sexta-feira, 11 de outubro de 2013

CABO FRIO CRESCE MAIS DE 9% AO ANO

Postado por Berto Filho
Dizem que estatísticas não dão choque.Pois esta dá.
Segundo o IBGE, Cabo Frio tem hoje uma população de pouco mais de 200 mil habitantes e vem crescendo à média de 9,29% ao ano muito além dos pífios 0,8% de crescimento do país nos últimos anos. Os números impressionam tanto que, se eu fosse o prefeito, ficaria preocupado mais do que eufórico, como demonstrou estar o prefeito Alair Corrêa diante da fatalidade do crescimento desenfreado da cidade ao comentar esta semana os números na abertura oficial do projeto Se Toca Cabo Frio, louvada campanha de prevenção do câncer de mama, no salão nobre do Tamoyo Esporte Clube :

- “Vejo esses números e quanto nossa Cabo Frio está crescendo. Por isso, é preciso cada vez mais investimentos no turismo porque os royalties do petróleo vão acabar, e o turismo bem organizado é que vai sustentar nossa cidade”, sentenciou Alair, sem revelar, porque não era o momento nem o local, como vai segurar o trem do crescimento, baixando a velocidade para dar ao governo tempo para implantar os projetos de redenção.

A qualidade de vida, buscada como sonho de consumo de quem vem para cá, está sendo atropelada pelo crescimento vertiginoso que não dá trégua nem tempo para governo nenhum, mesmo com enorme disposição, recursos orçamentários, maioria na Câmara, royalties do petróleo, crédito eleitoral, disponibilidade de financiamentos e razoável capacidade de endividamento, enfrentar os desafios que surgem, sem perturbar a tranquilidade e a própria qualidade de vida top de linha prometida pela propaganda oficial.

O paraíso Cabo Frio, principal polo econômico da região dos Lagos e uma das cidades que mais crescem no estado e no país, ainda está no plano do imaginário. Há um fosso enorme, compreensível, de falta de qualidade em educação, saúde, saneamento básico, transporte, segurança e serviços públicos separando a Cabo Frio de hoje da Cabo Frio de amanhã.

O prefeito aposta no make-up completo da cidade - não conheço o plano todo, apenas o que aparece na mídia - e vai passando o bisturi em ruas e avenidas, abrindo múltiplos e simultâneos canteiros de obras que infernizam os motoristas e certamente prejudicam, temporariamente, é certo - mas até quando ? - , o comércio lojista. Mas esse desconforto precisa ser didaticamente justificado por uma campanha de esclarecimento que está faltando.

Uma das mega-obras vem tornando intransitável, como era de se esperar, a avenida Joaquim Nogueira, via estratégica na trama que une a estrada que vem do Rio (que no trecho depois da última ponte se chama Avenida América Central) ao centro, através da Teixeira e Souza. Máquinas, peões, terra em movimento, muros plásticos e cones gigantes limitam a via carroçável, transmitem a intenção de trabalho da prefeitura, é verdade, ma também estreitam dramaticamente as pistas e multiplicam por 10 ou 20 vezes, dependendo da hora, o tempo de travessia de uma ponta a outra. Estacionar aí, nem pensar.

Estacionar nas ruas do centro exige muita paciência e sorte.

A demanda é de 5 carros por vaga e muitas motos no meio. A saída imaginada - garagens subterrâneas sob concessão para a iniciativa privada - é uma solução para dentro de 2 ou 3 anos, e a viabilidade depende de condições geológicas dos terrenos de propriedade da prefeitura situados no centro (?) ou em seu entorno. Mas antes disso e para evitar que o cidadão deixe de ir ao centro por causa da dificuldade de estacionar seu carro, o caminho natural é a prefeitura voltar a ser empresária. Dar dignidade e um salário razoável ao guardador uniformizado, sucessor do "flanelinha", que vai tomar conta dos carros e cobrar um preço social. Um serviço público cuja arrecadação seja imune à tentação de ser transformada numa fonte paralela de recursos com fins políticos, e contribua para baixar os preços dos estacionamentos rotativos privados, que já começam a subir de forma alarmante. E que também seja a fonte de pagamento dos guardadores e das despesas sociais com eles e suas famílias.

A Cabo Frio idealizada por seus moradores e pelos milhares de turistas que tem acolhido ano após ano com a hospitalidade possível, é a que está respaldada nas belezas naturais, na capacidade gerencial e de recursos humanos do turismo receptivo da cidade, no dinamismo do empresariado, na modernização e ampliação da rede hoteleira, na expansão dos investimentos privados no comércio – o Shopping Park Lagos vem aí assombrando o comércio de rua -, no aeroporto internacional e em outras iniciativas particulares e públicas ainda não anunciadas.

Porém, o crescimento demográfico e econômico vem acompanhado do aumento da criminalidade e da expansão dos domínios do tráfico de drogas, que vai enraizando seus pontos de venda, como se fora uma organização empresarial.

Então, o prefeito precisa se mexer para combinar com os prefeitos dos municípios exportadores de gente e com as autoridades de segurança pública do governo do estado do Rio de Janeiro, independentemente de bandeiras partidárias, uma forma de reduzir ao mínimo controlável a migração de quadrilhas e bandidos egressos das UPPs do Rio, dos barracos da baixada e de cidades vizinhas, de forma a poder criar uma estrutura de segurança com policiamento ostensivo, a pé, de bicicleta ou de moto, que desencoraje o crime que vem se alastrando perigosamente, ameaçando a tranquilidade do cidadão no presente momento e, por extensão, o paraíso em que Cabo Frio está destinada a ser em um futuro de prazo ainda ao calculado.


Desejo sorte e paciência ao prefeito Alair Corrêa, porque vai precisar muito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário