terça-feira, 1 de julho de 2014

MIRIAM LEITÃO E OS MILITARES

Post de Berto Filho
De tempos em tempos, a jornalista multimídia Miriam Leitão (Sistema Globo) escreve colunas e faz programas de TV (GNews) abordando o cenário militar no Brasil.

Ela bate na tecla de que os militares de hoje são diferentes dos militares de ontem, como se estivesse condenando os militares que ocuparam o poder de 64 a 85. Militares da reserva, reformados, sem voz na mídia, a não ser em sites que circulam na internet, não se conformam com as análises da colunista. O tema é polêmico porque agora as Forças Armadas têm sido empregadas em operações urbanas de contenções de distúrbios que nada têm a ver com a sua tradicional missão constitucional. 

São profundas as diferenças de visão de Miriam e desses militares em temas correlatos aos quartéis, como as torturas praticadas por militares durante o regime de exceção iniciado em 1964 e terminado pelo ex-presidente Figueiredo em 1985, discussões na Comissão da Verdade que têm a meta de criminalizar os autores das torturas (na prática, seria a revogação da Lei de Anistia), etc. Venho acompanhando pela internet. Caso você queira ler mais a respeito, vá ao Google e digite "Miriam Leitão e os Militares."






Em setembro de 2005, Miriam publicou o seguinte no Globo, sob o título "Enquanto isso..." :
"Nos quartéis, o desejo é que o presidente Lula conclua o seu mandato no tempo regulamentar e que a crise ensine como melhorar a democracia. Oficiais superiores acham que qualquer saída — mesmo constitucional — que signifique rupturas afetaria a imagem do Brasil como país estabilizado e institucionalmente maduro. O que eles mais temem é uma evolução igual àquela prometida pelo ex-ministro José Dirceu: a convocação dos movimentos sociais para as ruas.
Vinte anos depois do fim da ditadura, os militares não fazem exatamente um mea-culpa sobre o que aconteceu no período 64-85, mas garantem que tudo mudou completamente. Tanto que decidiram nem fazer reunião de alto comando para discutir a crise. Acham que seriam mal interpretados. Os comandantes dizem que têm profundos valores democráticos e total controle das tropas. Não acham que o cenário mais provável da evolução da crise seja o de conflitos sociais. Mas lembram que uma de suas missões constitucionais é o que eles definem com a sigla GLO, Garantia da Lei e da Ordem.

Houve um tempo em que a interpretação dos militares brasileiros sobre Lei e Ordem era rasgar as leis e ferir a ordem.


Hoje em dia, eles demonstram com convicção terem aprendido o que não podem fazer. Acompanham com atenção os índices de popularidade das Forças Armadas, que vem aumentando ano após ano desde 94. Numa pesquisa feita em maio, registrou-se que 75% dos brasileiros confiam nas Forças Armadas, e só 20% não confiam.

A insatisfação salarial continua, mas já foi mais aguda. Hoje eles acham que o governo fez o que pôde, por enquanto. Garantem que o movimento das mulheres que esteve nas ruas pedindo aumento não é representativo.

Sobre economia, acham que o país precisaria crescer mais rapidamente e investir mais em infra-estrutura e logística. Mas temem a inflação. Portanto, até olham com interesse idéias desenvolvimentistas, desde que isso não signifique a volta da inflação.

Numa atitude um pouco diferente da que já tiveram até no passado recente, os militares acreditam que precisam justificar o dinheiro gasto pelos cidadãos para mantê-los. Por isso querem mostrar à opinião pública que têm hoje múltiplas tarefas no país e não se furtam à convocação da sociedade.

— Hoje ela quer de nós que também atuemos na garantia da segurança urbana. Claro que não podemos nos transformar em polícia; nossa missão não é essa. Mas não podemos ignorar o que a sociedade nos pede. Por isso, nos preparamos para ações localizadas, emergenciais, colaboração com outras forças, utilização de inteligência para enfrentar momentos de tensão — disse um oficial superior.

