Postado por Berto Filho
Telejornais e noticiários de rádio põem a boca no trombone. Jornais estampam em manchetes. Estatísticas frias confirmam : a criminalidade cresce exponencialmente em Cabo Frio, pólo econômico da Região dos Lagos, em Macaé e em qualquer cidade governada por prefeitos que teimam em atrair turistas - para satisfazer o comércio lojista, hoteleiros e massagear o próprio ego - e novos moradores a qualquer preço, pensando, naturalmente, em se projetar na mídia como "bons gestores" e na expansão do colégio eleitoral para arrecadar mais votos nos futuros embates pela manutenção do poder.
Promover, com o dinheiro público, festas e shows populares milionários (alguns, de gosto duvidoso) para agradar eleitores, moradores e visitantes é marca registrada equivocada da maioria dos prefeitos porque, embora seja uma estratégia aparentemente eficaz para alcançar dividendos políticos, eleitorais e pessoais junto aos públicos "agradados", é também uma ferramenta eficaz para atrai bandos de criminosos atrás de "refugiados" vindos de cidades fluminenses e mineiras (na maioria) supostamente em busca de segurança e melhor qualidade de vida. O marketing do circo deve dar lugar ao marketing da vida.
A resposta contra o crime é lenta, asfixiada sob várias camadas de burocracia paralisante. O criminoso é mais rápido e ágil, o crime é mais organizado do que parece. E muitos dessa espécie comandam crimes dentro de suas celas. A polícia chega tarde ou nem chega porque não está preparada para enfrentar a avalanche que invade a praia dos que querem viver em paz.
Então, em vez de crescer aceleradamente e promover shows milionários, pagando os cachês de artistas caríssimos (mas sempre bem vindos), os prefeitos inteligentes, sensatos e realmente interessados na melhoria da qualidade de vida de suas cidades deveriam concentrar verbas no atendimento ao cidadão nos hospitais, no saneamento básico que previne doenças, na correta pavimentação das ruas esburacadas, no treinamento dos guardas municipais para ações de proteção ao cidadão em estreita colaboração com o policiamento ostensivo da PM, no plantio de árvores, na eliminação dos lixões, na transparência de suas gestões, na informatização das escolas, na atualização dos equipamentos para o treinamento de professores, no transporte público de massa por meio de uma malha de coletivos confortáveis de mais de uma empresa (para forçar a concorrência), em abrigos de ônibus confortáveis (que realmente protejam o cidadão dos raios do sol e das chuvas), na distribuição de lixeiras de mão o mais pulverizada possível, na oferta de educação esportiva como opção para imunizar crianças e adolescentes contra o ócio perigoso das ruas que induz ao consumo de drogas e aos pequenos delitos precursores dos grandes delitos... São muitas as carências, para onde quer que se olhe.
Deixem as festas para os empresários privados que entendem melhor disso.
Deem os incentivos fiscais e a infraestrutura que os shows requerem. Mas - e este recado é especial para prefeitos de cidades turísticas - pisem no freio desse crescimento vertiginoso que só traz problemas e demandas acumuladas sobre hospitais, delegacias, limpeza urbana, etc que não podem ser atendidas com os recursos disponíveis, destinados prioritariamene aos atuais moradores. Turismo, sim, receber bem, sim mas com maneiras e modos civilizados, com uma sinalização criativa que não piore a poluição visual.
Mais Slow Attitude , menos Fast Development.
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