quarta-feira, 2 de outubro de 2013

COINCIDÊNCIAS E PERFÍDIAS

Postado por Berto Filho

Para abrir este post, copio e colo o link para “Perfídia" com Nat Kink Cole.


Parodiando o cinema : "Qualquer semelhança com pessoas vivas é deliberada."

Há uma sequência de fatos interconectáveis que vem convergindo em favor do PT, do governo federal (que é esperto e sabe aproveitar as bobeadas da oposição acomodada)  e da candidatura de Dilma Rousseff para a reeleição, a maioria não propriamente coincidências do imponderável mas com as digitais dos condestáveis do poder.

Vamos aos fatos.

Fato 1
Esse vem lá de trás : a importação de médicos estrangeiros e, principalmente, cubanos. Os não cubanos fazem mera figuração no sentido ideológico.  Assim como a Venezuela, a Bolivia e o antiamericanismo, Cuba é peça essencial do xadrez da política externa do governo Dilma. A importação de doutores de Havana é uma forma engenhosa de emprestar alguns milhões de dólares a fundo perdido para o regime de Fidel Castro, numa operação triangulada pela Organização Panamericana de Saúde, que entregará os dólares do pagamento dos médicos ao caixa do irmão de Fidel. Em segundo plano, mas, para o público em geral, em primeiro plano, se trata de cuidar da saúde dos mais necessitados através de médicos humanizados com experiência em medicina familiar e comunitária.

Fato 2
O ministro da Saúde Alexandre Padilha nada de braçada no neon do "Mais Médicos" e zarpa para disputar o Palácio dos Bandeirantes empurrado pelo ciclone Lula. 
Com as denúncias de malfeitos pretéritos de governos do PSDB em concorrências de trens e metrô, a cadeira de governador de São Paulo parece estar mais perto do PT do que nunca nesses últimos 12 anos. O povão não acredita em mensalão e diviniza Lula e Dilma.

Fato 3
O governo federal distribui bondades no sacolão do Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, mais crédito para casa própria, Vale Cultura, Mais Médicos, etc e inunda a mídia com vasta propaganda que, pedra dura em mente mole, tanto rala que um dia (a mente) engole. Mas o “preção” no supermercado e os juros mais altos do mundo conspiram contra o bem estar geral e o controle da inflação.

Fato 4
O ministro Celso de Mello dá o voto de Minerva e o Supremo aceita os embargos infringentes. Os réus do Mensalão continuam soltos, vão passar o Natal em casa e a sensação de impunidade campeia. Novos ministros no Supremo vão mudar o rumo do mensalão.  Estão batendo a minha carteira e não tem polícia por perto.

Fato 5
O Ministério Público Eleitoral desqualifica o registro do REDE de Marina Silva e a empurra contra o paredão do TSE. Vamos ver se o paredão cede, sob o peso pesado de Pedro Simon, Miro Teixeira e outros políticos com P maiúsculo. Amanhã a gente fica sabendo.

Fato 6
Lula prega o fim da vitaliciedade dos mandatos dos ministros dos tribunais, mirando no STF.  Um Supremo de juízes rotativos fica mais vulnerável a manipulações pelo andar de cima, por quem nomeia. E se quem nomeia permanecer, pior. 

Fato 7
Lula elogia a “companheira”  Marina Silva, dando a impressão de que ela ainda está do lado dele. Há sinceridade nisso ? Será peninha dela porque o TSE pode barrar o Rede ?

Fatos 9 e 10
O FATOR SERRA
Surpreendendo os que achavam líquida, pacífica e certa a candidatura de Aécio, Serra atropela na reta final e cruza o disco de chegada de sua própria opção eleitoral mantendo-se no PSDB (pelo menos até hoje, 02 de outubro), reabre a luta interna com Aécio pela candidatura a presidente e surpreende de novo ao elogiar a indignação de Dilma contra a espionagem made in USA.  Dois fatos ocorridos fora do território do governo que só favorecem Dilma.
Se Serra saísse pelo PPS de Roberto Freire ajudaria muito mais a oposição do que jogando granadas de efeito moral no quintal do PSDB.  E elogiar Dilma pode ser um ato de elegância democrática mas em tempos de escaramuças pré-eleitorais é dinamite pura para armazenar no paiol do PT.

MARINA E O PLANO B
Por que esperar pelo último minuto, pelo último suspiro do feto se falta ar nos seus pequenos pulmões ?  Por que Marina não reserva lugar em outro partido doutrinariamente compatível para não perder o bonde das eleições presidenciais ?  Ou seremos todos agradavelmente surpreendidos pela  decisão do TSE de aprovar o REDE ?
A voz das ruas pode não estar sendo muito clara e talvez não esteja sendo ouvida com a devida atenção.  Mas a leitura labial das massas silenciosas traduz que a candidatura de Marina é uma “necessidade inadiável” para as eleições de 2014, tão inadiável como a moralização das eleições, a reforma política, o voto secreto, o fim da corrupção, a prisão dos mensaleiros ou políticas públicas eficientes de educação e saúde.  Inadiável porque essa mulher, Marina morena, fisicamente frágil, é dona de uma força muscular de 20 milhões de votos obtidos em 2010 e (agora) de 16% das intenções de  voto para a presidência, se os números das mais recentes pesquisas estiverem corretos.
Inadiável porque, sem ela na competição, fica praticamente um passeio a campanha de Dilma para mais um mandato. Ganha provavelmente no primeiro turno, a menos que ocorra um terremoto, imprevisível no futuro imediato. Aécio e Campos aparentemente não tem punch para acuar Dilma e o PT no canto do ringue ou estão acumulando munição para soltar no fragor da campanha.   
Quanto ao Plano B, Marina tem  poucas alternativas de partidos com uma certa proximidade doutrinária, com história e acervo moral inquestionável. O PPS é uma delas.

O DIA SEGUINTE
Considerando o cenário de hoje, no dia 5 de outubro de 2014 pode ser que a fatura esteja liquidada para Dilma. Vitória no 1º turno.
O comportamento das ruas durante a Copa, o desempenho da seleção brasileira e as formas mais explosivas de conexão entre futebol e eleições podem influir na decisão do eleitor na “cabine indevassável”.
Mas se entrar areia e houver 2º turno, o 26 de outubro poderá ser um racha de rua entre (provavelmente) Dilma e o(a) oponente que obtiver o maior número de votos no 1º turno, depois de Dilma.
Qualquer cenário em que Dilma não apareça é falso. 

Com Dilma no trono por mais 4 anos, o Brasil dará novos passos na direção do socialismo radical ou do bolivarianismo continental. Apesar das aparências de democracia, há a percepção difusa de implementação de uma ditadura de esquerda, com censura à imprensa, patrulhamento dos cidadãos através da Receita Federal e outros meios de invasão de privacidade e controle social.  Nessa visão talvez alarmista, seremos todos nós os espionados e não pelo governo americano mas pelo próprio governo brasileiro. 

Com outro ocupante nesse trono que signifique alternância de poder, o cenário será outro. 

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