terça-feira, 1 de julho de 2014

O VICE DE ÁÉCIO FOI CHAPA DE MARIGHELLA

Post de Berto Filho



O candidato a vice presidente da República pelo PSDB na chapa de Aécio, Aloysio Nunes Ferreira, já foi companhehro de armas e assaltos do ícone comunista Carlos Marighella.
A esquerda radical está melhor representada no PSDB do que no PT...

Aloysio diz que entrou de gaiato no navio da luta armada, que essa não era a sua praia. Foi um guerrilheiro bem comportado mas deixa ele mesmo falar como foi.

A publicação que segue foi feita no Globo.

“Mateus”, nos tempos da clandestinidade dos anos de chumbo, ou Aloysio Nunes Ferreira, hoje, sempre foi um afiado opositor no embate a governos. O hoje senador e líder do PSDB no Senado tinha 19 anos e cursava o segundo ano de Direito, na Universidade do Largo de São Francisco, quando veio o golpe militar de 1964. Apoiava o movimento pelas reformas e, como voluntário, estava engajado no Instituto de Reforma Agrária onde ajudava a organização de sindicatos de trabalhadores rurais.

— O golpe foi um golpe para mim em todos os sentidos e na minha vida pessoal. Foi como se fosse tragado pelo vácuo do buraco de uma bomba que explodiu. A partir daí me joguei na vida pública - relembra Aloysio, em entrevista ao GLOBO.

No dia em que foi preso pela primeira de muitas vezes, pediu que os policiais passassem no salão de beleza, onde estava a mãe, para tranquilizá-la.

— Eu disse: Mãe, estou sendo preso, candidadamente, e ela entrou em pânico. Foi nesta época que fiz todas as amizades profundas e fundamentais da minha vida - conta o senador tucano.

No ano seguinte, em 1965, ele se filiou ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Daí em diante, foi preso várias vezes, mas nunca torturado. Durante a militância na clandestinidade, Aloysio Nunes atuou ao lado de Carlos Marighella na Ação Libertadora Nacional (ALN), na qual integrava o Grupo Tático Armado (GTA). Foi quando seu nome foi espalhado em cartazes de “Terroristas assassinos”.

— Se tivesse ficado no Brasil, teriam me matado. Era muito visado — disse o senador ao GLOBO, numa entrevista em outubro de 2011.

O senador tucano não se arrepende da luta do passado, mas diz que a luta armada foi um equívoco. Como militante, ele participou, em agosto de 1968, do assalto ao trem pagador da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Ele foi processado e condenado a três anos de reclusão com suspensão dos direitos políticos por dez anos.

— Participei de ações armadas. Mas não quero bancar herói. Estávamos profundamente equivocados. O que derrubou a ditadura foi a luta de massas, a luta democrática. Mas o que está feito, está feito. Não me arrependo — afirmou o senador nessa entrevista.

Em 1969 se exilou na França, onde ficou até 1979. Durante o regime militar, foi indiciado várias vezes por atos subversivos e, em 75, condenado, à revelia, a três anos de cadeia e dez anos de suspensão dos direitos políticos. Há três anos, Aloysio Nunes foi o relator no Senado do projeto que criou a Comissão Nacional da Verdade. Ele defende a manutenção da Lei de Anistia, sem punições para antigos agentes do Estado que cometeram violações na ditadura.

Com a anistia, voltou ao Brasil e participou da fundação do PMDB, sob cuja legenda exerceu vários mandatos: dois de deputado estadual, vice-governador e deputado federal. Em 1997, foi para o PSDB, se elegendo deputado federal por dois mandatos.

- Hoje aos 69 anos, eu olho para aquele jovem de 18 anos que começou a militar na faculdade de Direito e me pergunto: Será que sou eu mesmo? Acho que sou. Alguns sonhos se desfizeram, a alma foi limada pela aspereza da vida, mas as convicções da democracia, liberdade, pluralismo e igualdade permaneceram - disse ontem após o anúncio feito por Aécio.

De preparo intelectual e político apontado até pelos adversários, o tucano também é conhecido por ter um temperamento forte, às vezes sem paciência. Ontem, ao ser anunciado vice na chapa de Aécio Neves, ao lado da mulher Gisele, o próprio Aloysio brincou com seu estilo e prometeu ser mais “zen”. Ministro de duas Pastas do governo Fernando Henrique: Justiça e Secretaria Geral da Presidência. Além de amigo de Fernando Henrique, Aloysio é próximo do ex-senador José Serra.

Em 2010, Aloysio retornou com força ao cenário de Brasília, após obter a maior votação da história para o Senado: 11.189.158 votos. Aloysio Nunes é anistiado político, condição obtida em 2006, num julgamento da Comissão de Anistia. Ele recebeu a prestação única no valor de R$ 100 mil. Essa reparação é referente a 15 anos, 7 meses e 22 dias de perseguição, entre 1966 e 1979. Teve também direito de voltar à faculdade e concluir curso de ciências sociais.



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