domingo, 10 de abril de 2011

Operações de Áudio Digital

Hoje em dia é possível processar o som digital em qualquer computador. Existem inúmeros programas de edição de áudio que nos permitem fazer isso para todas as aplicações multimédia e obter o resultado final em direntes formatos de acordo com o objectivo pretendido.
Existem 5 operações de Áudio Digital:

• Armazenamento- consiste no armazenar de formatos de alto débito em sistemas de armazenamento magnéticos ou secundários, ou, mais vulgarmente falando, discos rígidos. Por vezes, quando são usados grandes quantidades de áudio digital também são utilizados discos ópticos.

 • Recuperação- esta não é mais que a capacidade de recuperar e reproduzir de forma rápida partes de sequências de áudio digital. Os clips de áudio digital podem ser identificados pela latura em que se iniciam e pela sua duração. A localização de um segmento abrange o mapeamento do instante do início num endereço de segmento, ou seja, num deslocamento contido no próprio áudio. Esse endereço é depois convertido para um outro endereço físico no disco (um processo realizado pelo sistema de ficheiros).

• Edição- As operações principais de edição são o cortar, copiar e inserir segmentos de áudio. Mas estas operações nem sempre são assim tão simples. Imaginemos por exemplo quando inserimos segmentos de áudio noutros segmentos… Por vezes pode originar uma descontinuidade na forma de onda, por outras palavras, ruído. Para o reduzir ou anular são então usadas as técnicas de cross-fade ou as técnicas de edição não destrutivas que mantêm os dados capturados originais e entre outros aspectos determina a ordem pelo qual se devem juntar.

• Filtragem e Aplicação de Efeitos- Estes conferem uma “textura” diferente ás faixas de áudio digital Os mais utilizados são:
-Atraso – adiciona ecos;
-Equalização – enfatiza, reduz e balanceia várias bandas de frequência;


-Normalizar – escala um segmento de modo a que o seu valor de pico não ultrapasse o máximo permitido;
-Redução do ruído – “hiss” ou “hum”;
-Compressão e expansão temporal – aumento ou diminuição da duração sem alteração da tonalidade ou pitch;
-Alteração da tonalidade sem modificação da duração – “pitch shifting”;
-Conversão para estereofónico – dividir uma pista única em duas pistas estereofónicas com conteúdos de áudio diferentes ;
-Aplicação de ambientes acústicos – aplicação da assinatura de um ambiente acústico particular, por exemplo, o eco de uma catedral)
 • Conversão- estas operações consistem basicamente em conversões de um formato para outro. Também é possível modificar os parâmetros de codificação dentro do mesmo formato.

 Tipos de Som: Ruído, Fala, Música e Silêncio

- Ruído
Na generalidade dos casos o ruído é associado ao som ou poluição sonora incomodativa, ou seja um barulho indesejado. O ruído é composto por sons desagradáveis e que por vezes ate se podem tornar perigosos.
No enanto, dentro da música electrónica, existe um definição diferente de ruído: este é associado à percepção acústica de um “chiado” (ruído branco) ou aos “choviscos” ( por exemplo na recepção fraca de um sinal televisivo). Como termo de comparação podemos observar a granulação (quando é visível) de uma fotografia. Essa granulação funciona como o ruído.
Este é também definido como podendo ser um sinal aleatório e por isso importante a relação sinal/ruído na comunicação.
 - Fala
A fala é a forma de comunicar do ser humano e engloba todas as línguas existentes no planeta. A capacidade humana de emitir e articular sons de forma a constituir diferentes padrões, a fala, ou até o cantar, é a forma de comunicação da maior parte dos seres humanos.
Avançando um pouco, com as novas tecnologias já é possível converter um texto em fala usando programas do tipo TTS (Text-To-Speech). Para além disto, os computadores também já conseguem reconhecer a fala humana (speech recognition).
 - Música
Embora seja um conceito complicado de definir, qualquer pessoa consegue ouvindo, identificar se é música ou não. Esta é uma forma de arte que é formada através de uma combinação de diferentes sons e silêncio organizados de uma determinada forma ao longo do tempo.
Na música também podem ser usados o ruído e a fala humana.
 - O silêncio
Quando não há uma propagação de sons ou ruídos significa que estamos perante o silêncio. Este é, por outras palavras, a ausência de som.
Embora que se trate da falta de som, o silêncio também pode ser uma forma de comunicação.

por Miguel Pipe

Minha escola...

