terça-feira, 5 de novembro de 2013

SONHOS E CÁLCULOS

Postado por Berto Filho
Extraído do blog do Ricardo Noblat
Autor : Elton Simões (*)
(*) Elton Simões mora no Canadá. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria). E-mail:
esimoes@uvic.ca

Acho que podemos concordar que a desilusão tem sido a marca dos últimos anos. Está difícil encontrar lideres cuja aparência, tão cuidadosamente pintada pelo marketing pessoal, corresponda, ainda que remotamente, à sua substancia. Parecer nunca foi ser. Parece que em algum ponto, a distância entre aparência e substância alargou.

Talvez seja o fato de que o ser humano está sempre disposto a apostar em uma história bem contada. Ou talvez seja o fato de que os que se autoproclamam lideres contam estas histórias com arte e talento e, no processo, vão se distanciando da realidade. Afinal, todos querem viver um sonho. Apesar de tudo, parece que somos, por natureza, seres crédulos. Sonhadores. E, portanto, de tempos em tempos, estamos todos destinados a ver escorrer por entre os dedos da mão os resquícios daquelas crenças que nunca foram verdadeiras. Assim nascem os falsos líderes.

Existe, na área empresarial, a lenda urbana de que a ruína se aproxima quando o empresário, o executivo ou a empresa aparecem em capas de revista de negócio, como exemplo de sucesso a ser seguido. Não se sabe bem porque, esta lenda parece ter alguma relação com a realidade.

Liderança genuína e positiva é coisa complicada, rara, difícil de encontrar e mais difícil ainda de manter. Depende de qualidades antagônicas. De um lado, o líder precisa vender a visão, o sonho. Convencer que sua proposta é legitima, e que aponta o caminho do sucesso. De outro lado, a visão deve ser realista e executada com competência pelo líder. Enxergar a realidade sem se deixar se contaminar pela recém-adquirida notoriedade é parte importante disso.

Parece que a emoção e a paixão transmitidas pelos sonhos e visões da liderança são o combustível para a crença no projeto e no futuro. Mas é, seguramente, o cálculo preciso dos céticos que torna possível separar os verdadeiros líderes daqueles que são simples produtos do marketing pessoal. Às vezes, uma dose de ceticismo faz bem. E sempre sai mais barato.










 

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