domingo, 27 de julho de 2014

O BANCO SANTANDER RECUA E FUMA O CHARUTO DA PAZ COM DILMA E O PT



Post de Berto Filho

Que feio, Rui Falcão, presidente do PT !
Então o Banco Santander não tem o direito de expressar o que pensa da economia brasileira quando se dirige aos seus correntistas ? Censura ?

O fato
Clientes do Banco Santander receberam, junto com o extrato deste mês, um informativo que sugere que, se a presidente Dilma Rousseff (PT) subir nas pesquisas eleitorais, a economia do Brasil vai piorar. A informação foi publicada no blog do jornalista Fernando Rodrigues, na sexta-feira, 25.

O texto foi impresso na última página do extrato dos clientes da categoria “Select”, com renda mensal superior a R$ 10 mil. O texto tem o título “Você e o seu dinheiro”e associa uma melhora de Dilma nas pesquisas de intenção de voto com a alta de juros e o dólar e diz ainda que o índice Bovespa vai cair (Berto : se a situação for revertida)

Em nota, o banco pede desculpa aos clientes.

Veja como o Santander fez o recuo estratégico para não ficar mal com o governo e o PT graças à sinceridade e tramsparência de um de seus analistas. É um ato de contorcionismo de comunicação para justificar uma mudança de 360 graus no mesmo dia.

A resposta do Santander na íntegra, abaixo:

“O Santander esclarece que adota critérios exclusivamente técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna ‘Você e Seu Dinheiro’, no extrato mensal enviado aos clientes do segmento Select, pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz. A instituição pede desculpas aos seus clientes e acrescenta que estão sendo tomadas as providências para assegurar que nenhum comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação.”

Em sua página na internet, o banco justifica que o segmento de clientes que recebeu o texto foi de “apenas 0,18%”.

(Berto : minimizou o quantitativo do público-alvo
constituído somente por investidores com bala na agulha, para suavizar a paulada do seu analista de pantão.)
“O Santander Brasil vem a público esclarecer que o texto enviado a um segmento de clientes, que representa apenas 0,18% de nossa base, em seu extrato mensal, e repercutido por alguns meios da imprensa hoje, não reflete, de forma alguma, o posicionamento da instituição”, diz trecho da nota. O comunicado fala ainda que a instituição “reitera sua convicção de que a economia brasileira seguirá sua bem-sucedida trajetória de desenvolvimento”.

Muito bem, Santander, afinal o analista viajou na geleia e escreveu uma besteira oceânica sem consultar ninguém acima dele, como se fossse um aloprado ?

Ou a direção do banco jogou suas fichas no parecer do analista só para causar espanto (no governo federal) e ver no que ia dar ? Deu no que deu.

Prevaleceram os interesses enormes que o Santander tem no Brasil e que até 31 de dezembro dependem da atual presidente. Se ela se reeleger, serão mais 4 anos de compromisso.

Mas o que me chama a atenção nesse episódio é a censurofobia do PT e, por extensão, do governo Dilma. A partir dessa experiência bancária amarga (para o governo e o QG da campanha da Dilma), fica subentendido que nenhum banco ou instituição financeira nacional tem o direito de informar aos seus correntistas em que pé se encontra a situação econômica do país, por que chegou a esse ponto e qual a vinculação da situação econômica com o quadro político-eleitoral.

Isto é censura do governo ao sistema bancário privado.
Puro medo de perder votos. Como se os 0,18% que receberam o informativo fossem capazes de fazer as cabeças do eleitorado do Bolsa Família que recebem religiosamente o seu prêmio da Caixa.  Que funcionário da Caixa teria a coragem de subscrever o texto do analista do Santander ?

O presidente do PT, Rui Falcão, deflagrou uma guerra preventiva contra o Santanter que rendeu frutos imediatos.
Rui chamou o teor do informativo de terrorismo digital porque vazou para a imprensa. Se tivesse sido trancado a 7 chaves no canal restrito de acesso aos correntistas, não teria problema. Chegar às ruas é o grande pavor. O povão não precisa ser sábio para intuir o que se passa e tomar uma decisão influenciado pela piora das suas condições pessoais e de suas famílias.

