário enquanto pressiona o Congresso para fechar a torneira que irriga as corporações sindicais. Sem acesso à substância estimulante, os negociadores se dispersam --e até os fiéis petroleiros ensaiaram uma "traição".

As "Jornadas de Junho" foram o primeiro sintoma do encerramento do ciclo. Desconcertando o governo, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas para dizer que a sociedade existe --e exige serviços públicos dignos. O segundo sintoma foi o rearranjo do tabuleiro eleitoral deflagrado pela unificação entre PSB e Rede, uma operação celebrada pelo PSDB. O radar dos analistas ainda não detectou o alcance dos eventos, mas o Planalto entendeu o que se passa. Eduardo Campos e Marina Silva saltaram da condição de alternativas dissidentes à de candidatos oposicionistas, enquanto Aécio Neves admitiu que os tucanos perderam o estatuto de núcleo dirigente da oposição. Na prática, configurou-se uma frente de oposição tricéfala --e os três aspirantes decidiram que o primeiro turno de 2014 será tratado como uma eleição primária para a escolha do desafiante da oposição unida.

O giro da política monetária americana, previsto para os próximos meses, ameaça provocar uma tempestade perfeita no Brasil, desvalorizando o real e pressionando o botão da inflação. Mesmo assim, Dilma Rousseff (ou Lula da Silva) conserva o favoritismo. O fim de ciclo, por si mesmo, não conduz automaticamente à reversão da fortuna eleitoral. Para derrotar o lulismo, a frente oposicionista precisaria dialogar com os cidadãos comuns: os manifestantes de junho e o país que os apoiou. Os três aspirantes teriam que dizer que "essa coisa de sociedade" existe.

TEMPESTADE PERFEITA

Postado por Berto Filho

Sem ser meteorologista, o jornalista Merval Pereira arrisca uma previsão de tempo bastante sombria no ano da Copa e das eleições por conta de um ingrediente pra lá de 
explosivo : dissonâncias das políticas de governo com as ansiedades e expectativas das ruas. O voto secreto foi parcialmente alcançado, mas tem muito mais no balaio da rua que não foi atendido. Tá na fila de espera.... O recall, por exemplo. Tirar um político no meio do mandato porque está se comportando mal, xavecando, permitindo que subordinados falsifiquem assinaturas em documentos políticos ou desviando dinheiro público. Nem levo em conta o fato de o Brasil ser o único país do mundo em que deputados condenados pelo Supremo num regime, graças a Deus, ainda democrático, podem continuar a exercer seus mandatos ou se auto-proclamam presos políticos. O que mais me surpreende é a moita das oposições. Simplesmente saíram do ar. Dilma continua absoluta no topo do ranking presidencial. Dilma na Globo no sorteio dos jogos da Copa hoje. faz parte do cerimonial do ato mas não deixa de ser mais uma ocupação de mídia que não pode ser desatrelada da campanha eleitoral antecipada. Bingo.
 
Texto do Merval :
O dia de ontem foi pródigo em manifestações das mais variadas espécies sobre um só motivo: o receio de que as manifestações de junho passado voltem a tomar conta do país. Quem primeiro revelou essa preocupação recôndita foi o ex-presidente Lula, cuja língua solta acabou traindo-o no discurso de improviso que fez ao receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo.

Ao se auto-elogiar por ter autorizado o funcionamento da Universidade, Lula alertou a presidente Dilma, presente ao evento na qualidade de coadjuvante, como sói acontecer quando os dois estão juntos: “Depois que ele se forma doutor, não espere que ele ficará agradecido. Ele vai para a rua fazer manifestação contra você”.

Para evitar isso, Lula disse que só existe uma maneira: “garantir que, depois de formado, ele possa aperfeiçoar seus estudos e o emprego do sonho dele. Quando ele conseguir isso, pode estar certa de que ele não vai mais sair para passeata”.

Portanto, Lula sabe que as passeatas foram contra o governo, e admite publicamente que é preciso fazer mais do que simplesmente criar universidades sem estrutura e sem projeto de educação.

Em seguida foi o prefeito do Rio Eduardo Paes que confirmou o aumento de passagens de ônibus no ano que vem, inevitável por previsão contratual. Mais uma vez as manifestações populares de junho, que começaram a partir de um movimento contra um aumento de R$ O, 20 centavos nas passagens de ônibus – que, aliás, havia sido adiado a pedido do governo federal para segurar a inflação – voltaram a rondar a conversa quando o Prefeito disse que a redução ocorrida este ano “por motivos óbvios” não poderia ser mantida por muito mais tempo.

Para completar o cardápio, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke admitiu que as manifestações populares de junho quase tiraram a Copa do Mundo do Brasil. Na Costa do Sauípe às voltas com o sorteio das chaves da Copa do Mundo e os atrasos dos estádios de futebol brasileiros, Valcke relembrou que houve um momento em que se pensou em suspender a Copa das Confederações, o que tecnicamente levaria à mudança da sede da Copa de 2014.

Pois todos esses fatores estarão de volta ao cenário brasileiro no próximo ano, e com ingredientes da economia internacional que podem pressionar a combalida economia nacional. Seria a “tempestade perfeita”, raro fenômeno meteorológico que conjuga fatores climáticos produzindo ondas gigantescas e ventos de quase 300 km/h, como aconteceu em 1991 no Caribe.

Em economia, dá-se esse nome à conjunção de fatores internos e externos que pode abalar um país. Com a perspectiva de reversão da política monetária fortemente expansionista do governo dos Estados Unidos através do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), e os problemas fiscais vividos pelo país, teme-se que uma “tempestade perfeita” atinja o Brasil no próximo ano, exacerbada pelas questões políticas internas.

Justamente quando estará em disputa a reeleição da presidente Dilma, que, por isso mesmo, não terá margem de manobra para reduzir gastos públicos. Há estudos que demonstram que historicamente a utilização de políticas monetárias, fiscais e cambiais com claros objetivos político-eleitorais gera Ciclos Políticos de Negócios (CPNs), cuja principal característica é a redução do desemprego em períodos pré-eleitorais, com o objetivo de proporcionar um ambiente positivo capaz de influenciar o resultado eleitoral.

Após esse período de crescimento, no entanto, o período pós- eleitoral é caracterizado por inflação em alta, cuja conseqüência é a adoção de políticas macroeconômicas contracionistas. No Brasil temos pleno emprego em uma economia que cresce a ritmo de pibinho, com previsão de piorar no próximo ano. E já temos inflação alta.

Todo o esforço da presidente Dilma será atravessar o ano sem que as diversas crises previstas afetem sua possibilidade de reeleição. Seja quem for o vencedor, porém, terá um 2015 caótico pela frente.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O MAL E O BEM

Postado por Berto Filho
Da série "Pensamentos Voláteis"
Como os filmes e as novelas sugerem, e a vida real imita nos atendimentos nos hospitais e repartições públicas, o mal vem antes (filas, gente dormindo nos postos de madrugada...), fica 99% do tempo triunfando (por determinação dos autores, exemplo : as maldades da personagem que está envenenando o César no "Amor à Vida") mas perde para o bem no 1% final. Penso que o bem poderia ter mais espaço na mídia da fantasia, meio a meio, o bem sempre vencendo o mal no final de cada capítulo. E 100% do tempo na vida real. Utopia. Happy end pra valer só nos filmes americanos românticos da década de 50.

"O mal e o bem habitam a mesma casa, A devassidão e a virtude, o santo e o profano, o anjo e o demônio, o possuído e o exorcista habitam a mesma mente, o mesmo coração. Quando um dorme o outro está acordado, Na luta entre o bem e o mal pelo domínio da alma, do espírito, o homem só sabe quem ganha quando conquista a paz ou se perde na loucura. " 

A MÍDIA ADORA UMA TRANSGRESSÃO

Postado por Berto Filho
 Sim, a Mídia adora não apenas uma mas uma tonelada de trasngressões. Quanto maior a transgressão, maior o holofote. 


   
 
A mídia adora transgressores e os transgressores adoram a mídia. Eles se merecem.  O que seria dos jornais, televisões, sites & Cia o se não houvessem tragédia, excêntricos, performáticos, indecentes, anarquistas, drag queens, esquizofrênicos dando chiliques, dondocas e socialites fazendo caras e bocas para sair em colunas sociais, entrevistados vaidosos, políticos inescrupulosos, atletas desmiolados, impunidade solta, leitores ávidos de fofocas, intrigas de bastidores ? .... Jamais um certinho vira notícia, só no obituário.
Quem anda na linha o trem atropela.

CAMPANHA PRESIDENCIAL NO FACEBOOK

Postado por Berto Filho
Está na coluna "Radar" online do Lauro Jardim na VEJA
 
Dilma, Aécio e Campos: o alcance dos três candidatos no Facebook

A guerrilha da campanha presidencial pelo Facebook está engatinhando – a rigor, na verdade, não começou. Mas os perfis oficiais e não oficiais dos três candidatos principais estão se posicionando.

Há duas semanas, o Palácio do Planalto lançou sua página oficial do Facebook. Os resultados ainda são modestos:

35 000 fãs e uma média de apenas 4 800 “falando sobre isso”, que é uma medida sobre o alcance da fanpage. A página de Dilma administrada pelo PT – e considerada pelo governo como “não oficial” – tem 127 000 fãs e 72 000 que estão “falando sobre isso”, um bom resultado.

Eduardo Campos tem uma página com 155 000 fãs e 54 000 “falando sobre isso”, também uma taxa alta de participação.

Aécio Neves conta com duas páginas oficiais. Uma que leva o seu nome e tem 221 000 fãs e 33 000 “falando sobre isso”. E outra criada mais recentemente apelidada de “Conversa com brasileiros”, com um número alto de fãs – 212 000 – , mas baixo em termos de alcance: apenas 21 000 “falando sobre isso”.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

SINAIS ALARMANTES

Postado por Berto Filho
O artigo, do ex-presidente 
Fernando Henrique Cardosofoi publicado no Estadão deste domingo. Lúcido.

