quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A NUVEM POLÍTICA DO MOMENTO

Postado por Berto Filho

Os lances da campanha presidencial de 2014 vão se desenhando no formato de nuvens passageiras que se fazem e se desfazem com velocidade variável. Aquele tipo de nuvem que o ex-banqueiro e ex-governador de Minas Getais, Magalhães Pinto, dizia que a política era.

A radiografia da formação da nuvem para a presidência hoje é : Dilma, Marina, Aécio e Campos.

Nessa nuvem não há outros candidatos, por enquanto. Serra tenta entrar nessa nuvem por alguma janela indiscreta mas não tem padrinho.

Dilma e Marina disputam a ponta nas pesquisas de intenção de voto, Dilma em puro galope com a máquina toda e algumas circunstâncias de mídia a seu favor, como, por exemplo, a reação indignada à espionagem americana e a a gestão da economia. A gerentona está se saindo bem nesse  mister ou simula com eficiência um estado de êxtase, apesar do “preção” na gôndola do supermercado e na bomba da gasolina.  Marina Silva, na moita, como convém, é ao mesmo tempo a parteira e a mãe do partido REDE, que está para dar o primeiro berro na maternidade do TSE, se os ministros aceitarem as assinaturas que faltam  (cerca de 50.000) certificadas pelos cartórios. O maior desafio dela é reativar no REDE) ou realocar (em outro partido de linha programática compatível) o patrimônio de 20 milhões de voto que recebeu em 2010 e incorporar ao seu discurso as causas e a indignação (ainda não atendida) da rua.

Dilma flerta com o anti-americanismo da espionagem – que rende dividendos eleitorais -, com o bolivarianismo sem Chávez e com o presidente Evo Morales.  Seja na questão do senador boliviano que pediu asilo, da falta do gás da Bolivia que alimenta as indústrias do sul ou nas demais questões do contencioso Brasil Bolívia. Adicionando traquejo e algum jogo de cintura, tenta segurar políticos dissidentes da base aliada que hesitam entre ficar no andar de cima – acreditando na vitória final do PT - e migrar para o andar de baixo, para não perderem o bonde caso o poder mude de mão.

Lula começa a sair do confortável esconderijo do silêncio  para assumir a costura dos palanques estaduais de 2014.

Aécio e Campos, com algumas semanas de intervalo entre um e outro, estão atrasados, tentando se aproximar do eleitor e ganhar mais pontos nas próximas pesquisas.  Subir devagar é melhor que subir depressa. Se cair de repente lá do alto o tombo é maior.  

O senador Aécio Neves diz que é hora do PT sair de cena do poder central.  Sim, mas ele e outros anti-PT que querem o lugar de dona Dilma têm que combinar antes com o eleitor.  Aécio ainda tem que vencer a prova interna com Serra, que não parece ter desistido de ser de novo o candidato do PSDB. Ele ainda não acordou do pesadelo de 2010.
Agora, a nuvem é outra. Serra não tem macacão de operário, não é Lula que concorreu várias vezes e perdeu, antes de ganhar e tomar gosto pelo poder.

Essa chamada do Aécio para uma conversa no sentido figurado é apenas uma campanha de propaganda para trazê-lo para a calçada e a rua. Está fazendo um tipo para se enturmar com os jovens. O convite é genérico, fica meio solto.
Falta materializar a intenção, marcar esse encontro físico em diversos bancos de jardim, praças e coretos. Um bom lugar para Aécio levar esse papo firme é nas universidades, colégios e associações de moradores de periferias das grandes cidades.  Como se fosse um andarilho, um monge tibetano do “Mais Médicos” receitando remédios para patologias políticas, realizando conversões à sua “seita”.   

Eduardo Campos, do PSB, rompeu com o governo mas teve a cortesia de avisar o Lula antes.
Pulou direto para a pista de sua própria campanha para presidente.  O PT contava com o PSB e agora vai atrás dos que, dentro do PSB, discordam da saída do partido da base do governo.

Roberto Freire, líder do PPS, força moral e partidária moderada, ex-comunista ortodoxo histórico, tem atirado bem no alvo da corrupção. Para ele, os mensaleiros deveriam ser presos imediatamente.  Roberto tem sido mais contundente do que qualquer um nesse sentido. Vamos ver para onde ele vai, quem ele vai apoiar na oposição e quem embarca na dele. 

Os militares dizem na internet que somam 5 milhões de votos, e não consta que estejam satisfeitos com Dilma.

Eleitores evangélicos pentecostais e católicos do papa Francisco, grupos numericamente importantes, vão escolher o candidato que se comprometer com suas crenças e causas.

Minorias ruidosas que mais parecem maiorias pelos decibéis que produzem na mídia e nas ruas, como os homossexuais e assemelhados (com suas milionárias – em público – paradas gays) e os ambientalistas, vão colar naturalmente no candidato ou candidata que lhes parecer mais decente ou moralmente mais preparado, talvez deixando em segundo lugar a defesa dos seus interesses imediatos.

A decência, a honestidade, o combate às drogas e à criminalidade, a anti-corrupção e a mobilização pela internet  são bandeiras e ferramentas fortíssimas, o difícil será (para os candidatos) provar que passam nesses quesitos, tanto quanto é difícil, improvável mesmo,  fazer passar um camelo pelo buraco de uma agulha.


Aborto, casamento homossexual, política de cotas, o voto dos pobres do bolsa-família (votam exclusivamente no PT) contestado principalmente pela classe média antiga, que teve que demitir suas empregadas domésticas e outros temas polêmicos mais cedo ou mais tarde virão à tona nas campanhas, porque sensibilizam diferentes correntes de milinautas – militantes internautas (que também participam das manifestações de rua).

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