sábado, 30 de novembro de 2013

O CUSTO DA CORRUPÇÃO NO BRASIL

Postado por Berto Filho

O artigo a seguir foi publicado em inglês na revista americana Forbes em 28 de novembro. A intenção é estimar o custo da corrupção no Brasil e mostrar o que esse montante colossal (cerca de 2% do PIB) garfado da economia e usado criminosamente por agentes públicos e políticos nos subterrâneos do sistema financeiro com a cumplicidade de maus empresários, poderia proporcionar de benefícios à população brasileira caso a corrupção tivesse sido zerada.

A meta de qualquer governo novo que tenha peito e votos para tirar o PT do poder é corrupção zero. É a causa de todos os males. Forbes enxergou bem.

Dizem os acomodados ou otimistas que um pouco de corrupção, em nível tolerável (o que seria isso ?!), faz a economia e a política andarem sem o risco de os operadores serem levados à barra dos tribunais, causando tensões intermináveis no cotidiano das pessoa de bem. Sem virar caso de polícia. Tire você mesmo as conclusões.

Provavelmente minha tradução heterodoxa, com pequenas inserções autorais e a colaboração de alguns tradutores online disponíveis na internet, não vai bater literalmente com a tradução do original feita por leitores mais capazes na língua inglesa. Mas o que vale é o sentido. Em seguida ao texto em português, segue o texto original.


Brasil x Corrupção

O custo da corrupção no Brasil poderá chegar a U$ 53 bilhões somente este ano
Muitos brasileiros ainda estão assistindo, incrédulos, ao psicodrama das prisões das principais figuras do Mensalão, o esquema (operado e liderado pelo PT) em que recursos públicos foram usados ​​para comprar apoio político para o então governo Lula da Silva e para pagar dívidas de campanhas eleitorais.  Uma das maiores questões que envolvem o imbróglio é: quanto dinheiro exatamente foi desviado para os bolsos de funcionários corruptos e políticos?

De acordo com o inquérito iniciado em 2005 e realizado pelo Ministério Público, Polícia Federal e Tribunal de Contas da União. o grande caso de caixa-para-votos envolveu perto de R$ 100 milhões (US $ 43 milhões) desviados de contribuintes. Não admira por isso que o procurador-geral Roberto Gurgel chamou esse esquema de corrupção de o mais ousado e ultrajante desvio de fundos públicos já visto no Brasil. E isso pode ser apenas a ponta do iceberg. Um estudo de 2010 feito pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) estimou que o custo médio anual da corrupção no Brasil fica entre 1,38% a 2,3% do PIB.

O Banco Mundial apresenta o Brasil em seu banco de dados com um PIB de U$ 2,253 trilhões em 2012, enquanto a OCDE calcula que o Brasil vai crescer 2,5% este ano. Se os números do estudo da FIESP estão corretos, apenas em 2013, algo entre 32 e 53,1 bilhões dólares podem entrar na rubrica corrupção. Essa bolada fica fora da contabilidade dos fluxos financeiros que determinam o crescimento da economia.

Se esse dinheiro tivesse sido investido no precário sistema de ensino, o número de estudantes brasileiros matriculados no ensino fundamental poderia aumentar dos atuais 34 milhões para 51 milhões de estudantes. Se os 53 bilhões de dólares da corrupção entrassem na economia formal e fossem aplicados no combalido sistema de saúde pública, o número de leitos disponíveis nos hospitais públicos poderia quase dobrar, de 367.397 para 694.409.

O mesmo dinheiro poderia inserir mais de 2,9 milhões de famílias brasileiras no sistema habitacional, permitindo servir 23,3 milhões de domicílios adicionais que não estão providos por tratamento de água e esgoto.

E assim por diante.

Quanto ao sistema de infra-estrutura do Brasil, um dos calcanhares de Aquiles, o dinheiro desviado de fundos públicos poderia ser usado para construir 277 novos aeroportos no país, uma ajuda muito necessária, considerando os preparativos para o país sediar a Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, dois mega-eventos que exigem avanços ciclópicos na capacidade e eficiência gerencial dos aeroportos, .

