domingo, 26 de janeiro de 2014

SIMPLESMENTE DILMA

Postado por Berto Filho

Mary Zaidan é daquelas profissionais independentes que têm bisturi na ponta dos dedos. Toca na ferida, sem trava na língua. Transcrevo o texto de sua autoria publicado no blog do Noblat. Mary trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas. Atualmente trabalha na agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve para o blog do Noblat aos domingos.

Segue o texto.

"Dilma Rousseff se rendeu ao Fórum Econômico Mundial que até então seu governo preferia esnobar. Lendo um discurso bem escrito, ainda que de lastro duvidoso, a presidente jogou fichas que devem ter arrepiado seus colegas da América bolivariana: definiu o Brasil como o País das oportunidades e convidou os investidores do mundo inteiro para participar dos lucros desta terra prometida.

Em alguns momentos, parecia até mesmo acreditar na parceria com a iniciativa privada, de que ela discorda e retardou ao máximo, e nos números que recitava: equilíbrio das contas públicas, inflação sob controle, investimentos de R$ 62 bilhões em mobilidade. Em outros, a plateia poderia jurar que ela acabara de ser eleita. Que estreava não em Davos, mas na presidência do País. “Sobretudo, é necessário – e estamos determinados a promover – forte aumento de investimento em infraestrutura, em educação e inovação”, anunciou ela, como se tivesse tomado posse ontem e seu time não estivesse em campo há mais de uma década.

Agradou como nunca aos empresários que costuma maltratar, embora eles conheçam o profundo abismo entre o discurso e a prática.

No dia anterior, Dilma dedicara-se a agradar Joseph Blatter, presidente da Fifa, na visita de cortesia que fez à sede da entidade, em Zurique. Lá, como todos os ditos foram de improviso, Dilma foi Dilma, saindo-se com a máxima: estádios são obras relativamente simples.

Simplicidade que custará ao País a bagatela de R$ 8 bilhões, quase o triplo dos R$ 2,8 bilhões orçados inicialmente. Que fará com que os estádios da “Copa das Copas” sejam os mais caros de todos os mundiais. E com um legado pífio: dos 100 projetos para as 12 cidades-sede, só 21 foram entregues, 14 adiados para sabe-se lá quando, e os demais, com muita reza, podem até ser concluídos a tempo.

A frase de Dilma reflete didaticamente seu governo: se obras simples como as dos estádios demoram até sete anos, as complexas têm aval para ficar para as calendas.

A transposição do Rio São Francisco que o diga. Iniciada em 2007 e prevista para 2012 a um custo de R$ 4,7 bilhões, deve ultrapassar R$ 8,2 bilhões. Conclusão, se acontecer, só em dezembro de 2015. O asfaltamento da Transamazônica segue no mesmo diapasão. No segundo semestre de 2013 as obras prometidas para 2011 começaram depois de uma manifestação que paralisou a rodovia em Palestina do Pará. Hoje, seguem devagar e só naquele trecho. As pás eólicas do Nordeste continuam sem gerar energia por falta de linhas de transmissão. A ferrovia norte-sul....

É preciso mais do que um discurso bem redigido para fazer o Brasil de Davos existir. Simples assim."

Estou voltando. Dilma está em Havana. O "Mais Médicos" deve estar na pauta. A presidente deve fazer ao amigo Fidel Castro um relato com o balanço da atuação dos milhares de médicos cubanos nas periferias do Brasil mais abandonado.
Mais um arrastão de intenções de votos para o PT.

Sobre a terra prometida de oportunidades para os investidores, não sei não. Parece revelar um otimismo bem acima das expectativas do mercado. Ou é temor de fuga iminente de capitais de risco. Os capitais especulativos jogam no ataque : continuam se fartando nos juros mais altos do planeta. 

E o Carlos Alberto Parreira desceu o pau no absurdo que é licitar obras nos aeroportos (das cidades da Copa) faltando 3 meses para a primeira partida. Sobrou também para os chamados "legados" da competição.

Parreira falou para a CBN.  Suas cobras e lagartos foram arremessados para o Planalto. Parecia um black bloc de chuteira. Vai ter troco ?


"Em entrevista ao programa CBN Esportes, o coordenador técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, fez duras críticas à organização do Brasil para a Copa do Mundo de 2014. Parreira disse que houve descaso total com o evento esportivo. Ele lembrou dos aeroportos que só serão licitados em março, às vésperas da Copa do Mundo.

- A gente queria tudo para a Copa, mas para a Copa foi um descaso total. Vejo que os aeroportos vão ser licitados a partir de março, três meses antes. É uma brincadeira, fomos indicados há sete anos e só agora vão licitar os aeroportos? - disse Parreira.

Além disso, Parreira citou obras que deveriam ser um legado após o mundial de futebol e que só ficarão prontas a partir de 2016, lamentando o fato de que muitas obras projetadas para a competição sairão do papel anos depois de o país ter sediado o Mundial.

Ele ressaltou que o torcedor não vive só de estádio e precisa de infraestrutura:
- Perdemos a oportunidade de dar conforto e mostrar um Brasil diferente - afirmou.

Sobre o desempenho da seleção, Parreira disse que o Brasil tem que ser campeão e que não existe um plano B para a comissão técnica.

Sobre manifestações previstas para o período da Copa, ele disse que o grupo de jogadores não deve ser afetado.

- De certo modo, eles estão blindados, sabem que não podem misturar. Se começar a se preocupar, dividir o foco, vai ser difícil. Vamos pensar em ganhar a Copa, e fora do campo é problema das autoridades. Mas ninguém ali é alienado - disse Parreira, campeão do mundo como técnico em 1994 e que esteve com a seleção, como preparador, ainda na conquista da Copa de 70."


É isso aí, galera !

Nenhum comentário:

Postar um comentário