segunda-feira, 28 de abril de 2014

HECTOR COSTITA E O CHORO PORTENHO

Post de Berto Filho

Hector Costita

Separei este link, da série de excelentes fonogramas que o Gerdal José de Paula me enviou com pedras preciosas musicais compostas ou tocadas pelo músico (flauta, sax...) e compositor argentino de alma brasileira Hector Costita, para abrir esta 2a.feira preguiçosa. A composição se chama "Choro Portenho" mas não é choro porque a seleção argentina perdeu a Copa para o Brasil... é uma fusão maravilhosa de duas almas sonoras, a do tango e a do choro, com sotaque de jazz. Nessa onda, você decola de Buenos Aires e aterrissa em Vila Isabel.

https://www.youtube.com/watch?v=NhEm5H0NoO0


Vamos ver quem é Hector na pequena biografia feita pelo Gerdal. E depois você vai se deliciando com os demais fonogramas.

Em 1964, o portenho Hector Bisignani - ou Hector Costita na arte do sopro -, fazendo jus ao título do seu elepê, pela Fermata, causava "impacto" no nosso meio musical, seduzindo, pela água de beber da bossa-jazz, críticos, músicos e ouvintes. Trocando o clarinete, seu primeiro instrumento, pelo sax tenor por influência do patrício Lalo Schifrin, cuja orquestra integraria, o fabuloso Hector, em seguida, na segunda metade dos anos 50, chegava a São Paulo para ficar - exceção feita aos anos de residência na França, como na segunda metade da década seguinte, quando estudou música, no Conservatório de Paris, e atuou profissionalmente (em 1969, por exemplo, no Festival Internacional de Jazz de Antibes).

Após debutar no Brasil tocando na Baiuca e nas orquestras de Elcio Alvarez e Enrico Simonetti, teve, nos anos 60, na capital paulista, um período especial de projeção, bem iniciado por trabalho em trio com João Donato e Chu Viana (baixista que o levara para a Baiuca) e, como curiosidade, discos lançados, em 1962 e 1963, sob o pseudônimo de Don Junior. Além do supralembrado disco-sensação - para muitos, o principal da sua carreira -, destacou-se no sexteto Bossa Rio, de Sérgio Mendes, em elepê, "Você Ainda Não Viu Nada", que contou com a assinatura de Antonio Carlos Jobim, além da do pianista niteroiense, nos arranjos e foi elogiado pelo trato diferente, inventivo e instigante dado ao samba.



A partir de 1973, quando retornou da França para a terra da garoa e integrou a orquestra de outro conterrâneo, Carlos Piper, outros álbuns e demandas profissionais de monta viriam, como o elepê "Paracachúm", da Som da Gente (1984), além da atuação, ainda ao longo dos anos 70, em "big band" do pianista Nelson Ayres e, mais adiante, também com este, entre outros, no conjunto Pau Brasil. No início dos anos 80, em "big band" própria, Hector acompanhou, no 150 Night Club (boate do então recém-inaugurado Maksoud Plaza), nomes internacionais, como Tony Bennett, Betty Carter, Michel Legrand, Toshiko Akiyoshi e Freddy Cole (irmão de Nat King Cole).



Em 1980, Hector fez a bela trilha do filme erótico "Ariella" (personagem-título "encarnada" com muita propriedade por Nicole Puzzi, sob a direção do finado John Herbert), dotando seu currículo de vida musical para a tela grande, antes nele conhecida, como executante, nas imagens do longa "O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco, xará argentino também há muito aqui radicado. A caminho dos 80 anos, (a serem) completados no próximo 27 de outubro, Hector Costita, além do sopro em shows e gravações e da lida na coordenação em festivais (como um para arranjadores, Ars Brasilis, em 2012, pelo Sesi-SP, idealizado por ele), tem-se dedicado, há anos, ao ensino do saxofone, o que já fez no Conservatório Musical de Tatuí (SP) e no CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical). Esta uma escola criada por seus amigos do Zimbo Trio, com os quais, mais o guitarrista Heraldo do Monte, teve, em 1976, na nossa discografia, pela RGE, outra inserção digna de nota. Uma nota "jazz" - e com louvor, "por supuesto".



Pós-escrito: nos oito "links" seguintes, com Hector Costita, composições dele, salvo onde indicado: 1) "Le Roi", de Dave Baker; 2) "Ariella"; 3) "Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso; 4) "El Baión"; 5) "Choro Porteño"; 6) "Paracachúm"; 7) "Tudo Bem", de Amílton Godoy; 8) "I Concentrate on You", de Cole Porter, na voz do paulista Ian Calamaro.

https://www.youtube.com/watch?v=OsT_nzwp5Sg ("Le Roi")

https://www.youtube.com/watch?v=j9zTbkH7Cgo ("Ariella")

https://www.youtube.com/watch?v=IlglfRIUbuU ("Na Baixa do Sapateiro")

https://www.youtube.com/watch?v=4O7KWDh31LU ("El Baión")

https://www.youtube.com/watch?v=NhEm5H0NoO0 ("Choro Porteño")

https://www.youtube.com/watch?v=LCeQOh21J4w ("Paracachúm")

https://www.youtube.com/watch?v=QetAvzRFGIw ("Tudo Bem")

https://www.youtube.com/watch?v=r5KDdqCjvTg ("I Concentrate on You")



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