"Finalmente se fez justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Eles estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais ─ mesmo que controversos ─ erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição. Onde está a revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas o usaram para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para se perpetuar no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar seus seguidores mais crédulos.

Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão deu-se em plena vigência do Estado de Direito, num momento em que o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal. Então, por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso, a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff… Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.

Em toada semelhante, o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade. “Estamos juntos”, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao país, o que dizer?

Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira. São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas. É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por  pertencerem à “base aliada” de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e das demais transgressões, como se o “hegemonismo petista” que os mantém fosse compatível com a democracia. Que dizer, então, da parte da elite empresarial que se ceva dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?

Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que, ao deixar a presidência do STF, a onda moralizante dê marcha à ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da Pátria. São sinais alarmantes.

Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer, então, das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste. A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E sejamos francos: estamos berrando pouco.

É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue deslindar-se de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível. Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só aos consumidores, mas, em volume muito maior, aos audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem beneficiar-se do Estado distorce as práticas republicanas.

Tudo isso é arquissabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulopetismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.

LAÇOS DE FAMÍLIA

Postado por Berto Filho
Rondônia - estive lá e vi de perto e até narrei para o Fantástico um dos mais impressinantes episódios de corrupção deslavada, investigada até a última gota pelo reporter Eduardo Faustini, no qual esteve envolvido até o pescoço o então governador Ivo Cassol - é uma Serra Pelada figurada, no sentido de que o ouro moral da boa política que ja se fez nesse estado foi saqueado pela pior espécie de bandidos da baixa política.


O artigo do jornalista José Casado, publicado no Globo, é um alerta para muitos prefeitos desse Brasil continental que pensam que seus malfeitos, aprovados por Câmaras cordeirnhas ou vaquinhas de presépio, não estão sendo percebidos pelos jornalistas mais atentos e pelos eleitores. Haja transparência. Haja recall na política.

"Eram quatro mil colonos, entre eles Marcos (Marcos Donadon). Deixara uma reduzida lavoura no entorno da represa de Capivaras, na divisa entre Paraná e São Paulo, seduzido pela promessa de terras férteis e baratas dois mil quilômetros acima, às margens do Rio Colorado, no Sul de Rondônia.

Chegou com a família e a velha Bíblia, em meados dos anos 70. Trabalhou por uma década, venceu a eleição para a prefeitura e nomeou a parentela para as secretarias. Oito anos depois, a hegemonia do clã foi reafirmada na eleição do mais velho dos filhos, Melkisedek, que também nomeou 13 parentes.

Quando Colorado do Oeste pareceu pequena, Melkisedek migrou para a vizinha Vilhena. Elegeu-se prefeito em 1996. Reelegeu-se em 2000 com o primo Marlon na vice, que lhe sucedeu em 2004. E fez da irmã Miriam prefeita de Colorado.

O clã partilhou o Sul de Rondônia sob a legenda do PMDB. Fez prefeitos, vices e vereadores em diferentes cidades — todas com menos de 30 mil habitantes e dependentes do dinheiro de Brasília. A família ainda tentou chegar ao governo do estado e ao Senado. Sem êxito, contentou-se com a eleição do deputado estadual Marcos Antonio, logo instalado na presidência da Assembleia.

Em 2004, vinte anos depois de o patriarca trocar o cultivo da terra pela lavoura de votos, seu terceiro filho, Natan, chegou à Câmara dos Deputados. Era o animador dos comícios do PMDB, explorando o vibrato natural em coletâneas de músicas sertanejas.

O clã virou caso de estudo, como mostra o livro do jornalista Chico de Gois, pelo repertório de falcatruas cometidas contra a administração pública — de nepotismo e fraude eleitoral a desvio e roubo de verbas federais, estaduais e municipais.

Os ex-prefeitos Melkisedek e Miriam foram condenados por desonestidade. A Justiça proibiu o irmão mais velho de passar em frente da sede da prefeitura de Vilhena.

Outros dois irmãos já não frequentam os plenários em Porto Velho e em Brasília. A cela do deputado estadual Marcos, condenado a 9 anos, fica a 2.400 quilômetros de distância do presídio onde está o deputado federal Natan, sentenciado a 13 anos.

São locais “P-0”, “prisão-zero” no jargão da carceragem, porque ali não tem nada, os detentos têm no máximo direito à companhia de um balde — “para, quando acabar a água, você ter uma água reservada”, contou Natan há 40 dias, ao sair do presídio, algemado, para assistir à sessão na qual a Câmara decidiu não lhe cassar o mandato.

Até levou um recado dos companheiros penitenciários: “Eles me falaram: ‘Deputado, não se esqueça de falar da nossa alimentação.’ É muito ruim, inclusive tenho a síndrome do intestino irritável, que, associada ao estresse, me faz passar muita dificuldade lá”.

Mais da metade da bancada federal de Rondônia enfrenta processos por suspeita de roubo de dinheiro público. Não é exotismo amazônico. Mais de 800 ações judiciais contra políticos, que têm ou tiveram mandato, aguardam julgamento no Supremo Tribunal Federal. Elas indicam um padrão de desvios que começa com nepotismo, evolui para o roubo, e, às vezes, termina em homicídio.

O Legislativo introduziu uma novidade: se mostra decidido a proteger seus presidiários. Os irmãos Marcos e Natan Donadon há meses vivem em celas com seus baldes e comem a “xepa”, mas continuam deputados.

LARANJAL HOTELEIRO PANAMENHO

Postado por Berto Filho
Uma jogada de marketing que pode ter sido um tiro pela culatra : o Hotel St Peter dar emprego ao chefe da quadrilha preso na Papuda, o ex-Ministro da Casa Civil do ex-presidente Lula, José Dirceu. Um patrocínio corajoso de reabilitação solidária. O Jornal Nacional deste noite pegou todo mundo de surpresa e deu um furo de jornalismo investigativo que vai dar o que falar. Tudo muito suspeito, como dolar na cueca.

Segundo a reportagem, há um laranjal panamenho amoitando a propriedade do Hotel St. Peter em Brasília, cuja direção brasileira, de raízes também nebulosas, teve a “ousadia” de oferecer emprego de gerente para José Dirceu pagando R$ 20 mil por mês. Claro, o consultor ligado a grandes negócios em alguns países de pelo menos duas Américas não precisa dessa grana. O patrão tem toda pinta de 171. E o candidato ao emprego é um presidiário.

O Panamá é uma espécie de paraíso fiscal, um país ideal, no que tange ao registro jurídico de investimentos estrangeiros, para enrustir conexões empresarias que não podem viver à luz do sol em seus países de origem.

Tem boi na linha. E esse boi vai ser desossado nos próximos dias. Vão aparecer outros nomes. O Hotel foi construído pelo Sergio Naya. Não é uma boa recomendação.

Será que o ministro Joaquim Barbosa vai permitir que o réu consultor assuma o cargo numa empresa cujo controle acionário é duvidoso ? E se permitir, o hotel vai faturar mais (ponto para Dirceu) ou os hóspedes vão desaparecer com receio de contaminação de sua imagem pessoal por uma maracutaia contagiosa ?

Segue a matéria publicada no Globo, que reproduz o teor das informações do JN. 


Empresa dona de hotel que ofereceu emprego a Dirceu tem laranja entre dirigentes

Truston International, sócia majoritária do Hotel Saint Peter, é presidida por funcionário de um escritório de advocacia no Panamá, informa ‘Jornal Nacional’

BRASÍLIA - A Truston International, empresa panamenha dona do Hotel Saint Peter - que ofereceu um emprego com salário de R$ 20 mil para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - é presidida por um laranja. Segundo o “Jornal Nacional”, da TV Globo, José Eugenio Silva Ritter mora na num bairro pobre da Cidade do Panamá, trabalha há 30 anos como auxiliar de escritório numa empresa de advocacia e, no papel, é dono de mais mil empresas. Dirceu, condenado no processo do mensalão, está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Com o trabalho no hotel, ele poderá sair durante o dia da cadeia.

No contrato social encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para autorizar o trabalho de Dirceu, foi informado que, das 500 mil cotas do hotel, 499.999 pertencem à Truston Internactional. O administrador de fato do empreendimento, Paulo Masci de Abreu, é dono de uma única cota. O mesmo documento diz que a sede da Truston fica na Cidade do Panamá.

 Por telefone, Paulo Masci de Abreu disse ao “Jornal Nacional” que Ritter é um empresário estrangeiro apresentado a ele por um advogado. Afirmou também que ele presta contas a Ritter regularmente. Informou ainda que o conheceu numa reunião em Miami, quando formalizou a parceria para administrar o hotel. A reportagem localizou Ritter na Cidade do Panamá. Sem saber que era filmado, ele reconheceu que é dono no papel de várias empresas, mas disse não se lembrar da Truston International. Aconselhou a reportagem a procurar a Morgan y Morgan, o escritório de advocacia onde trabalha, e que não falaria mais nada, uma vez que poderia até mesmo perder seu emprego.

Segundo o “Jornal Nacional”, a Morgan y Morgan tem sua sede no centro financeiro da Cidade do Panamá, e ajuda na fundação e administração de empresas internacionais com sede no Panamá. Ainda de acordo com o “Jornal Nacional”, a legislação panamenha permite que as ações de uma companhia sejam transferidas de um empresário a outro, sem informar as autoridades, dificultando a identificação dos verdadeiros donos.

A Morgan y Morgan foi procurada pela reportagem, mas não quis falar sobre o assunto. A advogada de Paulo Masci de Abreu, Rosane Ribeiro, disse que a sócia majoritária da Truston International é a nora dele, a empresária Lara Severino Vargas. Disse também que, na segunda-feira, vendeu a Paulo de Abreu o controle acionário do hotel. Afirmou ainda que ele é dono de 60% do prédio onde funciona o Saint Peter. Os outros 40% são de Paulo Naya, filho do ex-deputado Sérgio Naya, que construiu o hotel.

