Postado por
Berto Filho
Os lances da
campanha presidencial de 2014 vão se desenhando no formato de nuvens
passageiras que se fazem e se desfazem com velocidade variável. Aquele tipo de
nuvem que o ex-banqueiro e ex-governador de Minas Getais, Magalhães Pinto,
dizia que a política era.
A radiografia
da formação da nuvem para a presidência hoje é : Dilma,
Marina, Aécio e Campos.
Nessa nuvem
não há outros candidatos, por enquanto. Serra tenta entrar nessa nuvem por
alguma janela indiscreta mas não tem padrinho.
Dilma e
Marina disputam a ponta nas pesquisas de intenção de voto, Dilma em puro galope
com a máquina toda e algumas circunstâncias de mídia a seu favor, como, por
exemplo, a reação indignada à espionagem americana e a a gestão da economia. A
gerentona está se saindo bem nesse
mister ou simula com eficiência um estado de êxtase, apesar do “preção”
na gôndola do supermercado e na bomba da gasolina. Marina Silva, na moita, como convém, é ao mesmo
tempo a parteira e a mãe do partido REDE, que está para dar o primeiro berro na
maternidade do TSE, se os ministros aceitarem as assinaturas que faltam (cerca de 50.000) certificadas pelos cartórios.
O maior desafio dela é reativar no REDE) ou realocar (em outro partido de linha
programática compatível) o patrimônio de 20 milhões de voto que recebeu em 2010
e incorporar ao seu discurso as causas e a indignação (ainda não atendida) da
rua.
Dilma flerta
com o anti-americanismo da espionagem – que rende dividendos eleitorais -, com
o bolivarianismo sem Chávez e com o presidente Evo Morales. Seja na questão do senador boliviano que
pediu asilo, da falta do gás da Bolivia que alimenta as indústrias do sul ou
nas demais questões do contencioso Brasil Bolívia. Adicionando traquejo e algum
jogo de cintura, tenta segurar políticos dissidentes da base aliada que hesitam
entre ficar no andar de cima – acreditando na vitória final do PT - e migrar
para o andar de baixo, para não perderem o bonde caso o poder mude de mão.
Lula começa a
sair do confortável esconderijo do silêncio
para assumir a costura dos palanques estaduais de 2014.
Aécio e
Campos, com algumas semanas de intervalo entre um e outro, estão atrasados,
tentando se aproximar do eleitor e ganhar mais pontos nas próximas
pesquisas. Subir devagar é melhor que
subir depressa. Se cair de repente lá do alto o tombo é maior.
O senador
Aécio Neves diz que é hora do PT sair de cena do poder central. Sim, mas ele e outros anti-PT que querem o
lugar de dona Dilma têm que combinar antes com o eleitor. Aécio ainda tem que vencer a prova interna
com Serra, que não parece ter desistido de ser de novo o candidato do PSDB. Ele
ainda não acordou do pesadelo de 2010.
Agora, a
nuvem é outra. Serra não tem macacão de operário, não é Lula que concorreu
várias vezes e perdeu, antes de ganhar e tomar gosto pelo poder.
Essa chamada
do Aécio para uma conversa no sentido figurado é apenas uma campanha de
propaganda para trazê-lo para a calçada e a rua. Está fazendo um tipo para se
enturmar com os jovens. O convite é genérico, fica meio solto.
Falta
materializar a intenção, marcar esse encontro físico em diversos bancos de
jardim, praças e coretos. Um bom lugar para Aécio levar esse papo firme é nas universidades,
colégios e associações de moradores de periferias das grandes cidades. Como se fosse um andarilho, um monge tibetano
do “Mais Médicos” receitando remédios para patologias políticas, realizando
conversões à sua “seita”.
Eduardo
Campos, do PSB, rompeu com o governo mas teve a cortesia de avisar o Lula
antes.
Pulou direto
para a pista de sua própria campanha para presidente. O PT contava com o PSB e agora vai atrás dos
que, dentro do PSB, discordam da saída do partido da base do governo.
Roberto
Freire, líder do PPS, força moral e partidária moderada, ex-comunista ortodoxo
histórico, tem atirado bem no alvo da corrupção. Para ele, os mensaleiros
deveriam ser presos imediatamente.
Roberto tem sido mais contundente do que qualquer um nesse sentido.
Vamos ver para onde ele vai, quem ele vai apoiar na oposição e quem embarca na
dele.
Os militares
dizem na internet que somam 5 milhões de votos, e não consta que estejam
satisfeitos com Dilma.
Eleitores
evangélicos pentecostais e católicos do papa Francisco, grupos numericamente
importantes, vão escolher o candidato que se comprometer com suas crenças e
causas.
Minorias
ruidosas que mais parecem maiorias pelos decibéis que produzem na mídia e nas
ruas, como os homossexuais e assemelhados (com suas milionárias – em público –
paradas gays) e os ambientalistas, vão colar naturalmente no candidato ou
candidata que lhes parecer mais decente ou moralmente mais preparado, talvez
deixando em segundo lugar a defesa dos seus interesses imediatos.
A decência, a
honestidade, o combate às drogas e à criminalidade, a anti-corrupção e a
mobilização pela internet são bandeiras
e ferramentas fortíssimas, o difícil será (para os candidatos) provar que
passam nesses quesitos, tanto quanto é difícil, improvável mesmo, fazer passar um camelo pelo buraco de uma
agulha.
Aborto,
casamento homossexual, política de cotas, o voto dos pobres do bolsa-família
(votam exclusivamente no PT) contestado principalmente pela classe média
antiga, que teve que demitir suas empregadas domésticas e outros temas
polêmicos mais cedo ou mais tarde virão à tona nas campanhas, porque
sensibilizam diferentes correntes de milinautas
– militantes internautas (que também participam das manifestações de rua).
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