No ano passado, o Exército participou de 13 operações urbanas e neste ano, até agora, cinco. São ações como a de Belo Horizonte onde, com a polícia em greve, houve uma série de tumultos na rua. Outra ocorreu em Vitória. Já participaram de ações no Rio de Janeiro. Preparam-se já para garantir a segurança dos Jogos Pan-Americanos, com muito mais efetivos do que na época da Rio-92. Estão há três meses no Pará e acham que está na hora de passar o bastão para a Polícia Federal. Foram para lá depois da morte da freira Dorothy Stang, quando havia ameaça de morte contra outros religiosos.

O Exército decidiu ter uma unidade especializada em operações urbanas de garantia de segurança interna. Acham que o treinamento tem que ser totalmente outro, o armamento diferente, porque eles estarão atuando no meio da população civil e, por isso, treinam em Campinas (SP). Foi instalada na cidade uma Brigada com sete mil homens que tem o objetivo de se especializar em ações urbanas: tomar favelas do narcotráfico, conter rebeliões e distúrbios civis. É a 11 Brigada de Infantaria Leve- Garantia da Lei e da Ordem, BIL-GLO.

Mas estão convencidos de que não é com repressão que se vencerá a violência urbana, mas com combate à lavagem de dinheiro, ao tráfico de drogas e de armas nas fronteiras. Aumentar a presença nas fronteiras brasileiras é uma velha reivindicação. Não é inimigo externo, invasão de país estrangeiro o que temem. Acham que ajudam a combater crimes, como o desmatamento. Quando há denúncia ou informações de satélite de desmatamento, o Ibama atua com apoio logístico, transporte, alimentação, garantia de segurança, das Forças Armadas.

— No meio da selva, não há um botequim na esquina, temos que levar tudo que eles possam precisar — conta um oficial.

A preocupação deles hoje é passar para a opinião pública a dimensão das suas múltiplas tarefas no país em todas as áreas, inclusive na formação pessoal de 100 mil jovens brasileiros, em geral pobres, a cada ano. Um milhão se alistam, só 10% podem servir e eles garantem que os jovens passam por importante processo de educação e preparação para a vida.

As Forças Armadas estão hoje lendo os velhos livros de estratégia e tática bélica e os novos de redução de custos, aumento de produtividade e eficiência.

— Sabemos que o dinheiro é pouco, queremos fazer mais com menos — comenta um deles.

Acham que também não é muito entendida a importância da presença de tropas em missões da ONU. Em ações como no Haiti, está se consolidando a imagem do Brasil, mas também treinando, na prática e a custos menores, os soldados brasileiros, porque parte do gasto é ressarcido pela ONU e os militares não estão em simulações, mas enfrentando desafios reais."


Volto eu.
O artigo acima provocou uma resposta dura do General de Divisão reformado do Exército, Francisco Batista Torres de Melo. No próximo post, publico a resposta. Todo esse contencioso você acha via Google, uma fonte imnportante dos noticiários de rádio e TV e também a fonte de textos que a grande mídia dia ignora porque não batem com a sua ideologia.

É preciso pesar os dois campos no que tange à influência de cada um na formação da opinião da sociedade.

Vamos começar pelo peso dos militares sem voz

Os militares da ativa têm bloqueios disciplinares, não podem se manifestar sem que se exponham a sofrer sanções.
O que pensam os quartéis ? Não se sabe. O Ibope não faz pesquisa lá. Os comandantes permitiriam ao Ibope ou similar auscultar o verdadeiro pensamento de um extrato representativo da tropa, desde que sejam usados os mesmos critérios técnicos das pesquisas de opinião ?

Militares da reserva, reformados, não conseguem espaço na mídia porque não são jornalistas empregados em veículos de comunicação e porque, como personagens, são rejeitados por preconceito antimilitarista da imprensa (sobretudo os de esquerda radical) , preconceito que as chefias de redação e os donos dos veículos resolveram encampar como uma atitude corporativa.

O bom senso (este meu indemissível auxiliar de plantão, oxigênio do meu grilo pensante) recomenda que, para se evitar uma ditadura de direita ou de esquerda, qualquer que seja o presidente de plantão, as Forças Armadas devem ser fieis ao seu papel constitucional de mantenedoras da Lei e da Ordem, no campo interno, e da soberania, da integridade e da unidade do território nacional quando ameaçadas por inimigos externos - na minha versão, quer sejam militarizados ou não.