 Mas vamos dar uma olhada na análise do informativo para ver se o analista tem razão. A nota da direção do Santander tenta restabelecer o clima de paz com o Planalto. Paz falsa ? O que o banco pensa de verdade é o que está no texto abaixo ?

"A economia brasileira continua apresentando baixo crescimento, inflação alta e deficit em conta-corrente. A quebra de confiança e o pessimismo crescente em relação ao Brasil ... em derrubar ainda mais a popularidade da presidente que vem caindo nas últimas pesquisas e que tem contribuído para a subida do Ibovespa. Difícil saber qté quando vai durar esse cenário e qual será o desdobramento final de uma queda ainda maior de Dilma nas pesquisas. Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir. O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice Bovesoa cairia, revertendo parte das altas recentes. Esse último cenário estaria mais de acordo com a deterioração de nossos fundamentos macroeconômicos.

Diante desse cenário, converse com o seu Gerente de Relacionamento Select para alocar os seus investimentos da maneira mais adequada ao seu perfil de investimento".


Em encontro com militantes do PT e com o candidato ao governo do Rio Lindbergh Farias, o presidente nacional do PT e coordenador da campanha de reeleição da presidente Dilma, informou que houve um pedido de desculpas formal do presidente mundial do Santader em uma carta enviada para a presidente. Falcão ainda classificou a ação como 'terrorismo digital' contra a candidatura de Dilma.

- Parece que eles promoveram demissões na área responsável por aquele texto. Disseram ainda que a carta foi para 40 mil correntistas. O pedido de desculpa já é um reconhecimento do banco de que houve um erro. Vou aceitar a desculpa do Banco, mas isso não elide o que aconteceu. O que houve é proibido, não se pode fazer manifestação em uma empresa que, por qualquer razão, interfira na decisão do voto.
E completou:

- Já vimos esse filme no passado. Criaram o 'lulômetro' para medir como a bolsa oscilava. Agora mesmo tem essas especulações que devem beneficiar, inclusive, quem não está interessado no processo eleitoral - criticou.

Segundo Rui Falcão, a distribuição do texto do Santander prejudicou a campanha de reeleição da presidente Dilma:

- Foi muito ruim o banco ter produzido esse texto. É uma coisa que nos prejudica. Espero que, daqui pra frente, nem o Santander ou qualquer outra instituição incorra nesse tipo de atitude. Essa é uma repetição de filme que nós já vimos, como aquela campanha em 2002 de que haveria fuga de capitais - declarou.

O Banco Santander, potência financeira espanhola, tem uma presença marcante na vida financeira brasileira.

Parece óbvio que a comunicação interna entre qualqur banco e seus correntistas seja imune a qualquer tipo de pré-censura oficial. Se o analista pensou em prestar um bom serviço dos 40.000 correntistas Select, pode ficar certo de quem prestou sim. Talvez já tenha sido demitido, vai virar estrela da mídia. Num país democrático como Dilma repete à exaustão que o Brasil é, é incompreensível que o governo de plantão censure (mesmo por tabela, com intimidações, etc) a comunicação entre os bancos e seus correntistas.

Os agentes econômicos podem ficar de pé atrás com essa governança que entra em convulsão toda vez que alguém um pouco mais importante diz umas verdades na lata.

 Você ficará mais por dentro desse assunto ao ler o texto que segue abaixo, produazido nas oficinas da Abril por Geraldo Samor (Veja Mercados).


Doze anos depois da ‘carta’, um extrato assusta o PT


O episódio que começou com a singela opinião de um analista do banco Santander e terminou num pedido de desculpas, na vitimização do PT e na demissão de funcionários do banco mostra o crescente constrangimento do debate de ideias no Brasil, já tão pobre e imbecilizado.

Dizer que, se Dilma for reeleita, a Bolsa vai cair e o dólar vai subir é como “prever” que o rio corre para o mar, ou que o dia amanhecerá depois da noite.

Ao tentar envenenar a análise clara do Santander, o PT só prova que, além de ser mau gestor da economia, o partido está cada vez mais medroso, mais cheio de mimimi, e mais distante da democracia.

