domingo, 27 de outubro de 2013

LP COMEMORA BODAS DE OURO EM 2014

Postado por Berto Filho

Peço licença para falar sobre Vera Brasil, minha irmã.
O histórico e cult LP "Tema do Boneco de Palha", gravado pela compositora Vera Brasil em 1964, com voz, violão e orquestra para o selo Farroupilha, vai completar 50 anos em 2014. A fita magnética master das gravações (eu estava presente) deu origem a 3 LPs :
o primeiro, "Tema do Boneco de Palha", selo Farroupilha, lançado em 1964 ; o segundo, sob o título “Antes que você diga qualquer coisa sobre Música Brasileira”, lançado nos EUA em 1975, pelo selo americano de NY "Revelation Records"; e o terceiro, retomando o título original "Tema do Boneco de Palha", editado em 2006 pelo selo alemão de Dusseldorf, "Sonorama Records", que adquiriu da Vera os direitos de comercialização dos fonogramas em escala mundial através da Distribuidora Groove Attack. 
Em 1975, o LP americano recebeu 5 estrelas da revista Down Beat, que, na época, foi um distinção notável pela importância da publicação e por sua projeção mundial, considerada a bíblia do jazz norte-americano.
Somente um dos 12 fonogramas, "Samba Bom", pode ser ouvido no youtube. Os demais, tenho em meu computador e posso enviar para os músicos que se interessarem em incluir as músicas gravadas pela Vera em seus repertórios. 

LP "TEMA DO BONECO DE PALHA"
Selo : Farroupilha, São Paulo, 1964

Fonogramas gravados :
Depois da Chuva 1:31 Vera Brasil - Berto Filho
Era Uma Vez 2:25 Vera Brasil
Minha fé, Meu Amor 2:57 Vera Brasil - Sivan Castelo Neto
Não é Por Falar 2:41 Vera Brasil - Berto Filho
O Azul do Céu 2:17 Vera Brasil - Myriam Ribeiro
O Menino Desce o Morro 1:52 Vera Brasil - De Rosa
Prá Você Que Não Vem 2:08 Vera Brasil - Maricene Costa
Quase Ilusão 1:43 Vera Brasil – Vadim Arsky
Rimas de Ninguém 2:13 Vera Brasil
Samba Bom 2:35 Vera Brasil
Tema do Boneco de Palha 2:59 Vera Brasil - Sivan Castelo Neto
Tema Para Recordação 2:54 Vera Brasil – Myriam Ribeiro


LP “ANTES QUE VOCÊ DIGA QUALQUER COISA SOBRE MÚSICA BRASILEIRA" 
Selo : Revelation Records, EUA, 1975


LP "TEMA DO BONECO DE PALHA"
Selo : Sonorama Records, Dusseldorf, Alemanha, 2006


Vera Brasil nasceu em 07 de maio de 1932 no bairro paulistano de Perdizes e faleceu em Araçoiaba da Serra, interior paulista, no dia 18 de julho de 2012 aos 80 anos de idade. Morava há 20 anos numa casa de madeira construída sob a sua supervisão, que chamava de "minha casa no campo", em homenagem à sua grande amiga Elis Regina.
Na chácara de 1.300 m2, rodeada de verde, grilos à noite e pássaros de manhã, e muita paz em volta, Vera "plantou amigos, mapas astrais, aulas de inglês, novas composições, discos, livros e nada mais".


Compôs perto de 100 obras, algumas ainda inéditas.
A Música, a Harmonia e o Violão foram as âncoras de sua carreira vitoriosa.
Talento multimídia. 

Compositora. Profesora de violão e harmonia. Fotógrafa. Produtora de Audiovisuais e Shows musicais. Astróloga. Professora de inglês. Tradutora de livros franceses de astrologia...


No final dos anos 70, com a colaboração da cantora Márcia e da pianista Maria Eugênia Pacheco de Brito (suas sócias na Escola PLAY), criou o Método de Ensino Livre de Música, material da mais alta relevância cultural e educacional no campo da música brasileira. O método, ainda atual, tem potencial para revolucionar e universalizar o aprendizado de música no Brasil, especialmente a MPB. Vera desenvolveu o método em sua escola PLAY, na capital de São Paulo, onde deu aulas durante mais de 10 anos. A nomenclatura foi criada pela própria Vera, uma forma descomplicada de aprender música, que torna o ensino compreensível para pessoas de todas as classes sociais e níveis de percepção musical. Ë o equivalente a métodos de ensino da Matemática que fazem o aluno gostar da matéria. Quem gosta aprende mais depressa e pode fazer da música uma profissão.. 


PLAY
Sobre a escola PLAY, contemporânea e rival da escola do Zimbo Trio, segue o texto de matéria publicada no Caderno Mulher, da Folha de São Paulo, página 11, no dia 19 de dezembro de 1982, sob o título "Uma escola de música diferente" , que revela a originalidade da proposta da Vera de ensinar música com psicologia. 

"Tocar qualquer instrumento pode ser um verdadeiro suplicio mesmo para o aluno mais entusiasmado com a música. O festival de escalas e exercícios muitas vezes tira o estímulo do estudante e o afasta definitivamente dos seus sonhos artísticos. É a popular teoria atrapalhando a prática. 

Entretanto, uma compositora famosa, do tempo da bossa-nova, Vera Brasil, criou, junto com outras mulheres - a cantora Marcia e a pianista Maria Eugênia Pacheco de Brito - um método experimental que ensina a cantar, a tocar violão, piano, bateria, flauta ou contra-baixo, só recorrendo à teoria quando ela é extremamente necessária.