RANKING DA CORRUPÇÃO

Postado por Berto Fiho

Está no site "Contas Abertas".um assunto de interesse das ruas e dor de cabeça permanente de quem governa : o ranking da percepção da corrupção.
O link da matéria abaixo é :
O texto é de Dyelle Menezes

Brasil cai em índice de percepção de corrupção
No ano em que a corrupção foi colocada atrás das grades no Brasil, o país ficou na 72ª colocação, entre 177 países, no índice de Percepção da Corrupção de 2013. A colocação brasileira representa queda de três posições em relação ao mesmo estudo no ano passado, quando o Brasil ocupou a 69ª posição.

O estudo é realizado pela Transparência Internacional (TI), organização da sociedade civil que luta contra a corrupção. A edição deste ano do projeto conferiu ao Brasil a nota 42, em uma escala de 0 (mais corrupção) a 100 (menos corrupção). No ano passado, o Brasil recebeu a nota 43.

O resultado coloca o país como o terceiro mais “limpo” da América do Sul, e compartilha com a África do Sul a liderança das nações que integram o bloco econômico BRICS (países emergentes que mais crescem no mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Além da África do Sul, o Brasil está empatado na 72ª posição com São Tomé e Príncipe, Bósnia e Herzegovina, e Sérvia.
Uma colocação à frente da posição brasileira, com a nota 43, encontram-se Kuwait, Itália e Romênia. Logo atrás, com nota 41, vêm Bulgária, Senegal e Tunísia.

Já entre os vizinhos de continente, o Brasil posicionou-se como o terceiro melhor, perdendo para Uruguai e Chile, que apresentam pontuação de 73 e 71, respectivamente. Os países, que ocupam as 19ª e 22ª colocações, tradicionalmente lideram na América do Sul. Atrás do Brasil ficaram, pela ordem: Peru (38 pontos, 83ª posição), Colômbia (36, 94ª), Equador (35, 102ª), Argentina (34, 106ª), Bolívia (34, 106ª), Paraguai (24, 150ª) e Venezuela (20, 160ª).

A maioria dos países da América do Sul faz parte dos mais de dois terços do total de nações que em 2013 que ficaram com a pontuação do índice abaixo de 50. “O Índice de Percepção da Corrupção 2013 demonstra que os países ainda enfrentam a ameaça da corrupção em todos os níveis de governo, desde a emissão de licenças até a execução das leis e regulamentos”, avaliou Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional.

Resultados gerais
O Índice de Percepção da Corrupção 2013 avaliou 177 países. No topo da lista dos “menos corruptos” houve um empate: Dinamarca e Nova Zelândia dividiram a primeira posição, com 91 pontos cada. A Finlândia, que ano passado também ocupou a primeira posição, caiu para segundo lugar junto com a Suécia (nota 89).

Já a “lanterna” do Índice foi dividida por um trio de nações: Afeganistão, Coreia do Norte e Somália, cada um com oito pontos. Os mesmos países ficaram na ponta de baixo do ranking no ano passado, com a mesma nota obtida em 2013.

Apenas 54 países avaliados alcançaram nota superior a 50, que é exatamente a metade da pontuação máxima.

Para Labelle, os melhores desempenhos revelam claramente como a transparência impulsiona a prestação de contas e pode deter a corrupção. “Mesmo as melhores performances ainda precisam enfrentar questões como improbidade administrativa do Estado, financiamento de campanhas e supervisão de grandes contratos públicos, que continuam a ser grandes pontos de corrupção”, explicou.

Corrupção no setor público ameaça minar iniciativas globais
A corrupção no setor público continua a ser um dos maiores desafios do mundo, segundo a Transparência Internacional. De acordo com a ONG, as instituições públicas precisam ser mais abertas sobre sua forma de trabalhar e os funcionários devem ser mais transparentes em suas tomadas de decisão. “A corrupção permanece notoriamente difícil de investigar e levar a julgamento”, alertou a TI.

A entidade alertou para o fato de que os futuros esforços mundiais para responder às mudanças climáticas, crises econômicas e à pobreza extrema enfrentarão um obstáculo enorme na forma de corrupção. “Os organismos internacionais, como o G20, devem reprimir a lavagem de dinheiro, tornar as empresas mais transparentes e buscar o retorno de bens roubados”, apontou a ONG.

“É hora de parar aqueles que cometem atos de corrupção e escapam. As brechas legais e a falta de vontade política dos governos facilitam, tanto a nível interno quanto internacionais, a corrupção. Isso é uma das razões para a intensificação dos nossos esforços para combater a impunidade dos corruptos”, concluiu Labelle.

O Índice
Criado em 1995, o Índice de Percepção da Corrupção é um projeto anual da ONG Transparência Internacional que classifica os países de acordo com o nível de corrupção que se percebe nos governos de cada um. O Índice é montado combinando-se pesquisas internacionais de diversas entidades especializadas no setor.

Segundo a Transparência Internacional, escolheu-se montar uma classificação subjetiva, baseada em níveis percebidos e aparentes, porque a corrupção é uma prática que não deixa dados empíricos sólidos para serem analisados.

A partir de 2012, a fórmula para a construção do ranking do Índice passou a ser simplificada e a usar, para cada país, dados apenas do ano corrente. De acordo com a ONG, essa nova metodologia refletirá melhor as transformações de cada país na luta contra a corrupção e também permitirá comparações ano-a-ano mais claras e diretas.

Veja mais em : http://contasabertas.postbox.com.br/website/arquivos/7136#sthash.2uzeMoHN.dpuf


A MULHER DO CAFEZINHO

Postado por Berto Filho

Para descontrair.
Dois leões fugiram do jardim zoológico.
Na fuga, separaram-se para despistar os perseguidores.
Um dos leões fugiu para a floresta e outro para o centro da cidade. Tão bem escondidos que ninguém os encontrou. Tinham sumido.
Depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que havia fugido para a floresta voltou. E voltou magro, faminto e alquebrado.
Nem parecia mais um assustador leão. Só foi aceito de volta no zoo por questão de humanidade. Assim, foi reconduzido à sua jaula.  
Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrava do outro leão, até que certo dia ele foi recapturado. Voltou para o jardim zoológico gordo, sadio, vendendo saúde. 
 Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para a floresta, interpela o colega:
- Como é que você conseguiu ficar na cidade tanto tempo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para a mata, tive que pedir clemência porque não encontrava o que comer. Vai, me diz como?
O outro leão então explicou:
- Enchi-me de coragem e fui me esconder numa repartição pública.
Cada dia comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.
- E por que voltou para cá? Tinham acabado os funcionários?
- Nada disso. Funcionário público é coisa que nunca acaba.
É que eu cometi um erro infantil.
- Qual foi? - conta logo, vai!!
- Comecei comendo um diretor, um diretor de serviços, um chefe de divisão, um chefe de repartição, um chefe de seção, funcionários diversos e ninguém deu por falta deles! No dia em que eu comi a mulher do cafezinho, aí danou !!!

domingo, 1 de dezembro de 2013

A AVAAZ E O FIM DO VOTO SECRETO

Postado por Berto Filho

Recebi da Avaaz um e-mail, que reproduzo logo depois desse introito. É auto-explicativo do papel que desempenhou para o fim do voto secreto no Congesso, ainda que parcial mas expressivo no seu efeito moralizador. Como está no e-mail, essa organização de atuação mundial foi protagonista aguerrida e decisiva na enorme pressão popular que determinou a derrubada.no Congresso, do voto secreto para cassações de mandatos e apreciação de vetos presidenciais.


Link para o vídeo sobre a atuação dos voluntário da Avaaz no aeroporto de Brasilia no dia da votação : :
https://avaaz.org/po/como_abrimos_o_voto/?rb

Conforme o site avaaz.org, a AVAAZ, palavra que significa "voz" em várias línguas europeias, do Oriente Médio e asiáticas, foi lançada em 2007 com uma simples missão democrática: mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem. Mobiliza milhões de pessoas de todo tipo para agirem em causas internacionais urgentes, desde pobreza global até os conflitos no Oriente Médio e mudanças climáticas. O modelo de mobilização online permite que milhares de ações indivíduais, apesar de pequenas, possam ser combinadas em uma poderosa força coletiva.

Operando em 15 línguas por uma equipe profissional em quatro continentes e voluntários de todo o planeta, a comunidade Avaaz se mobiliza assinando petições, financiando campanhas de anúncios, enviando emails e telefonando para governos, organizando protestos e eventos nas ruas, tudo isso para garantir que os valores e visões da sociedade civil global informem as decisões governamentais que afetam todos nós.

Nesse site, você vai encontrar mais detalhes sobre a como entidade atua e porque é tão eficiente e confiável.

A seguir, o teor da mensagem que recebi da Avaaz
por e-mail.

“Nós conseguimos! O Congresso finalmente acabou com o voto secreto para cassação de mandatos de parlamentares. Nossa comunidade esteve por trás de cada etapa. Esta semana, o Senador Rodrigo Rollemberg disse que a nossa vitória só foi possível “graças à participação da sociedade, e a Avaaz teve um papel fundamental ao levar a voz de tanta gente para o Congresso Nacional."

É uma vitória enorme. Dá para dizer que políticos condenados ou envolvidos em esquemas de corrupção – como Donadon e Jaqueline Roriz, por exemplo – não vão mais conseguir se manter no poder por meio de acordos, chantagem e intimidação em troca de proteção. Com o voto aberto, nenhum político vai arriscar sua reputação para salvar corruptos e condenados. A cada semana, a cada ano, essa mudança vai limpar nosso Parlamento e nossa política.

Nos disseram que era impossível. Que éramos ingênuos e que os interesses envolvidos estavam enraizados no Congresso. Mas nós insistimos, dia após dia, e juntos fizemos do impossível o inevitável, fortalecendo nossa democracia.