Hoje a ameaça externa não é militarizada, é ideológica, nada a ver com tanques e exércitos vemelhos (pelo menos por enquanto até onde eu sei), é introduzida cientificamente através do implante, por "lobotomia",  de chips 
de pensamentos prontos pret-a-porter em mentes vazias e ociosas mas treináveis e obedientes.

A manipulação e a persuasão criam legiões de fanáticos fratricidas. O processo é intensivo, dia e noite, repetível à exaustão, de lavagem cerebral no qual os lavadores, agindo de preferência nos movimentos sociais, bem mais receptivos, aplicam habilidades eficientes, por exemplo, palavras de ordem de que o inimigo a ser identificado e perseguido é qualquer um que não pensa do jeito que o lavador quer.

O ministro Joaquim Barbosa, que pediu aposentadoria para sair do radar da mídia e dos inimigos que acumulou (no PT),  hoje faz seu último julgamento antes de pedir o boné.


Ele tem sido vítima recorrente de um processo de desconstrução da imagem de heroi nacional do mansalão que começa pelo rejulgamento, no próprio Supremo, das condenações dos réus do maior escândaloa nacional de todos os termpos por um colégio de juízes que pensa e julga de modo diametralmente oposto ao anterior, o que julgou o mensalão.

Voltando à comparação dos pesos de mídia de Miriam Leitão e dos militares e seus reflexcos sobre as formação de opinião da sociedade, observo,que a multimídia colunista Miriam Leitão dispõe do vasto trombone de sua coluna no Globo, de entradas na CBN, de programas de entrevistas na GloboNews, enfim tem um trombonão mdiático com milhares de atentos seguidores, ela faz cabeças.


O peso de formação de opinião da Miriam e o poder tecnológico que está por trás dela são desproporcionais em relação ao peso de opiniões de militares que circulam, clandestinamente (pois a grande mídia não os reconhece publicamente, pelo menos até hoje) em sites mantidos na internet por organizações civis ou blogueiros considerados de direita, embora muitos dentre esses não assumam claramente a posição ideológica de direita que não é vexatória ou humilhante, como quer fazer crer a esquerda doida varrida.

Existe uma "direita" (como quer a esquerda) rotulada de "centro esquerda" que hoje é vocalizada pelo PSDB, o principal representante político do socialismo que se nutre da seiva de raízes européias ocidentais. E existe uma direita radical que justifica as torturas de 64, defende a criminalização dos terroristas e sua inclusão na Comissão da Verdade, acredita que o movimento de 64 (a ditadura militar) foi uma contra-revolução para livrar o Brasil do jugo comunista. A mídia em geral não aceita que o país estivesse em 63-64 sob o risco de cubanização, que hoje é bem mais evidente no governo do PT. Muitos brasileiros que vivenciaram os acontecimentos políticos dos anos 60, mal informados por essa mídia caolha, pensam que João Goulart era um democrata bem intencionado e que as reformas de base que pretendia executar seriam benéficas para o país.

Em 63, em plena Guerra Fria, Cuba tinha mísseis russos apontados contra os Estados Unidos e o clima era propício à expansão territorial da ditadura do proletariado (leia-se hoje "forças populares") na América do Sul e Central graças à localização estratégicz de Cuba nesse jogo de xadrez do controle do poder mundial e à tomada do poder na ilha pelo tirano Fidel Castro, que escolheu a Rússia como o seu guarda-chuva nuclear. John Kennedy resolveu a parada e Kruschev mandou trazer de volta para Moscou os mísseis transviados.

Pois bem, essa direita radical deseja a tomada do poder pelos militares como salvação da Pátria contra a corrupção, etc. Essa corrente está fora de sintonia e não consegue sensibilizar o eleitorado. Mas é preciso reconhecer que seus argumentos instrumentalizam a direita "centro esquerda".

Quanto a Miriam, não se pode afirmar que ela é da esquerda radical, todavia (eta palavrinha esquecida ...) Miriam tem um certo trauma antimilitarista não resolvido.






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