Meus caros amigos amantes do som, da música e das boas vozes. 
No Fantástico de ontem vi o Cid com imagem e voz na matéria em que ele (como um professor) ouve e corrige o “aluno” na leitura de um texto em estúdio, se não me engano no quadro dos vendedores de praia.
Vendo o Cid “ensinando” esse “aluno” a dizer a frase, lembrei do Sivan (meu pai) “ensinando” o Cid, recém-chegado de Taubaté, a dizer as frases dos anúncios que rodavam nas emissoras de rádio no início dos anos 50. Sivan era muito exigente (Cid que o diga !). Meu pai conseguia extrair do Cid (não sei se foi o único) uma interpretação singular que capitalizava a potência e o timbre de baixo-barítono e, ao mesmo tempo, sugeria inflexões que enriqueciam a interpretação. As dicas Sivan dava durante as gravações em seu estúdio, o ESTÚDIO SIVAN do Tabuleiro da Bahiana, Avenida Almirante Barroso, 2, 6º andar, sala 602, telefone 428806... Foi o aprender fazendo, que eu também usufruí desde pequeno com meu pai. Hoje Cid e eu estamos juntos na mesma emissora e no mesmo programa e talvez não seja por acaso.
Lembro que ao chegar ao Estúdio Sivan nos idos de 1950, 51 (o Cid sabe a data), o cara de cabelo negro liso penteado todo para trás, bronzeado de praia e voz de baixo-barítono ainda com sotaque levemente acaipirado pediu ao Sivan (campineiro, portanto, “colega” de interior) para gravar as propagandas feitas lá. O Estúdio Sivan era então o mais famoso e com maior volume de encomendas do Rio (e do Brasil, pois o Rio era capital da República e o centro nevrálgico da comunicação do país). 
Recém-chegados ao Rio vindos do interior de São Paulo, Cid e Carlos Henrique (o mesmo das "Casas Sendas" dos anos 80 e 90) foram parar praticamente juntos no Estudio Sivan por causa da fama de Sivan como homem de rádio e propaganda, e do Estúdio Sivan que gravava spots e pagava na hora... As vozes de Cid e Carlos maravilharam Sivan e logo formou-se uma dupla histórica que nas décadas de 50 e 60 gravou a maioria dos spots e jingles no Sivan (o de maior produção) e nos estúdios dos concorrentes. As gravações no Sivan, feitas diretamente em acetato (não havia playback nem fita magnética naqueles tempos heróicos) - músicos, cantores, coristas e locutores todos juntos - , eram em seguida irradiadas nas maiores estações de rádio do país.
E eu cresci no meio dessa gente boa, de vozes, de música. 

Quando Cid conheceu Sivan meu pai já era o maestro, o papa do jingle, um compositor consagrado, um músico completo (pianista), e também um mestre de vozes e – o principal – era dono de um estúdio onde gravavam as melhores agências do país. Portanto, atraía vozes e músicos que precisavam ganhar um extra para complementar o salário. 


O “Estúdio Sivan” foi, de fato, nos anos 50, o principal templo da propaganda sonora do país. Jingles, spots, esquetes, quadros de programas humorísticos, campanhas políticas inteiras saíam da cabeça do Sivan direto para os acetatos e, depois, no estágio tecnológico seguinte, para os rolos de fita magnética nas máquinas Ampex. Quem pode atestar essa afirmação é Flavio Gomes de Mattos, executivo da Charles A. Ullmann Propaganda, agência da Brahma e de vários grandes anunciantes da época, que durante anos utilizou a inteligência musical e poética de Sivan para popularizar marcas e produtos com jingles que marcaram época. 
As principais vozes e os melhores músicos do Brasil, que tocavam com carteira assinada na Rádio Nacional, na Tupi, no Teatro Municipal, na Rádio Mayrink Veiga e outras arenas, faturavam cachê ao vivo, pago no fim da gravação pelo Sivan. Quem fazia o recibo era eu...


Berto Filho