Nós colocamos o assunto na agenda do Congresso
Após anos de tentativas de deputados e senadores para acabar com o voto secreto, em junho de 2012 tivemos uma oportunidade única para isso. A comunidade da Avaaz, então, tomou uma atitude. Em questão de dias, 110 mil membros assinaram a petição urgente, exigindo que o Congresso aprovasse a proposta de emenda constitucional. Nossa campanha fez barulho, pegando o Senado de surpresa e forçando a aprovação da votação, levando à Câmara de Deputados a proposta de voto aberto para cassação de mandatos. Foi o passo inicial de todo o processo.

O movimento cresceu
A PEC perdeu força na Câmara mas, com a eleição ultrajante de Renan Calheiros à presidência do Senado, a indignação pública veio à tona. Em poucos dias, centenas de milhares de nós nos juntamos ao apelo do senador Pedro Taques por eleições transparentes para a presidência do Congresso. Esse apoio foi sentido em Brasília, que achava que a pressão já havia minguado. Em seguida, os gigantes protestos de rua entraram em erupção e nossa petição disparou para 400 mil assinaturas exigindo "Voto aberto já!". Os políticos já não podiam mais se dar ao luxo de ficarem quietos, e um número cada vez maior passou a apoiar o projeto.

Vencemos a primeira batalha
Com a votação na Câmara chegando mais perto, a pressão aumentou. No dia do voto, nós da equipe da Avaaz recebemos deputados no aeroporto de Brasília e, com toda a imprensa presente, os encurralamos um a um, perguntando como votariam. Depois, entregamos as vozes de 650 mil brasileiros diretamente em plenário. Nossa pressão olho no olho funcionou. Mais tarde, naquele mesmo dia, o projeto de lei foi aprovado. O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, disse que o sucesso deveu-se à pressão popular.

Renan e seus aliados reagem
A proposta foi então enviada para o Senado, e o momento era nosso. Mas alguns senadores se sentiram ameaçados pela perda de sua arma mais poderosa: o sigilo. Renan e seus aliados começaram a se mobilizar para impedir a votação, usando as estratégias de sempre – trabalhando nos bastidores para fechar acordos suspeitos.

Mas quando ele estava na iminência de acabar com a proposta na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, os membros da Avaaz deram as caras. Sabendo que apenas grande pressão popular poderia salvar o voto aberto, um grupo tirou suas roupas e mandou a seguinte mensagem ao Senado: “Nós não temos nada a esconder. E você, senador?” Em menos de três horas, o protesto estava na primeira página de sites de notícias do mundo todo, e a CCJ não podia mais resistir. A proposta foi aprovada e enviada ao plenário.

Superamos os obstáculos, e ganhamos na reta final
Nós sabíamos que haveria estratégias para atrasar a votação, e que o placar seria apertado, então próximo à votação em plenário aumentamos a pressão. A maior parte dos senadores raramente ouve o povo sobre uma votação, mas juntos nós fizemos com que eles fossem bombardeados com mensagens e telefonemas. Nós os surpreendemos com dezenas de milhares de mensagens no Facebook, tuítes e telefonemas diretamente aos gabinetes – tantos que as linhas telefônicas ficaram congestionadas!

Então, no dia da votação, nós colocamos pressão em um dos homens mais influentes no Senado: Aécio Neves. A Avaaz sabia que a maioria de seus colegas de partido eram opositores do voto aberto, e muitos achavam que eles não mudariam de posição. Por isso, durante várias horas, membros da Avaaz em Minas Gerais inundaram o gabinete do senador Aécio com centenas de mensagens e telefonemas. A equipe da Avaaz viajou para Brasília e levou as nossas centenas de milhares de vozes diretamente ao senador e ao PSDB. Apesar da oposição de seu partido, Aécio se juntou à maioria e a PEC foi aprovada!

Levou quase um ano e meio, mas o Senado finalmente mudou a Constituição. Agora todas as votações para cassar o mandato de parlamentares e para analisar vetos presidenciais serão decididas por voto aberto!

A luta ainda não acabou. As manobras de Renan Calheiros conseguiram evitar o voto aberto para a eleição da presidência do Senado, o que inevitavelmente o impediria de ser reeleito. Mas o sucesso da nossa campanha nos fez crer que, se seguirmos juntos, podemos nos livrar de Renan. E vamos continuar nossa campanha até que consigamos um Parlamento verdadeiramente limpo.

Esta vitória pertence a todos nós. Pertence a cada pessoa que assinou a petição, fez um telefonema ou enviou um tuíte ou mensagem no Facebook, a cada encontro realizado com parlamentares. Tudo isso junto fez a diferença. O movimento Avaaz conduziu esse apelo popular mês após mês até acabarmos com o voto secreto, contra todos os desafios. No final, nós vencemos.

Chegou a hora de comemorarmos. E, depois, vamos voltar à luta pela democracia que merecemos, na qual os votos de nossos representantes serão totalmente transparentes e abertos para seus eleitores. Somos quase 6 milhões de membros no Brasil, e podemos acabar com a corrupção. De fato, apenas o céu é o limite para o que podemos fazer juntos."

FROTA RECORDISTA : MAIS ACIDENTES, MENOS HORAS TRABALHADAS, PIB MENOR

Postado por Berto Filho

Dentro de mais 2 ou 3 anos, nessa velocidade de expansão de sua frota automotiva, o Brasil vai alcançar 1 veículo por habitante.

E o sistema viário ? Aguenta ? Pôr mais carros e motos nas mesmas ruas e estradas mal conservadas e esburacadas (dogma da indústria automotiva e suas redes de concessionárias) só é bom para montadoras, fábricas de autopeças, donos de estacionamentos, fabricantes de asfalto, lombadas e pardais, prefeituras, DERs e Detrans (mais multas), fabricantes de biscoitos (camelôs na estrada), oficinas mecânicas (coitada da suspensão !), seguradoras, consultórios médicos (mais gente para atender) e outros segmentos dp circuito veículo-motorista-rua, mas é péssimo para quem dirige (mais acidentes) e para o pedestre, que não tem um sistema de transporte de massa à altura de suas necessidades.. Congestionamentos quilométricos agravados por chuvas, calor excessivo, mau tempo e irritação causam estresse, aumentam os atrasos, reduzem o número de reuniões de trabalho e horas trabalhadas, fazem perder a vontade de viajar, etc, e, por isso, influem negativamente no PIB.

Transporte público de massa com o conforto do automóvel e maior rapidez de ir e vir (para que a pessoa deixe o carro na garagem) pelo jeito vai levar muito tempo para equilibrar oferta e demanda nas regiões metropolitanas porque as soluções são demoradas, caras e a sociedade não confia nos gestores dos sistemas de transporte público. As manifestações de junho já davam conta disso.

Agora, durma-se com um barulho desse : a frota brasileira cresceu 123% em 10 anos e alcançou 80 milhões enquanto a população aumentou apenas 11% no período. Alguma coisa está errada, não acha ? 

 Como assinala a reportagem publicada no jornal O Globo de hoje, “é como se todos os moradores de uma única cidade, como Cardoso Moreira, no Norte Fluminense, adquirissem pelo menos um carro ou uma moto diariamente.”

Na matéria mencionada. Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), afirma que o aumento de mortes e de pessoas internadas, em consequência dos acidentes de trânsito, se deve a uma junção de fatores. São mais motoristas mal formados percorrendo as vias das cidades e não há punição na mesma medida que as irregularidades acontecem. Segundo ele, a formação dos motoristas, da forma como é hoje, é ineficiente e se baseia somente no que vai cair na prova do Detran. Os condutores não saem preparados para dirigir nas adversidades, como na neblina, por exemplo, além de normalmente não aprenderem direção defensiva.

— Existe negligência por parte do governo. Há falta de fiscalização e de punição severa. O motorista não respeita o sinal, pára na faixa de pedestre, não usa o cinto, desobedecendo ao que é proposto pelo Código de Trânsito. Tudo isso é somado à má condução, porque os cursos são ineficientes, ensinam o sujeito a andar a 30, 40 km por hora, a subir uma ladeira e não deixar o carro recuar, a fazer baliza. O sujeito faz a prova fazendo essas ações. Fazendo tudo direitinho, o governo autoriza a dar uma arma na mão do sujeito que desconhece todas as adversidades no trânsito. Ele não aprendeu nada, só a fazer o carro a andar — afirmou Dirceu.

É, estamos mal.

JUST IN TIME COM MAYSA

Postado por Berto Filho

Ouvir Maysa cantando, ainda mais em inglês, é uma viagem. Então, compartilhe.  Na cabine do comandante.

http://www.rdio.com/artist/Maysa/album/Maysa_3/track/Just_In_Time/

OBAMA : UM NOVO COMEÇO COM O ISLÃ

Postado por Berto Filho

Parece notícia internacional requentada mas não é. É o texto do discurso histórico de Obama no Cairo, em 2009, sobre o "novo começo" com o mundo islâmico, cheio de ricos ensinamentos também para o mundo não islâmico. De vez em quando é bom olhar pelo retrovisor para monitorar o presente e sacar o futuro. Quando arquivei o discurso de Obama, escrevi o comentário abaixo. Passaram-se 4 anos mas ambos são atuais.  De lá para cá, a novidade mais promissora é a 
suposta distensão nas relações do Irâ com os EUA e o mundo ocidental, iniciada pelo novo presidente Hassan Rohani que, para sinalizar boa vontade no desejo de suspensão do embargo econômico que já dura 34 anos e resultou no quase isolamento do país em relação ao resto do mundo, admitiu, na ONU, que o Holocausto aconteceu, chamou Israel de Israel (e não de "estado sionista") e levantou especulações sobre se o Irã levará para a mesa de negociações o fato de Israel ter armas nucleares. A  tendência é Rouhani condicionar o fim do programa nuclear iraniano a um Oriente Médio livre de armas atômicas, o que equivale a exigir, como reciprocidade, a destruição simultânea do arsenal atômico de Israel. Você acredita nisso? Obama, em seu discurso, prega isso.

