quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O VIDIOTA

Postado por Berto Filho
O autor desse texto, Ney Murce, ex-jornalista, consultor de marketing e membro do conselho de cultura da ACRJ, também é produtor cultural e neto de um dos mais importantes radialistas do Brasil, Renato Murce.


No Brasil recebeu o título de “Muito Além do Jardim” e foi o canto da cigarra do grande comediante inglês Peter Sellers. O filme, que tem Shirley Maclaine no elenco, conta a história de um jardineiro (Chance Garden) que passa toda a sua existência confinado em uma mansão como mordomo e jardineiro de um aristocrata que morre sem deixar parentes ou outras referências. Quem viu vai se lembrar que o seu contato com o mundo exterior, até então, era a televisão e o seu único derivativo, além de fazer companhia ao velho patrão, era cuidar do jardim com uma paixão ímpar.

 O Vidiota, uma comédia que foge aos padrões pastelão do falecido ator, mostra a ascensão do simplório e analfabeto personagem até atingir o status de personalidade de expressão internacional. Sua franqueza e simplicidade cativam um poderoso empresário que o projeta no meio social, político e empresarial. Frases soltas tiradas do seu contexto primitivo ganham interpretações e análises filosóficas que, no fundo, se referem apenas ao seu mundo limitado.

Pois bem, o filme é uma linda e singela mensagem de amor e termina sem definir as conseqüências dessa ascensão (até porque isso não está em questão). Saltando da realidade do personagem Chance Garden, do seu jardim e da sua relação com a televisão para uma indústria metalúrgica no ABC paulista e trocando o jardineiro por um torneiro mecânico, quem sabe não estamos assistindo o “Vidiota II, O Retorno”, que pode ter o título também de “Muito Além do ABC”.

O que fica claro nessa nova versão, remaker ou continuação, como queira, é que as conseqüências não ficam no campo da imaginação ou da ficção. Elas ganham contornos de drama, com pitadas de comédia, que
nem sempre acabam bem e com um agravante: o final desse filme é imprevisível.
Este filme tem tudo para ser sucesso lá fora. Mas só lá fora.

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