Sinto falta das vozes matutinas do leiteiro trazendo na lata o leite fresco tirado da vaca de madrugada ... do padeiro com aquele pão saído do forno ... do verdureiro, da carroça de frutas anunciando sua chegada gostosa. Sinto falta de ouvir o velho bradando "roupá-velhá" recolhendo roupa velha das casas ... sinto falta dos sinos da igreja badalando as horas cheias ...
Hoje, para se comprar leite, pão, frutas, verduras e tudo o mais temos que ir ao supermercado, o palácio do consumo em massa que varreu do mapa as velhas quitandas, mercadinhos, pequenas padarias. E, desonestos, esses empresários que se consideram sofredores e salvadores do povo mostram sua cara real, nefasta, nos preços "promocionais" que, na verdade, resultam de descontos sobre preços que já tinham sido aumentados em dezembro e janeiro para pegar turistas e duristas imprevidentes e sem opção. No Princesa, o litro de leite pode ser achado a 1,75 (que bondade !) mas a maldade são os preços superfaturados de produtos não propriamente essenciais mas que custam os olhos da cara, como protetor solar nesse calor infernal, sucos de frutas, enxaguatórios bucais, geléias (vi uma, de apricot, por R$ 19,90, que era vendida a 12 reais antes das festas) e até rações para cachorro.
Assalto comercial a mão desarmada. Paga quem quer, é verdade, mas sobra para quem precisa consumir e não tem alternativa.
E nem falei de remédios, nem citei farmácias.
Dizem que depois que os turistas gafanhotos forem embora, os preços vão baixar, dar um refresco pros moradores atropelados pela insânia megalomaníaca de prefeitos que se consideram deuses, acima do bem e do mal, fazem obras rodoviárias em pleno verão com a cidade cheia (só pra sacanear o povo) e sem medir a inconsequência de suas estrepulias.
Penso em sair de Cabo Frio e ir para outra cidade. Se for embora, quero levar muita gente comigo.
Cabo Frio não aguenta mais um verão se persistir essa loucura de pretender fazer aqui o maior reveillon do mundo, o melhor carnaval do planeta, etc, contratar artistas famosos e caros para atrair milhões de turistas predadores quando salários de professores estão atrasados.
Se alguém ganha com isso é o comércio, hotéis, pousadas, restaurantes. Quem perde e sofre é a população que reside aqui, ruas esburacadas entulhadas de carros, trânsito caótico incçusive carretas enormes passando por ruas estreitas, atendimento médico precário. É o que sobra para essa gente que resolveu vir morar aqui porque sonhava com uma qualidade de vida melhor, que aqui paga impostos e aqui sofre com apagões mesmo fora de temporada, falta d'água... Hoje, paga-se mais de R$ 600, até R$ 1.000 por 10.000 litros do carro pipa.
E viva o turismo festeiro do prefeito.
Quem mandou votar nele ?
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