Meu comentário de 2009

É um discurso corajoso, inteligente, de um cristão de bom senso.  A nova posição de não alinhamento automático pró-Israel que marcou as gestões anteriores, principalmente a de Bush, faz parte da nova estratégia americana para melhorar sua imagem no mundo, disseminando a disposição de se reaproximar, cautelosa e realisticamente, sem promessas extravagantes ou impossíveis de serem cumpridas, do mundo islâmico, neutralizar, desarmar ou pelo menos minimizar potenciais ameaças de presumível procedência muçulmana contra alvos (instalações e gente) americanos no mundo e preparar o caminho para uma solução de paz duradoura no Oriente Médio, incluindo o recíproco reconhecimento do estado judeu e da nação palestina por ambos os lados. Também é uma forma de afastar suspeitas - muito forte no período Bush - de iminentes guerras preventivas (invasão do Irã ou retaliação militar contra a Coréia do Norte, seguindo o modelo de invasão do Iraque) e de se apoderar de subsolos energéticos (petróleo e gás) estratégicos para os planos de desenvolvimento econômico de longo prazo dos Estados Unidos - por ora congelados em função de ações severas de contenção da crise interna americana que contaminou as demais economias. Esse discurso pode ser interpretado também como parte do processo de desarmamento dos espíritos árabes no sentido de que torna viável aos Estados Unidos, a médio e longo prazo, se a distensão for aprofundada de forma coerente, assegurar a continuidade da provisão das reservas de petróleo de países muçulmanos dentro de regras comerciais legitimadas pela comunidade internacional.

Dessa forma, seria progressivamente enfraquecida a imagem da águia americana como um país predador que quer se apoderar a qualquer custo das reservas mundiais de energia para seus próprios fins, inclusive militares, de fortalecimento econômico interno e de dominação mundial.

É também um discurso voltado para a sociedade americana, majoritariamente contra a invasão e a ocupação do Iraque, que anseia pela volta de seus soldados.

Obama tem carisma, é aceito mundialmente e está cumprindo com inteligência o papel do personagem ideal que o poder americano precisa para disseminar a imagem de um país que quer, pelo menos por enquanto e até prova em contrário, ser percebido não mais como um império arrogante e belicista, mas como uma nação democrática que pretende alcançar a paz mundial em todas as frentes. Uma paz desarmada, sem faca nos dentes, mas com muito poder bélico persuasivo por trás de sorrisos, abraços fraternais e discursos pacifistas. Uma paz que terá que ser continuamente negociada com as armas da diplomacia, e dentro das regras da ONU, sempre que os Estados Unidos estiverem presentes na intermediação dos potenciais conflitos mundiais. Sem esquecer que a indústria bélica americana não se conformará em reduzir sua produção e que a colocação dessa produção no mundo requer a continuação dos conflitos antigos e a eclosão de novas guerras limitadas. Não há produção nem distribuição sem consumo, igual às drogas.


Introdução ao discurso de Obama elaborada por um jornalista que cobriu o evento 
Washington, 2009 – O presidente Barack Obama fez um discurso histórico sobre as relações dos EUA com o mundo islâmico no Cairo. Obama expressou recentemente seu objetivo de “aproveitar essa oportunidade para apresentar uma mensagem mais ampla sobre como os Estados Unidos podem mudar para melhor suas relações com o mundo islâmico.” A mensagem do presidente deu continuidade ao seu crescente engajamento com o mundo islâmico, que começou com seu discurso de posse e continuou com sua entrevista para a TV árabe Al Arabiya, sua declaração em vídeo ao povo Iraniano durante a celebração do Nowruz, e seu discurso na Turquia.

Obama delineou seu compromisso pessoal com um engajamento baseado em objetivos partilhados e em respeito mútuo. Ele enfocou temas específicos que causam preocupação, como o extremismo violento e o conflito Palestino-Israelense. Também falou sobre novas areas para parcerias voltadas para o futuro que servem aos interesses de todos os nossos povos.

Pronunciamento do presidente Barack Obama no Cairo, Egito: Um novo começo

Sinto-me honrado por me encontrar na cidade eterna do Cairo e ser recebido por duas instituições notáveis. Por mais de mil anos, a Al-Azhar tem servido como farol do saber islâmico e, por mais de um século, a Universidade do Cairo tem sido uma fonte do avanço do Egito. Juntas, vocês representam a harmonia entre tradição e progresso. Agradeço sua hospitalidade e a hospitalidade do povo egípcio. Também sinto orgulho em trazer comigo a boa vontade do povo americano e a saudação de paz das comunidades muçulmanas do meu país: assalaamu alaykum.

Encontramo-nos em uma época de tensão entre os Estados Unidos e os muçulmanos do mundo todo – tensão essa arraigada nas forças históricas que vão bem além de qualquer debate atual sobre políticas. A relação entre o Islã e o Ocidente abrange séculos de coexistência e cooperação, mas também de conflitos e guerras religiosas. Mais recentemente, a tensão tem sido fomentada pelo colonialismo que negou direitos e oportunidades a muitos muçulmanos e por uma Guerra Fria na qual os países de maioria muçulmana eram tratados, com frequência maior do que desejável, como aliados cujas próprias aspirações não eram levadas em consideração. Além disso, a mudança avassaladora resultante da modernidade e da globalização levou muitos muçulmanos a verem o Ocidente como sendo hostil às tradições do Islã.

Extremistas violentos exploraram essas tensões em uma pequena, mas poderosa, minoria de muçulmanos. Os atentados de 11 de setembro de 2001 e os esforços contínuos desses extremistas para cometer atos de violência contra civis levaram alguns em meu país a ver o Islã como inevitavelmente hostil não apenas aos Estados Unidos e aos países ocidentais, mas também aos direitos humanos. Isso gerou mais medo e desconfiança.

Enquanto nossas relações forem definidas por nossas diferenças, fortaleceremos aqueles que semeiam mais ódio do que paz e que promovem o conflito em vez da cooperação que pode ajudar todos os nossos povos a alcançar justiça e prosperidade. Esse ciclo de suspeita e discórdia precisa acabar.

Vim aqui em busca de um novo começo entre os Estados Unidos e os muçulmanos do mundo todo; um novo começo com base no interesse e no respeito mútuos; um novo começo baseado na verdade de que os Estados Unidos e o Islã não são excludentes e não precisam estar em competição. Em vez disso, eles se sobrepõem e partilham princípios comuns – princípios de justiça e progresso; tolerância e a dignidade de todos os seres humanos.

Faço isso reconhecendo que as mudanças não podem ocorrer da noite para o dia. Nenhum discurso pode erradicar anos de desconfiança, nem posso responder no tempo que tenho todas as questões complexas que nos trouxeram a este ponto. Mas estou convencido de que para que possamos avançar, precisamos expressar de forma aberta o que sentimos em nossos corações, coisas que muitas vezes são ditas apenas a portas fechadas. É preciso que haja um esforço sustentado para um escutar o outro; aprender um com o outro; respeitar um ao outro; e buscar pontos em comum. Como o Sagrado Alcorão nos diz: "Tenha consciência de Deus e fale sempre a verdade." Isso é o que vou tentar fazer – falar a verdade da melhor maneira possível, com humildade diante da tarefa que temos à nossa frente, e firme na minha crença de que os interesses que partilhamos como seres humanos são muito mais poderosos do que as forças que nos separam.

Parte dessa convicção vem da minha própria experiência. Sou cristão, mas meu pai descendia de uma família do Quênia que engloba gerações de muçulmanos. Quando menino, passei vários anos na Indonésia e ouvia o chamado do azaan ao raiar do dia e no cair do crepúsculo. Quando jovem, trabalhei em comunidades de Chicago onde muitos encontravam paz e dignidade na fé muçulmana.

Como estudante de história, também conheço a grande dívida da civilização com o Islã. Foi o Islã – em lugares como a Universidade de Al-Azhar – que transmitiu a luz do saber por tantos séculos, preparando o caminho para a Renascença e o Iluminismo na Europa. Foi essa inovação nas comunidades muçulmanas que desenvolveu a ordem da álgebra; nosso compasso magnético e instrumentos de navegação; nosso domínio de canetas e impressão; nosso entendimento sobre a disseminação de uma doença e como curá-la. A cultura islâmica tem nos dado arcos majestosos e torres pontiagudas pairando nos ares; poesia atemporal e música acariciante; caligrafia elegante e lugares de contemplação repletos de paz. E no curso da história, o Islã tem demonstrado por meio de palavras e ações as possibilidades da tolerância religiosa e da igualdade racial.

Também sei que o Islã tem sempre sido parte da história dos Estados Unidos. A primeira nação a reconhecer o meus país foi o Marrocos. Ao assinar o Tratado de Trípoli em 1796, nosso segundo presidente, John Adams, escreveu: "Os Estados Unidos não têm em si mesmos nenhum caráter de inimizade contra as leis, a religião ou a tranquilidade dos muçulmanos." E desde nossa fundação, os muçulmano-americanos enriqueceram os Estados Unidos. Lutaram em nossas guerras, serviram no governo, defenderam os direitos civis, abriram empresas, ensinaram em nossas universidades, distinguiram-se em nossas arenas esportivas, ganharam Prêmios Nobel, construíram nosso edifício mais alto e acenderam a Tocha Olímpica. E, quando o primeiro muçulmano-americano foi eleito para o Congresso, ele prestou o juramento de defender nossa Constituição usando o mesmo Sagrado Alcorão que um dos nossos pais fundadores da nação – Thomas Jefferson – conservava em sua biblioteca pessoal.

Portanto, conheci o Islã em três continentes antes de vir à região onde ele foi revelado pela primeira vez. Essa experiência orienta minha convicção de que a parceria entre os Estados Unidos e o Islã deve se basear naquilo que é o Islã, não naquilo que não é. E considero parte da minha responsabilidade como presidente dos Estados Unidos lutar contra estereótipos negativos do Islã onde quer que surjam.