Apesar de todos esses claros sinais negativos, o Brasil melhorou seus níveis de combate à corrupção. A Transparência Internacional lista o país como o 43 º país mais corrupto do mundo em um ranking com 180 países em que aqueles que estão no final da lista são os menos corruptos.

Para resolver esse enorme problema - a corrupção - as lideranças devem assumir, como ponto de honra, realizar mudanças radicais no seu sistema político, dar maior transparência à movimentação de todos os fundos captados para promover candidatos, partidos políticos e as campanhas eleitorais, fazer as reformas no sistema judicial, aprimorar o funcionamento da máquina do Estado, o sistema fiscal e aumentar os controles sobre o gasto público.

Em outras palavras, seria um bom começo para melhorar o país um governo melhor administrado, com uma população menos dependente de um Estado mais enxuto e eficiente.

O escândalo do Mensalão sufocou o atendimento a todas essas demandas, absolutamente indispensável para transformar o Brasil em um lugar mais atraente para os investidores internacionais.

O país do futuro ainda é refém de seu passado.
Entretanto, e enquanto ninguém assume o controle da situação, os brasileiros, infelizmente, vão continuar a pagar a conta para seus políticos corruptos fora de controle.


Brazil x Corruption

The cost of corruption in Brazil could be up to $53 billion just this year alone

As many Brazilians are still watching incredulously the imprisonments of the principal figures in the Mensalão (“Big Monthly Payment”) scandal, the scheme in which public funds were used to buy political support for the then-Lula da Silva government and to pay off debts from election campaigns, one of the biggest questions surrounding the imbroglio is: how much money exactly was diverted into the pockets of corrupt officials and politicians?

According to the investigation initiated in 2005 and carried out by Brazil’s Public Ministry, the country’s Federal Police and the Brazilian Court of Audit, the huge cash-for-votes case involved some R$ 100 million ($43 million) siphoned from taxpayers’ money. No wonder why Brazil’s Attorney General Roberto Gurgel called it “the most daring and outrageous corruption scheme and embezzlement of public funds ever seen in Brazil.”

And that could just be the tip of the iceberg. A 2010 study by the FIESP (the Federation of Industries of Sao Paulo State, in its acronym in Portuguese), the average annual cost of corruption in Brazil is between 1.38% to 2.3% of the country’s total GDP. The World Bank lists Brazil in its database with a GDP of $2.253 trillion as of 2012, while the OECD expects Brazil to grow 2.5% this year.

If the numbers of the FIESP study are to be believed, just in 2013 something between $32 billion and $53.1 billion can be accounted as “corruption money,” which, it is important to remember, gets out of circulation that hits growth. To put into perspective, if that money was invested in Brazil’s precarious education system, the number of Brazilian students enrolled in elementary school could be improved from its current 34.5 million to 51 million.

Should that money be invested in the public health system, the number of beds available in Brazil’s public hospitals could almost double, from 367.397 to 694.409. That same money could house more than 2.9 million Brazilian families and sanitation to reach an additional 23.3 million households that aren’t on the public sewer system.

And so it goes on. As for Brazil’s infrastructure system, one of the country’s Achilles heels, the money diverted from public funds could be used to build 277 new airports in the country, a much needed help considering that it is under scrutiny as it prepares to host the 2014 FIFA World Cup and the 2016 Summer Olympics, with both events requiring advances in airport capacity and efficiency.

Sure Brazil has improved its corruption levels — Transparency International lists the country as the world’s 43rd most corrupt nation in a ranking with 180 countries in which the ones at the bottom of the list are the least corrupt. To tackle that huge problem, changes in its political system and more transparency in what concerns all funds raised in order to promote candidates, political parties, or policies in elections, reforms in the judicial system and in the way of functioning of the machinery of the state, in the fiscal system and an increase in control of public expenditure.

In other words, a better administered government, and a leaner, less state-dependent country, would be a good start. The Mensalão scandal highlighted all those needs, which are necessary in order to turn Brazil into an easier place for international investors to do business. (“The ‘Country Of The Future’ is still hostage to its past,” as I wrote back in June.)

In the meantime, and while nobody takes control of the situation, Brazilians unfortunately will keep paying the bill for their out-of-control corrupt politicians.

(Published by Forbes – November 28, 2013)


Nenhum comentário:

Postar um comentário