segunda-feira, 10 de março de 2014

A COISA TÁ FICANDO VERMELHA

Postado por Berto Filho

A foto que ilustra esse texto foi extraída das "imagens" do Google sobre a Venezuela, não tem a ver com as fotos mencionadas no texto que segue.




Recebi e-mail com fotos (sem crédito) de manifestações que teriam ocorrido ontem em cidades da Venezuela. São multidões nas ruas, compactas, pacíficas, desarmadas, exaltadas, indignadas. Suponho que sejam constituídas por simpatizantes e militantes das oposições ao governo Maduro, mas não descarto a possibilidade de estarem presentes em algumas fotos grupos de defensores do governo chavista.

Como as fotos não têm crédito (dos fotógrafos) nem legendas informando o nome da cidade e texto resumindo o que cada foto indica estar acontecendo, não vou reproduzi-las aqui. Tenho por norma dar o devido crédito de autoria de textos, fotos e ilustrãções sempre que tais créditos são externados de forma clara.

O texto de uma das ilustrações afirma : "A Globo tem correspondente na Ucrânia. Enquanto isso, na Venezuela, mais de 60.000 soldados cubanos nas ruas, manifestantes mortos, estudantes torturados nas prisões..."

Estarão na Venezuela 60.000 soldados cubanos, naturalmente a soldo do governo Maduro ?

E por que a Globo entrou nesse navio ? Porque o autor desconhecido (da frase) insinua que William Bonner e Patricia Poeta não falam sobre o que está acontecendo na Venezuela porque "o governo Dilma injetou nos últimos 13 anos mais de R$ 10 bilhões nos canais de TV, e a Globo teria ficado com R$ 5,9 bilhções desse bolo." Quer dizer, segundo esse autor desconhecido, a Globo estaria sendo leniente nessa questão como reciprocidade ao volume da verba recebida do governo.

Não acredito nisso, mas observo que seria desejável que a Globo e outras emissoras brasileiras mantivessem  correspondentes e repórteres em Caracas e outras cidades da Venezuela para transmitir o que se passa nesse país em tempo real neste momento em que fatos graves (atentados à democracia pelo governo venezuelano) podem estar ocorrendo e não estariam sendo divulgados como é preciso. Pelo menos essa é a percepção de uma parcela ponderável da comunidade da internet.

O país faz fronteira com o Brasil, o que acontece lá, tão pertinho da gente, pode influenciar o comportamento da sociedade brasileira, que está rachada entre esquerdistas e direitistas radicais, sedentos por confrontos de rua. Isso é perigoso. Os manifestantes de junho (de 2013) estão fora disso.

O Carnaval, intervalo de festança, alegorias e fantasias, já passou e agora as atenções se voltam para a política e as eleições mais importantes do Brasil nos últimos 24 anos.
Entretanto, vem aí mais um intervalo de festança, a Copa do Mundo, que, além de festança, poderá conter fagulhas incendiárias. Segundo revela reportagem da Veja, nas bancas, o governo federal montou uma central de monitoramnento em Brasilia conectada com as 12 cidades onde serão realizados os jogos, equipada com o que há de melhor em tecnologia e recursos humanos que seria teoricamente suficiente para inibir, desestimular e reprimir com rigor manifestações anti-Copa que podem terminar em violência e depredações. A persuasão pela palavra, aparentemente inócua, foi substituída pela dissuasão policial-militar.

Já comentei aqui a informação (que circula na internet) de que o ex-presidente Lula estaria acertando com os Castro assumir a liderança bolivariana nessa parte da América, devido ao desgaste das lutas internas na Venezuela. O hino da Internacional Socialista - e não o belíssimo Hino Nacional Brasileiro - está sendo cantado em algumas cerimônias no Brasil, conduzidas por setores radiciais de esquerda. A coisa tá ficando vermelha.

Na semana passada, o governo Dilma (via Itamaraty) foi contra a intervenção da OEA na Venezuela. Não sei se o governo Dilma espera que venha a ocorrer um conflito ainda maior entre as partes com sangue derramado - uma guerra civil - para então, sim, apoiar a mediação da OEA, como faz a ONU nos conflitos mais dramáticos mundo afora.

Torço daqui deste cantinho sem armas para que a Venezuela volte a ter um regime democrático civilizatório, cristão, ocidental e arraste a Bolivia e o Equador para a democracia representativa e republicana.





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