Mas esse mesmo princípio deve se aplicar à percepção muçulmana sobre os Estados Unidos Assim como os muçulmanos não se enquadram em um estereótipo rudimentar, os Estados Unidos não são o estereótipo rudimentar de um império autocentrado. Os Estados Unidos têm sido uma das maiores fontes de progresso que o mundo já conheceu. Nascemos de uma revolução contra um império. Nosso país foi fundado com base no ideal de que todos são criados iguais, e derramamos sangue e lutamos durante séculos para imprimir significado a essas palavras – dentro de nossas fronteiras e no mundo todo. Somos formados por todas as culturas, provenientes de todos os cantos da Terra e dedicados a um conceito simples: E pluribus unum: "A partir de muitos, um."

Muito se falou do fato de que um afro-americano com o nome de Barack Hussein Obama pudesse ser eleito presidente. Mas minha história pessoal não é tão original. O sonho da oportunidade para todos não se tornou realidade para todas as pessoas nos Estados Unidos, mas a promessa existe para todos que chegam à nossa terra – isso inclui cerca de 7 milhões de muçulmano-americanos em nosso país hoje que desfrutam de renda e educação acima da média.

Além disso, a liberdade nos Estados Unidos é indissociável da liberdade da prática religiosa. Por isso existe uma mesquita em todos os estados da nossa União e mais de 1.200 mesquitas dentro das nossas fronteiras. Por essa razão o governo dos EUA foi à Justiça para proteger o direito de mulheres e crianças de usar o hijab e para punir aqueles que o impedissem.

Portanto, que não haja dúvida: o Islã é parte dos Estados Unidos. E acredito que os Estados Unidos mantêm dentro de si a verdade de que, independentemente de raça, religião ou posição na vida, todos nós compartilhamos de aspirações comuns – viver em paz e segurança; ter acesso à educação e trabalhar com dignidade; amar nossos familiares, nossas comunidades e nosso Deus. Essas coisas nós compartilhamos. Essa é a esperança de toda a humanidade.

Evidentemente, o reconhecimento do humano que há em todos nós é apenas o início da nossa tarefa. Palavras apenas não podem atender às necessidades de nossos povos. Essas necessidades serão atendidas apenas se agirmos com coragem nos próximos anos; e se entendermos que os desafios enfrentados são os mesmos, e nosso fracasso em superá-los prejudicará a todos nós.

Aprendemos com a experiência recente que, quando um sistema financeiro se enfraquece em um país, a prosperidade é prejudicada em todos os lugares. Quando uma nova gripe infecta um ser humano, todos estão em risco. Quando um país busca armas nucleares, aumenta o risco de ataques nucleares em todas as nações. Quando extremistas violentos operam em uma cadeia de montanhas, as pessoas correm perigo por todo um oceano. E quando inocentes na Bósnia e em Darfur são massacrados, isso é uma mancha em nossa consciência coletiva. É isso o que significa compartilhar este mundo no século 21. Essa é a responsabilidade que temos uns com os outros como seres humanos.

Essa é uma responsabilidade difícil de assumir. Pois a história da humanidade tem sido muitas vezes um registro de nações e tribos subjugando uns aos outros em nome de seus próprios interesses. Contudo, nesta nova era, tais atitudes são contraproducentes. Dada a nossa interdependência, qualquer ordem mundial que exalte uma nação ou grupo de pessoas em detrimento de outro fracassará inevitavelmente. Portanto, seja qual for nosso pensamento sobre o passado, não podemos dele ficar prisioneiros. Nossos problemas devem ser enfrentados por meio de parceria; o progresso deve ser compartilhado.

Isso não significa que devamos ignorar fontes de tensão. Na verdade, isso sugere o oposto: devemos enfrentar essas tensões com firmeza. E, assim, com esse espírito, gostaria de falar da maneira mais clara e simples possível sobre algumas questões específicas que, acredito, precisamos finalmente enfrentar juntos.

A primeira questão que temos de enfrentar é o extremismo violento em todas as suas formas.

Em Ancara, deixei claro que os Estados Unidos não estão – e nunca estarão – em guerra com o Islã. Porém, confrontaremos implacavelmente extremistas violentos que ameacem seriamente nossa segurança. Pois rejeitamos a mesma coisa que pessoas de todas as fés rejeitam: a matança de homens, mulheres e crianças inocentes. E meu primeiro dever como presidente é proteger o povo americano.

A situação no Afeganistão demonstra as metas dos Estados Unidos e nossa necessidade de trabalhar juntos. Há mais de sete anos, os Estados Unidos perseguiram a Al Qaeda e o Taleban com amplo apoio internacional. Não o fizemos por escolha, mas por necessidade. Sei que alguns questionam ou justificam os eventos de 11 de setembro. Mas sejamos claros: a Al Qaeda matou cerca de 3 mil pessoas naquele dia. As vítimas foram homens, mulheres e crianças inocentes dos Estados Unidos e de muitas outras nações que não haviam feito nada para prejudicar ninguém. E, no entanto, a Al Qaeda optou por assassinar essas pessoas sem dó nem piedade, reivindicou o crédito pelo atentado e mesmo hoje declara constantemente sua determinação de matar de novo em escala maciça. Eles têm afiliados em muitos países e estão tentando expandir seu alcance. Essas não são opiniões a serem discutidas; esses são fatos a serem enfrentados.

Não se iludam: não queremos manter nossas tropas no Afeganistão. Não buscamos bases militares lá. É angustiante para os Estados Unidos perder nossos homens e mulheres jovens. É oneroso e politicamente difícil continuar esse conflito. Levaríamos com prazer cada um dos nossos soldados de volta para casa se pudéssemos ter certeza de que não há extremistas violentos no Afeganistão e no Paquistão determinados a matar tantos americanos quanto puderem. Mas ainda não é o caso.

É por isso que estamos fazendo uma parceria com uma coalizão de 46 países. E, apesar dos custos envolvidos, o compromisso dos Estados Unidos continuará inabalável. Na verdade, nenhum de nós deve tolerar esses extremistas. Eles já mataram em muitos países. Mataram pessoas de diversos credos – acima de tudo, mataram muçulmanos. Seus atos são irreconciliáveis com os direitos dos seres humanos, com o progresso das nações e com o Islã. O Sagrado Alcorão ensina que quem mata um inocente é como se tivesse matado toda a humanidade; e que quem salva uma pessoa é como se tivesse salvo toda a humanidade. A fé inabalável de mais de um bilhão de pessoas é muito maior que o ódio mesquinho de uns poucos. O Islã não é parte do problema de combater o extremismo violento – é parte importante da promoção da paz.

Sabemos também que o poder militar sozinho não resolverá os problemas no Afeganistão e no Paquistão. É por isso que pretendemos investir US$ 1,5 bilhão por ano nos próximos cinco anos para formar uma parceria com os paquistaneses na construção de escolas e hospitais, estradas e empresas, além de centenas de milhões em ajuda aos desabrigados. E é por isso que estamos concedendo mais de US$ 2,8 bilhões para ajudar os afegãos a desenvolver a economia e fornecer serviços dos quais as pessoas dependem.

Vamos falar também da questão do Iraque. Ao contrário da guerra do Afeganistão, a guerra do Iraque foi uma escolha que provocou fortes divergências em meu país e no mundo inteiro. Embora acredite que o povo do Iraque esteja, em última análise, melhor sem a tirania de Saddam Hussein, acredito também que os acontecimentos no Iraque lembraram os Estados Unidos da necessidade de usar a diplomacia e obter consenso internacional para resolver nossos problemas sempre que possível. De fato, podemos rememorar as palavras de Thomas Jefferson, que disse: "Espero que nossa sabedoria cresça com nosso poder e nos ensine que quanto menos o usarmos tanto maior ele será."

Atualmente, os Estados Unidos têm dupla responsabilidade: ajudar o Iraque a forjar um futuro melhor – e deixar o Iraque para os iraquianos. Deixei claro para o povo iraquiano que não buscamos bases nem reivindicamos nada de seu território ou recursos. A soberania do Iraque é dele mesmo. É por isso que ordenei a retirada de nossas brigadas de combate até agosto próximo. É por isso que honraremos nosso acordo com o governo do Iraque, democraticamente eleito, de retirar as tropas de combate das cidades iraquianas até julho e de retirar do Iraque todos os nossos soldados até 2012. Ajudaremos o Iraque a treinar suas Forças de Segurança e a desenvolver sua economia. Mas apoiaremos um Iraque seguro e unido como parceiros, jamais como patronos.

Finalmente, assim como os Estados Unidos jamais poderão tolerar a violência dos extremistas, não devemos nunca alterar nossos princípios. O 11 de Setembro foi um trauma enorme para nosso país. O medo e a raiva que provocou foram compreensíveis, mas em alguns casos nos levaram a agir de modo contrário aos nossos ideais. Estamos adotando ações concretas para mudar de rumo. Proibimos inequivocamente o uso de tortura pelos Estados Unidos, e ordenei que a prisão da Baía de Guantánamo fosse fechada no início do próximo ano.

Assim, os Estados Unidos se defenderão respeitando a soberania das nações e o Estado de Direito. E faremos isso em parceria com as comunidades muçulmanas que também estão ameaçadas. Quanto mais cedo os extremistas forem isolados e mal vistos nas comunidades muçulmanas, o quanto antes estaremos mais seguros.

A segunda maior fonte de tensão que precisamos discutir é a situação entre os israelenses, os palestinos e o mundo árabe.

Os fortes laços dos Estados Unidos com Israel são bem conhecidos. Essa ligação é inquebrantável. Ela se baseia em laços culturais e históricos e no reconhecimento de que a aspiração por uma pátria judaica está arraigada em uma história trágica que não pode ser negada.

