segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

QUEM É SERGIO MORO






 Quem é o juiz Sergio Moro e quem tem medo dele.

Dono de estilo reservado e hábitos simples, 

o juiz da vara federal de Curitiba entrou para 
a história do País ao levar executivos de empreiteiras
para a cadeia e se mostrar implacável no combate à corrupção na política

Sempre que alguém o compara com 

Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo 
Tribunal Federal,Sérgio Moro desconversa. 
Ou melhor, silencia.

O juiz da 13ª vara federal criminal de Curitiba, que 

ganhou notoriedade à frente das investigações da Operação Lava-Jato, não gosta desse tipo de 
comparação nem de especulações sobre o seu 
futuro.

Há alguns anos, rejeitou sondagens para se tornar desembargador, o que para muitos é degrau 

natural para galgar a última instância do Judiciário. 
Moro afastou-se da oferta por desconfiar de 
tentativa de cooptação por parte de um figurão 
da política nacional que temia virar réu num 
inquérito que chegou à sua mesa. 
Não fosse isso, ele daria outro jeito de recusar 
a oferta por acreditar que ainda há 
muito o que fazer na primeira instância.

Eleito por ISTOÉ o “Brasileiro do Ano”, Moro não 

mostra sedução pelo poder da toga. De hábitos 
simples, ele faz parte de uma rara safra de juízes 
que encararam a magistratura como profissão de fé.

Não dá entrevista, nem posa para fotos.
Dispensa privilégios. Vai para o trabalho todos os 

dias a bordo de um velho Fiat Idea 2005, prata, 
bastante sujo e repleto de livros jurídicos empilhados 
no banco de trás.
Antes, chegou a ir de bicicleta.

“Quando eu chego aos lugares, ninguém imagina 

que é o Sérgio Moro”, conta, sorrindo. Apesar de 
ter se tornado o inimigo número 1 de poderosos, 
prefere andar sem guarda-costas. Quem sempre 
reclama é a esposa, a advogada Rosângela 
Wolff de Quadros Moro, procuradora jurídica 
da Federação Nacional das Apaes, instituição 
dedicada à inclusão social de pessoas com 
deficiência. 

A “sra. Moro” teme pela segurança do marido, 
e dela mesma, afinal o magistrado se mostrou 
implacável com a corrupção ao encurralar 
integrantes do governo do PT e levar, numa 
ação inédita, executivos das maiores 
empreiteiras do País à cadeia.

Nascido em Ponta Grossa há 42 anos, Moro 

é filho de Odete Starke Moro com Dalton 
Áureo Moro, professor de geografia da
 Universidade de Estadual de Maringá - morto 
em 2005. Antes de ingressar na magistratura, 
seguiu os passos do pai. Integrou o mesmo 
Departamento de Geografia da UEM e também
deu aula nos colégios Papa João XIII e Dr.
Gastão Vidigal. Obteve os títulos de mestre 
e doutor em direito do Estado pela 
Universidade Federal do Paraná. 
Seu orientador foi Marçal Justen Filho, 
um dos mais conceituados 
especialistas em licitações e contratos. 
Cursou o Program of Instruction for Lawyers 
na prestigiada Harvard Law School 
e participou de programas de estudos sobre 
lavagem de dinheiro no International Visitors 
Program, promovido pelo Departamento de 
Estado americano. 

Moro criou varas especializadas em crimes 

financeiros na Justiça Federal e traz no currículo 
outras operações de peso. Presidiu o inquérito 
da operação Farol da Colina, que desmontou 
uma rede de 60 doleiros, entre eles Alberto 
Youssef. A investigação fora um desdobramento 
do caso Banestado, que apurou a evasão de 
US$ 30 bilhões de políticos por meio das 
chamadas contas CC5.

Ciente de que os mecanismos de lavagem 

de dinheiro evoluem e se tornam cada vez 
mais complexos, Moro não para de estudar.
É um aficionado pela histórica “Operação Mãos 

Limpas”. Quando a compara com a Lava Jato, 
não tem dúvidas: “É apenas o começo”.

O caso que marcou para sempre a política 

italiana foi deflagrado por um acordo de 
delação, mecanismo inaugurado anos antes 
nos processos contra a máfia. 
Após dois anos de investigações, a Justiça 
italiana havia expedido 2.993 mandados de 
prisão contra empresários e centenas de 
parlamentares, dentre os quais quatro ex-primeiros ministros. 
Num artigo sobre o caso italiano em 2004, 
Moro exalta os chamados “pretori d’assalto”, 
ou “juízes de ataque”, geração de magistrados 
dos anos 1970 na Itália que ganharam espécie 
e legitimidade ao usar a lei para “reduzir a 
injustiça social”, tomar ‍posturas 
antigovernamentais” e muitas vezes agir 
“em substituição a um poder político impotente”. 
O juiz se identifica com essa geração e vê 
no Brasil de hoje um cenário semelhante 
e propício ao combate à corrupção.

"Não somos responsáveis apenas pelo que 

fazemos, mas também pelo que deixamos 
de fazer. ( Moliére )"

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