"- É o pulo do gato" - garante Vera Brasil, "pois o aluno não fica horas e horas solfejando diante de um livro. A não ser que se dedique ao canto com outros objetivos.". Na escola de Vera, a PLAY, o aluno, antes de começar a tocar qualquer instrumento faz um teste de lógica, ou seja, um tipo de teste psicológico ou de aferição de quociente intelectual, para que a escola possa acompanhá-lo. É através desse teste que Vera e as outras professoras ficam sabendo qual o grau de interesse do aluno pela música, seu nível de conhecimentos gerais, sua capacidade de coordenação motora, seu potencial de concentração, etc. Sem dúvida alguma, um método bastante original. E que tem dado certo. "Porque o importante" - frisa Vera - "não é abarrotar o aluno, seja criança ou adulto, de teorias que estão longe de sua capacidade de aprendê-las."

“O mais sensato mesmo” – continua Vera – “é que os professores, conhecendo o estudante como uma pessoa, possam dar a cada um o necessário para desenvolver suas aptidões musicais.”

Vera Brasil pode não ser conhecida do público mais jovem mas todo mundo com mais de 30 anos se lembra da compositora e cantora que, em 1965, no Festival da MPB da TV Excelsior, estourou com a música "Eu só queria ser" (em parceria com Myriam Ribeiro), apesar do 3o lugar. No ano seguinte, na mesma emissora, Vera estava lá, só que dessa vez conseguiu o 2o lugar com "Inaê" (em parceria com Maricenne Costa). E dois anos depois (1968), na TV Record, foi a mais vaiada porque se apresentou acompanhada de música eletrônica e desceu de uma nave espacial. E, naquele tempo, ser vaiado em festival dava o maior status...
Mas esta compositora-cantora, filhe do compositor, maestro, arranjador, harmonizador, sonoplasta, letrista, empresário e pianista Sivan Castelo Neto, aprendeu desde cedo que viver de música neste país é muito duro. Mas não impossível. Ensinar pode ser uma saída tão gratificante quanto ser aplaudida (ou vaiada) pelo público. O importante é continuar fazendo só o que gosta. Música todo dia. Para si e para quem curte."  

Quem conheceu Vera Brasil
A arte e a música da Vera Brasil tocaram a sensibilidade de muitos artistas, músicos, produtores, jornalistas e profissionais da comunicação, principalmente entre o final de 1950 e 1992. Entre os citados a seguir, cujos nomes foram extraídos de uma relação mais extensa, praticamente todos foram amigos pessoais, muitos foram parceiros e/ou intérpretes de suas músicas em shows e gravações de discos : Leny Eversong, Elizeth Cardoso, Myriam Ribeiro, Pedrinho Mattar, Maria Eugênia Pacheco de Brito (pianista), José Luiz Mazziotti e Elody Barontini (ex-alunos lançados por Vera no “Canto Terço”, casa de show da qual Vera foi diretora musical), Claudete Soares, Eumir Deodato, a cantora e compositora Maricenne Costa, Elis Regina, Jair Rodrigues, Geraldo Vandré, Johnny Alf, Maysa, Oscar Castro Neves, Walter Wanderley, a cantora Márcia, Gilberto Gil, Hilton “Gogô” Valente, a cantora Simone, a cantora portuguesa Simone de Oliveira, a cantora angolana Mara Abrantes, Marisa “Gata Mansa”, Toquinho, Paulinho Nogueira, Rosinha de Valença, Sivuca, Neide Fraga, Lennie Dale, Ivon Curi, Richard Stolzman, Osmar Milito, Manoel Carlos, Cidinha Campos, Nilton Travesso, Chico Pinheiro, Adilson Godoy (do Zimbo Trio), Fernando Faro,  Tito Madi, Rita Lorenzato (produtora da WebRadio do Centro Cultural São Paulo), a poetisa Stella Carr  e a letrista Sônia Avelar, as cantoras Ana Lucia, Morgana e Maria Odete, os cantores Nilson e Geraldo Cunha, o colunista Mauro Pires, o jornalista Moracy do Val, o produtor e radialista Walter Silva (Picapau), o pesquisador e produtor Zuza Homem de Mello, os produtores Lafayette e Haya Hohagen, Milton Banana, o maestro e pianista Laércio “Tio” de Freitas, os maestros e arranjadores Cesar Camargo Marano e  Erlon Chaves, Vaniza Santiago, a cantora Célia, Omar Izar, Ivan Lins, Mauro Senise, Walter Santos, Tereza Souza, Ayrto Moreira, Nivaldo Ornellas, Paulo Vanzolini, Taiguara, Gonzaguinha, João Máximo, Artur Xexeo, Goulart de Andrade, Paulo Cotrim, Franco Paulino, Theo de Barros, Djalma Dias, Moacyr Silva, André Penazzi, Manfredo Fest, o saxofonista Juarez, Dick Farney, Moacyr Silva, Paulo Moura, Reginaldo Bessa, Boni, Ugo Marotta, Hermeto Paschoal, Vadim Arsky (parceiro), Luiz Carlos Vinhas, Tião Neto, Roberto Menescal, Wanda Sá, Os Cariocas, Chico Feitosa, Durval Ferreira, Luizinho Eça, os componentes do Jongo Trio e muitos mais, a quem peço desculpas por deixar de citar, por falha de memória ou falta de espaço.


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