Em todo o mundo, o povo judeu foi perseguido durante séculos, e o antissemitismo culminou em um holocausto sem precedentes. Amanhã visitarei Buchenwald, que foi parte de uma rede de campos onde os judeus eram escravizados, torturados, mortos a tiros e em câmaras de gás pelo Terceiro Reich. Seis milhões de judeus foram mortos – mais do que toda a população judaica atual de Israel. Negar esse fato não tem fundamento, é ignorante e odioso. Ameaçar Israel com sua destruição – ou repetir estereótipos vis sobre os judeus – é profundamente errado e serve somente para evocar na mente dos israelenses essa penosíssima memória e ao mesmo tempo impede a paz que o povo dessa região merece.

Por outro lado, também é inegável que o povo palestino – muçulmanos e cristãos — sofre em busca por um território. Há mais de 60 anos eles suportam a dor do deslocamento. Muitos esperam em campos de refugiados na Cisjordânia, em Gaza e em terras vizinhas por uma vida de paz e segurança que nunca conseguiram levar. Sofrem as humilhações diárias – grandes e pequenas — que vêm com a ocupação. Portanto, que não haja dúvida: a situação do povo palestino é intolerável. Os Estados Unidos não virarão as costas para a legítima aspiração do povo palestino por dignidade, oportunidade e um Estado seu.

Há décadas, há um impasse: dois povos com aspirações legítimas, cada um com uma história sofrida que torna dificílima uma conciliação. É fácil apontar culpados – para os palestinos culpar o deslocamento provocado pela fundação de Israel, e para os israelenses culpar a hostilidade constante e os ataques lançados contra eles durante toda a sua história de dentro de suas fronteiras e também de fora delas. Mas se virmos esse conflito somente por um lado ou por outro, então estaremos cegos para a verdade: a única solução é que as aspirações de ambos os lados sejam atendidas por meio de dois Estados, onde israelenses e palestinos vivam em paz e segurança.

Esse é um interesse de Israel, da Palestina, dos Estados Unidos e do mundo todo. É por isso que pretendo buscar pessoalmente esse resultado com toda a paciência que a tarefa exige. As obrigações que as partes aceitaram no plano de paz são claras. Para que chegue a paz, é hora de todos nós assumirmos nossas responsabilidades.

Os palestinos devem abandonar a violência. A resistência por meio de violência e morte é equivocada e não tem êxito. Durante séculos, os negros nos Estados Unidos sofreram o açoite dos chicote como escravos e a humilhação da segregação. Mas não foi a violência que conseguiu direitos plenos e iguais. Foi uma insistência pacífica e determinada com os ideais que estão no centro da fundação dos Estados Unidos. Essa mesma história pode ser contada por povos da África do Sul ao Sul da Ásia; do Leste Europeu à Indonésia. É uma história com uma verdade simples: a violência é um beco sem saída. Atirar mísseis em crianças que estão dormindo ou explodir mulheres idosas em um ônibus não é sinal de coragem nem de poder. Não é assim que se conquista autoridade moral; é assim que se renuncia a ela.

Agora é hora de os palestinos se concentrarem no que podem construir. A Autoridade Palestina deve desenvolver sua capacidade de governar, com instituições que atendam às necessidades de seu povo. O Hamas tem apoio entre alguns palestinos, mas eles também têm responsabilidades. Para ajudar a satisfazer as aspirações dos palestinos e para unificar o povo palestino, o Hamas deve pôr fim à violência, reconhecer acordos passados e reconhecer o direito de Israel de existir.

Ao mesmo tempo, os israelenses devem reconhecer que, assim como o direito de Israel existir não pode ser negado, o dos palestinos também não. Os Estados Unidos não aceitam a legitimidade dos contínuos assentamentos de israelenses. Essa construção viola os acordos anteriores e enfraquece os esforços para obtenção da paz. Está na hora de os assentamentos cessarem.

Israel também deve cumprir suas obrigações para garantir que os palestinos possam viver, trabalhar e desenvolver sua sociedade. E assim como devasta as famílias palestinas, a crise humanitária constante em Gaza não ajuda a segurança de Israel, tampouco a constante falta de oportunidades na Cisjordânia. O progresso na vida diária do povo palestino deve ser parte de um caminho para a paz, e Israel deve dar passos concretos para possibilitar esse progresso.

Por fim, os Estados Árabes devem reconhecer que a Iniciativa Árabe de Paz foi um importante começo, mas não o fim de suas responsabilidades. O conflito árabe-israelense não deve mais ser usado para desviar o povo das nações árabes de outros problemas. Pelo contrário, deve ser uma causa de ação para ajudar o povo palestino a desenvolver as instituições que sustentarão seu Estado; reconhecer a legitimidade de Israel; e escolher o progresso em vez de um foco contraproducente no passado.

Os Estados Unidos alinharão suas políticas com aqueles que buscam a paz e dirão em público o que dizem em particular a israelenses, palestinos e árabes. Não podemos impor a paz. Mas, em particular, muitos muçulmanos reconhecem que Israel não irá embora. Do mesmo modo, muitos israelenses reconhecem a necessidade de um Estado palestino. É chegada a hora de agirmos com base naquilo que todos sabem ser verdade.

Já houve lágrimas demais. Já houve sangue demais derramado. Todos nós temos a responsabilidade de batalhar pelo dia em que as mães de israelenses e palestinos possam ver seus filhos crescer sem medo; quando a Terra Santa de três grandes credos for o lugar de paz que Deus quis que fosse; quando Jerusalém for uma terra segura por muito tempo para judeus, cristãos e muçulmanos, e um lugar para todas as crianças de Abraão se misturarem pacificamente como na história de Isra, quando Moisés, Jesus e Maomé (que a paz esteja sobre eles) se reuniram em oração.

A terceira fonte de tensão é nosso interesse compartilhado nos direitos e nas responsabilidades das nações em relação às armas nucleares.

Essa questão tem sido uma fonte de tensão entre os Estados Unidos e a República Islâmica do Irã. Por muitos anos, o Irã definiu-se a si próprio em parte por sua oposição ao meu país, e existe de fato uma história tumultuada entre nós. No meio da Guerra Fria, os Estados Unidos tiveram um papel na derrubada de um governo iraniano eleito democraticamente. Desde a Revolução Islâmica, o Irã participou de sequestros e violência contra soldados e civis americanos. Essa história é bem conhecida. Em vez de ficar preso ao passado, deixei claro para os líderes e o povo do Irã que meu país está preparado para avançar. A pergunta agora não é contra o quê o Irã está, mas sim que futuro deseja construir.

Será difícil superar décadas de desconfiança, mas vamos prosseguir com coragem, integridade e determinação. Haverá muitas questões para serem discutidas entre nossos países, e estamos dispostos a avançar sem precondições, com base do respeito mútuo. Mas está claro para todas as partes envolvidas que, quando se trata de armas nucleares, chegamos a um ponto decisivo. Não se trata simplesmente dos interesses dos Estados Unidos. Trata-se de evitar uma corrida às armas nucleares no Oriente Médio que poderia levar esta região para um caminho extremamente perigoso.

Entendo aqueles que protestam contra o fato de alguns países terem armas que outros não têm. Nenhuma nação deve escolher e determinar que nações devem ter armas nucleares. É por isso que reafirmei enfaticamente o compromisso dos Estados Unidos de lutar por um mundo em que nenhum país tenha armas nucleares. E qualquer nação – inclusive o Irã – deve ter o direito de acesso à energia nuclear para fins pacíficos, desde que observe as responsabilidades definidas no Tratado de Não Proliferação Nuclear. Esse compromisso é parte central do tratado e deve ser observado por todos que o cumprem integralmente. E estou esperançoso de que todos os países da região possam compartilhar essa meta.

A quarta questão que abordarei é a democracia.

Sei que houve controvérsia sobre a promoção da democracia nos últimos anos e que grande parte dessa controvérsia está relacionada com a guerra no Iraque. Quero ser claro: nenhum sistema de governo pode ou deve ser imposto a uma nação por nenhuma outra.

Isso, no entanto, não diminui meu compromisso com governos que representem o desejo do povo. Cada nação dá vida a esse princípio de sua própria forma, com base nas tradições de seu povo. Os Estados Unidos não têm a pretensão de querer saber o que é melhor para todo mundo, assim como não ousaríamos criticar o resultado de uma eleição pacífica. 

Mas tenho uma crença inabalável de que todos os povos anseiam por determinadas coisas: a capacidade de dizer o que pensa e poder opinar sobre a forma como é governado; confiança no Estado de Direito e na administração igualitária da justiça; um governo que seja transparente e não roube o povo; a liberdade de viver como desejar. Essas ideias não são apenas americanas, trata-se de direitos humanos, e é por isso que as apoiaremos seja onde for.

Não existe um caminho direto para concretizar essa promessa. Mas sobre uma coisa não restam dúvidas: governos que protegem esses direitos acabam por ser mais estáveis, bem-sucedidos e seguros. Reprimir ideias jamais consegue eliminá-las. Os Estados Unidos respeitam o direito de todas as pessoas pacíficas e respeitadoras das leis serem ouvidas em todo o mundo, mesmo que não concordemos com elas. E daremos as boas-vindas a todos os governos eleitos pacificamente – desde que governem respeitando seu povo.

Esse último ponto é importante porque há alguns que defendem a democracia somente quando estão fora do poder; uma vez no poder, são implacáveis na supressão dos direitos dos outros. Não importa onde seja, o governo do povo e pelo povo determina um padrão único para todos aqueles que detêm o poder: é preciso manter o poder por meio de consentimento, não de coerção; é preciso respeitar os direitos das minorias e participar com espírito de tolerância e compromisso; é preciso colocar os interesses do seu povo e dos trabalhos legítimos do processo político acima de seu partido. Sem esses ingredientes, só eleições não fazem uma democracia de verdade.

A quinta questão que devemos abordar é a liberdade religiosa.

O Islã tem orgulho da sua tradição de tolerância. Vemos isso na história da Andaluzia e de Córdoba durante a Inquisição. Testemunhei isso diretamente ainda criança na Indonésia, onde cristãos devotos podiam cultuar livremente em um país de maioria muçulmana. É desse espírito que precisamos hoje. Os povos de todos os países devem ser livres para escolher e viver sua fé, com base na convicção da mente, do coração e da alma. Essa tolerância é fundamental para que a religião cresça, mas ela está sendo refutada de diversas maneiras.