Senhoras e senhores, liberais e conservadores, petistas e tucanos: O dinheiro não aceita desaforo. O dinheiro não é “amigo” de uns, nem tem antipatia com outros. Ele não é um ente político nem partidário. Ele é um freelancer que só busca uma coisa: retorno sobre o investimento. Boa parte do PIB nacional já “votou” no PT em 2006 e até em 2010, uma época em que o partido deixou a economia em paz no seu tripé e foi cuidar dos programas sociais.

Mas, ensinam os livros de economia, os donos do dinheiro são sujeitos excêntricos: eles só acham possível obter retorno quando as regras são claras e estáveis, quando a inflação está baixa, e quando o País cresce. Infelizmente — para a Presidente Dilma, para o mercado e para o País — seu governo falhou nos três quesitos. Nada pessoal, Presidente.

O Santander está certo: se este governo que produz PIBinho atrás de PIBinho e que faz com que empresários represem investimentos for reeleito, as empresas brasileiras valerão menos, o dólar valerá mais, e a economia continuará crescendo pouco ou nada. Isto é uma realidade econômica, mas se você não entende o sentido da frase “não existe almoço grátis”, nem precisa continuar lendo.

Qualquer brasileiro pode se lixar para o valor das empresas, dar de ombros para o valor do dólar, e não se ligar na taxa de crescimento do Brasil — apesar das três coisas terem impacto na sua vida e na do seu vizinho — e pode votar na Presidente Dilma. É um direito dele, assim como deveria ser direito de um analista de banco…. analisar os incentivos dos agentes econômicos, como fizeram os funcionários do Santander.

É curioso que, na eleição de 2002, o então candidato Lula (então conhecido no mercado como Satã) entendeu a importância de se comunicar com o mercado (ainda conhecido no PT como Satã) em sua famosa “carta ao povo brasileiro” — mais conhecida, na piada que a história consagrou, como “carta ao banqueiro brasileiro”. Para quem não se lembra, era uma carta em que o PT jurava que ia honrar as dívidas e não bagunçar a economia que FHC havia acabado de consertar.

É isto mesmo, companheiros. Saboreiem a ironia: o partido que um dia teve a coragem de escrever uma carta pública, renunciando a 20 anos de nonsense econômico, hoje se faz de vítima histérica de uma opinião nada controversa escrita num reles extrato. Pior: não quer que sua política econômica passe pela análise de profissionais de uma empresa financeira que é paga para orientar seus correntistas.

Rui Falcão, presidente do PT, disse ao Estadão: “O que aconteceu é proibido, porque você não pode fazer manifestações que por qualquer razão interfiram na decisão de voto. E aquele tipo de afirmação pode sim interferir na decisão do voto.”

Levada ao limite, a tese de Falcão impediria o debate político, já que qualquer cidadão que emite uma opinião “interfere” na decisão de voto de alguém. Se fosse assim, só nos restaria sentar e assistir à propaganda eleitoral, aquele espaço onde existe tudo, menos verdade.

Os esforços do PT de se fazer de vítima do mercado nessa estória revelam a pobreza intelectual do partido, sua incapacidade de lidar com críticas e seu oportunismo em bancar a vítima. +-Nos EUA, quando os democratas estão na frente numa corrida eleitoral, os bancos frequentemente dizem que isso é má notícia para o mercado (“vendam suas ações”), pois democratas tendem a querer mais impostos e mais gastos. Apesar disso, não há registro do Partido Democrata ameaçar o JP Morgan ou a Goldman Sachs de “interferir no processo”.

Quanto ao Santander, que assumiu o “erro” e pediu desculpas, também aprendemos uma coisa: Nem o banco mais umbilicalmente conectado com o Governo — com exceção dos próprios bancos estatais — conseguiu controlar uma opinião que, de tão óbvia, passou desapercebida por qualquer controle interno.

A postura subalterna do Santander — noves fora a covardia inominável de demitir seu time de analistas — não é, entretanto, de se estranhar. O banco é como o capital: só quer saber de seu retorno. É um negócio amoral.

Já da política se espera muito mais — o livre debate de ideias — e é preocupante que os políticos não estejam à altura das expectativas.

No final das contas, o extrato do Santander só mostrou uma democracia com saldo negativo.
























 

























































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