quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O SHOW DOS PRESIDENCIÁVEIS NA BAND

Post de Berto Filho

Você viu - até fim - o debate de ontem na Band entre os presidenciáveis ?

Se viu, quem se saiu melhor ? Na minha opinião, o mais contundente e afiado foi mesmo Aécio, como diz o Reinaldo Azevedo aí embaixo. Ele precisa recuperar os 4 pontos perdidos na última pesquisa Ibope.


Apesar de toda pompa e circunstância, o arenão da Band não rendeu a audiência que desejava. Quem diz é o colunista Lauro Jardim, da Veja, na coluna de hoje de seu blog.

Como nos anos anteriores, esse primeiro debate na Band serviu de aquecimento, com os candidatos mais bem ranqueados travando uma coreografia de box e usando os nanicos como sparrings... Serviu para se prepararem para o debate na Globo, que será mais curto, compacto e terá uma audiência provavelmente bem maior porque vai aontecer na reta final da campanha. Palavras e perguntas inteiras cheias de más intenções foram trocadas entre os "pugilistas", algumas agressivas; podiam ser narradas como golpes do velho e bom box de Eder Jofre : jabs, alguns potentes cruzados que não pegavam na ponta do queixo, boas esquivas, ninguém (fora a Dilma) chegou a ser espremido no canto do ringur, ninguém foi nocauteado.


O mediador Ricardo Boechat foi talvez a melhor figura em campo porque conduziu o charivari com a fleugma (hoje se escreve "fleuma", mas prefiro a moda antiga com o "g", soa melhor falando) de um comandante de Marinha inglesa... 

Faltou uma pergunta múltipla para todos responderem : como o candidato(a) vai tratar o MST e movimentos assemelhados, sob a liderança do PT, em seu governo ? Como ficará a defesa dos direitos da propriedade privada em caso  de invasões rurais e urbanas ?  Se o Programa Nacional dos Direitos Humanos estivesse em vigor (vira essa boca pra lá !), já pensou que um dia a sua empregada doméstica poderia chegar de manhã ditando ordem para a patroa : "Agora, se manda que essa casa é minha...Tudo aqui é meu. Teu marido também...

O povo que dorme cedo e trabalha cedo nem deve ter visto. Se tiver computador ou acesso a lanhouse, vai ver no youtube, se a Band postar o programa lá.  É esse o povo que vota e decide uma eleições..

Para mim : o debate deveria começar às 21 hs e encerrar às 23 hs e ponto. Depois dessa hora, a gente pega no sono e nem vê os melhores momentos...
Leia as instrutitas observações do Reinaldo.


Incompreensível ! O avião do PSB e seus fantasmas ficam fora do debate. Ou : Aécio foi o melhor ; Marina chuta canelase grita "falta!"

A Rede Bandeirantes realizou ontem o primeiro debate entre os presidenciáveis. Por pouco, os maiores derrotados não são os telespectadores — muitos, creio, acabaram vencidos pelo sono. Três horas é tempo demais. Sei que a obrigação de chamar nanicos para o embate dificulta tudo. Mas que é pedreira, lá isso é. Não é fácil ter de ouvir Luciana Genro, do PSOL, a falar mais besteiras do que Levy Fidelix… O debate teve uma falha coletiva escandalosa, que beneficiou uma das candidatas. Já chego lá.

Um mínimo de honestidade intelectual, acho eu, obriga o crítico atento a considerar que o desempenho do tucano Aécio Neves, entre os três candidatos que contam, foi muito superior ao das adversárias. Respondeu ao que lhe foi perguntado, fez críticas, alinhavou propostas e aproveitou a oportunidade para anunciar o que já se dava como certo, mas sem chancela até a noite desta terça: se ele for eleito presidente, Armínio Fraga vai conduzir a economia. Antes assim. Quem estava em busca de conteúdo, basta rever o programa, encontrou um candidato do PSDB afiado.

Dilma também procurou responder às perguntas, justiça se lhe faça. O problema é que estava notavelmente atrapalhada, tropeçando na sintaxe e na fluência. Era visível sua tensão. Nessas horas, vimos isso já nos primeiros debates de 2010, suas frases se perdem em anacolutos, o ritmo da fala fica quebrado, e a gente tem dificuldade de acompanhar a linha de raciocínio.

Quem estava em busca de pose pôde se satisfazer com Marina Silva, do PSB, que estava especialmente agressiva, inclusive na aparência. Aquele ser doce e angelical do horário eleitoral, que fala sorrindo, com a vozinha quase sussurrante, beirando o meloso, não foi ao debate. Em seu lugar, compareceu uma senhora de cenho fechado, sobrancelhas arqueadas, óculos de leitura postos no meio do nariz, a olhar por cima, de modo arrogante. Quando lhe dirigiam uma pergunta, seu semblante reagia como se lhe tivessem dirigido uma ofensa. Nos dois últimos blocos, suponho que por sugestão de assessores, tirou os óculos e passou a sorrir. Não tivesse enveredado pela política, não faria feio como atriz.

Faço aqui um anúncio: quem conseguir achar uma proposta de Marina — uma só que seja — ganha um prêmio. Ela aproveitou seus momentos de fala para investir em paradoxos tão ao gosto dos que a incensam: ora demonstrava o seu lado inclusivo e reconhecia os benefícios que tanto o PSDB como o PT haviam proporcionado ao Brasil, ora tratava os dois partidos como expressões da velha política; ora dizia que queria governar com todos, ora sugeria que ninguém serve a seus propósitos — a menos, claro!, que passem por uma espécie de conversão. A líder da Rede foi notavelmente agressiva com Aécio e Dilma, mas chegou a lastimar, em entrevista posterior ao debate, o confronto entre os candidatos do PSDB e do PT. Ou por outra: chutava a canela e gritava: “Falta!”.

Incompreensível
Um dado me parece incompreensível. Para que serve um debate? Entre outras coisas, para que candidatos expliquem eventuais incongruências entre teoria e prática. Acho estupefaciente que nem os adversários de Marina nem os jornalistas tenham tratado do que, a esta altura, pode e deve ser visto como um escândalo: o avião do PSB que voada no caixa dois. Marina foi usuária da aeronave, é a herdeira da candidatura do partido, pertence legalmente à legenda e está obrigada a dar explicações, sim.

Pois bem! Nesta terça, o partido emitiu uma nota oficial em que nada explica. Na prática, admite a existência do caixa dois. Mais de uma hora antes do início do debate, o Jornal Nacional levara ao ar uma reportagem da maior gravidade (ver post): uma rede de empresas fantasmas, com seus respectivos laranjas, está envolvida na compra do avião. Isso quer dizer que não se está mais falando apenas de crime eleitoral.

O assunto, por incrível que pareça, ficou fora da conversa, enquanto Marina dava aula de educação moral e cívica para seus adversários e se colocava acima do bem e do mal, como representante da nova política. Talvez os jornalistas tenham deixado o caso para os candidatos. Pode ser que os candidatos tenham deixado o caso para os jornalistas. Quem acabou se dando bem foi Marina Silva, que não teve de lidar com seus fantasmas e ainda apontou o dedo acusador contra os adversários.

Assim, convenham, fica fácil.

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