Entre alguns muçulmanos, existe uma tendência perturbadora de se medir a crença de uma pessoa pela rejeição da fé de outra. A riqueza da diversidade religiosa deve ser respeitada – seja para os maronitas no Líbano, seja para os coptas no Egito. E as divergências devem ser sanadas entre os muçulmanos também, uma vez que as divisões entre sunitas e xiitas resultaram em trágica violência, particularmente no Iraque.

A liberdade de religião é essencial para que os povos possam viver juntos. Devemos sempre examinar as maneiras pelas quais a protegemos. Por exemplo, nos Estados Unidos, as regras para doações filantrópicas tornaram mais difícil para os muçulmanos cumprir com sua obrigação religiosa do zakat. É por isso que estou comprometido a trabalhar com muçulmano-americanos para garantir que eles possam cumprir o zakat.

Do mesmo modo, é importante que os países ocidentais evitem impedir que os cidadãos muçulmanos pratiquem a religião à sua maneira – por exemplo, ditando que roupa uma muçulmana deve usar. Não podemos disfarçar a hostilidade contra uma religião com o pretexto de liberalismo.

Na verdade, a fé deve nos unir. É por isso que estamos criando projetos de serviço nos Estados Unidos para unir cristãos, muçulmanos e judeus. É por isso que saudamos esforços como o diálogo inter-religioso do rei Abdullah, da Arábia Saudita, e dos líderes da Turquia na Aliança das Civilizações. Em todo o mundo, podemos transformar o diálogo inter-religioso em serviço inter-religioso, de modo que as pontes entre os povos resultem em ações – seja combatendo a malária na África, seja fornecendo ajuda depois de um desastre natural.

A sexta questão que quero abordar são os direitos da mulher.

Sei que há muito debate sobre essa questão. Rejeito a opinião de alguns no Ocidente de que a mulher que escolhe cobrir seu cabelo seja de alguma forma menos igual, mas realmente acredito que a uma mulher que seja negada a educação é negada a igualdade. E não é coincidência que os países que dão boa educação às mulheres têm probabilidade muito maior de serem prósperos.

Agora, permitam-me ser claro: problemas relacionados com a igualdade das mulheres não são de modo algum somente uma questão para o Islã. Na Turquia, no Paquistão, em Bangladesh e na Indonésia, vimos países de maioria muçulmana eleger uma mulher para liderá-los. Enquanto isso, a luta pela igualdade das mulheres continua em muitos aspectos da vida americana e em vários outros países.

Nossas filhas podem contribuir para a sociedade tanto quanto nossos filhos, e nossa prosperidade comum avançará ao permitirmos que toda a humanidade – homens e mulheres – alcancem seu pleno potencial. Não acredito que as mulheres devem fazer as mesmas escolhas dos homens para serem iguais e respeito as mulheres que escolhem viver sua vida em papéis tradicionais. Mas isso deve ser escolha delas. É por isso que os Estados Unidos serão parceiros de qualquer país de maioria muçulmana para apoiar a expansão da alfabetização de meninas e ajudar mulheres jovens a buscar emprego por meio de microfinanciamento que ajuda as pessoas a realizar seus sonhos.

Por fim, quero discutir desenvolvimento econômico e oportunidades.

Sei que para muitos a face da globalização é contraditória. 
A internet e a televisão podem levar conhecimento e informação, mas também sexualidade ofensiva e violência sem sentido. O comércio pode trazer novas riquezas e oportunidades, mas também enormes rupturas e mudanças nas comunidades. Em todas as nações – inclusive na minha – essa mudança pode causar medo. Medo de que devido à modernidade perderemos o controle sobre nossas escolhas econômicas, nossas políticas e, mais importante, nossas identidades – aquelas coisas que mais estimamos sobre nossas comunidades, nossos familiares, nossas tradições e nossa fé.

Mas também sei que o progresso humano não pode ser negado. Não é preciso haver contradição entre desenvolvimento e tradição. Países como o Japão e a Coreia do Sul fizeram suas economias crescer ao mesmo tempo que mantiveram suas culturas distintas. O mesmo é verdade para o progresso fantástico nos países de maioria muçulmana, de Kuala Lumpur a Dubai. Nos tempos antigos e no nosso tempo, as comunidades muçulmanas têm estado na vanguarda da inovação e da educação.

Isso é importante porque nenhuma estratégia de desenvolvimento pode se basear apenas no que vem do solo, nem pode ser mantida enquanto os jovens estiverem sem trabalho. Muitos Estados do Golfo desfrutaram grande riqueza em consequência do petróleo, e alguns estão começando a se concentrar em um desenvolvimento mais amplo. Mas todos nós precisamos reconhecer que a educação e a inovação serão a moeda do século 21, e em muitas comunidades muçulmanas continua sendo feito pouco investimento nessas áreas. Estou reforçando esses investimentos no meu país. E embora os Estados Unidos tenham se concentrado em petróleo e gás nesta parte do mundo no passado, buscamos agora um envolvimento mais amplo.

Na educação, expandiremos nossos programas de intercâmbio e aumentaremos as bolsas de estudo, como a que levou meu pai para os Estados Unidos, ao mesmo tempo que estimularemos mais americanos a estudar em comunidades muçulmanas. E daremos estágios nos Estados Unidos a estudantes muçulmanos promissores; investiremos em aprendizado on-line para professores e crianças no mundo todo; e criaremos uma nova rede on-line, de modo que um adolescente no Kansas possa se comunicar instantaneamente com um adolescente no Cairo.

No desenvolvimento econômico, criaremos um novo corpo de voluntários empresariais para fazer parceria com seus pares em países de maioria muçulmana. E organizaremos uma Cúpula de Empreendedorismo este ano para identificar como podemos aprofundar os laços entre líderes empresariais, fundações e empreendedores sociais nos Estados Unidos e em comunidades muçulmanas de todo o mundo.

Em ciência e tecnologia, lançaremos um novo fundo para financiar o desenvolvimento tecnológico em países de maioria muçulmana e ajudar a transferir ideias para o mercado de modo a gerar empregos. Abriremos centros de excelência científica na África, no Oriente Médio e no Sudeste Asiático e indicaremos novos enviados da área de Ciências para colaborar em programas que desenvolvam novas fontes de energia, criem empregos "verdes", digitalizem registros, limpem a água e plantem novas culturas. E hoje estou anunciando um novo esforço global com a Organização da Conferência Islâmica para erradicar a pólio. E também ampliaremos as parcerias com as comunidades muçulmanas para promover a saúde infantil e materna.

Todas essas coisas precisam ser feitas em parceria. Os americanos estão prontos a se unir a cidadãos e governos, organizações comunitárias, líderes religiosos e empresários em comunidades muçulmanas ao redor do mundo para ajudar nossos povos a buscar uma vida melhor.

As questões que descrevi não serão fáceis de resolver. Mas temos a responsabilidade de nos unir em prol do mundo que queremos – um mundo em que extremistas não mais ameacem nossos povos e os soldados americanos tenham voltado para casa; um mundo em que palestinos e israelenses estejam seguros em seus próprios Estados, e a energia nuclear seja usada para fins pacíficos; um mundo em que os governos prestem serviços a seus cidadãos e os direitos de todos os filhos de Deus sejam respeitados. Esses são interesses mútuos. Esse é o mundo que queremos. Mas só podemos consegui-lo juntos.

Sei que há muitos – muçulmanos e não muçulmanos – que perguntam se podemos criar esse novo começo. Alguns estão ansiosos para pôr lenha na fogueira da divisão e impedir o caminho do progresso. Alguns sugerem que o esforço não vale a pena – que estamos fadados ao desentendimento e as civilizações estão condenadas a entrar em choque. Muitos outros são simplesmente céticos de que mudanças reais possam ocorrer. Há muito medo, muita insegurança. Mas se escolhermos ficar presos ao passado nunca avançaremos. E quero dizer em especial aos jovens de todas as fés, de todos os países – vocês, mais do que ninguém, têm a capacidade de reconstruir este mundo.

Todos nós compartilhamos este mundo apenas por um curto espaço de tempo. A pergunta é se usamos esse tempo para nos concentrar naquilo que nos separa ou se nos empenhamos em um esforço – um esforço sustentado – para encontrar interesses em comum, colocar nosso foco no futuro que buscamos para nossos filhos e respeitar a dignidade de todos os seres humanos.

É mais fácil começar as guerras do que terminá-las. É mais fácil culpar os outros do que olharmos para nós mesmos; ver o que é diferente em alguém do que encontrar coisas em comum. Mas devemos escolher o caminho certo, não apenas o caminho fácil. Há também uma regra que repousa no cerne de todas as religiões – que devemos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem a nós. Essa verdade transcende nações e pessoas – uma crença que não é nova; que não é de negros, brancos ou marrons; que não é de cristãos, muçulmanos ou judeus. É uma crença que pulsava no berço da civilização e que ainda pulsa no coração de bilhões de pessoas hoje em dia. É a fé nos outros e é o que me trouxe aqui hoje.

Temos o poder de construir o mundo que queremos, mas somente se tivermos a coragem de fazer um novo começo, tendo em mente o que foi escrito.

O Sagrado Alcorão nos diz: "Ó humanidade! Nós vos criamos homem e mulher e vos tornamos nações e tribos para vos conhecerdes uns aos outros."

O Talmude nos diz: "Toda a Torá tem por finalidade a promoção da paz."

A Bíblia Sagrada nos diz: "Abençoados sejam os pacificadores porque eles serão chamados de filhos de Deus."

Os povos do mundo podem viver juntos em paz. Sabemos que essa é a visão de Deus. Agora, esse deve ser nosso trabalho aqui na Terra. Muito obrigado. E que a paz de Deus esteja com vocês.