quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O EXEMPLO DE GALIOTTO

Postado por Berto Filho
Entre as várias pessoas, interessantes por sua história, que conheci em Cabo Frio, cidade onde moro atualmente, faço questão de trazer para este blog, com merecido zoom por seu valor como gente e empreendedor, o ambientalista gaúcho Ernesto Galiotto, apresentado a mim pela jornalista e escritora Tati Bueno, minha amiga de tempos imemoriais.
Um dos méritos desse visionário realista, que foi pedreiro, servente, mestre de obra, construtor civil e corretor de imóveis, é o de ter sido o pioneiro na produção de música clássica em Cabo Frio. Um contraste considerável com suas origens rurais. Em 1987, a convite dele, o maestro Isaac Karabtchevsky, seu amigo desde a década de 70, abriu o concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira na Marina do Canal com ”O Guarany”, de Carlos Gomes e encerrou com “Bolero”, de Ravel, sob fogos de artifício e muita emoção. 
Um momento único na história dos espetáculos de massa em Cabo Frio. 
Retomando o velho hábito de cultivar a boa música na cidade, Galiotto marcou para depois de amanhã, sábado, 26, às 20:30 hs, um evento muito especial de música clássica para inaugurar o Terraço Cultural e Fotográfico que leva o nome de sua saudosa esposa, Noris Carmen Galiotto, e, ao mesmo tempo, comemorar os 30 anos de empreendimentos e 92 projetos culturais, ambientais e filantrópicos de sua autoria.
O Terraço Noris Galiotto, o mais novo espaço cultural da cidade, foi levantado sobre um prédio de 2 andares na parte de trás do terreno onde fica situada a Adega Galiotto, na Avenida Teixeira e Souza, 1.450. Ao fundo desse espaço de arte e enologia, Galiotto “inventou” a Praça Ayrton Senna, fruto de sua perseverança de 16 anos de luta contra a ocupação irregular desse espaço público que impediria o seu uso pela população de uma forma civilizada e tranquila como é hoje. 

A celebração será valorizada pelas performances do violoncelista inglês David Chew, do saxofonista argentino Blas Rivera, da soprano norte-americana Martha Herr e da pianista brasileira Fernanda Canaud. E de uma violinista importante cujo nome será anunciado na hora. Galiotto é assim mesmo, surpreendente, visceral. Personalidade esfuziante, composta de vários rios que hoje deságuam no ambientalismo.
Natural de Flores da Cunha, gremista ferrenho, bisneto de imigrantes italianos agricultores, se criou na roça. Aprendeu a conviver com os animais silvestres que hoje, como ontem, cuida com amor no seu Parque da Preguiça, em Tamoios. Aprendeu a respeitar e defender a natureza muito antes de conhece a palavra ecologia.
Um brasileiro diferenciado. 
Empresário, ambientalista, escritor ("Natureza Intacta & Agredida, 30 Anos de Luta Ambiental", 2008) e um fotógrafo de mão cheia, produtor de um rico acervo de mais de 220.000 fotografias aéreas que registram, em cliques de alta definição, belezas e agressões ; agressões que, vistas do alto, mais parecem estupros, crimes ambientais hediondos cometidos por quadrilhas de bandidos devastadores em extensas áreas dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Groso e Mato Grosso do Sul. Fotos, aliás, muito requisitadas por agências de notícias do mundo inteiro, além de veículos da imprensa nacional e estrangeira e instituições governamentais e privadas. 
Sua aguerrida defesa do meio ambiente me lembra uma zarabatana giratória, envenenada, pronta para ser disparada contra os predadores, mascarados ou não, que se escondem na moita da clandestinidade para dizimar o que Deus criou para o desfrute da humanidade. 
Este impressionante condutor de gente, construtor, ambientalista e mecenas imprimiu suas digitais na promoção de dezenas de concertos de música erudita e shows de MPB em Cabo Frio e em 5 importantes restauros de patrimônio histórico, cultural e religioso em Cabo Frio e outras cidades da região. 

Galiotto é uma instituição. Um homem do bem. Praticante do rigor da ética e do bom senso a qualquer custo. Ousado. Corajoso. Um desbravador. Um guerreiro que sabe defender sua verdade com força moral e dentro da Lei. 

Uma de suas conquistas mais relevantes é a preservação do remanescente da Mata Atlântica na Região dos Lagos. Fez valer os dispositivos legais que hoje impedem o desmatamento e a destruição das dunas e areais. E ainda empreendeu uma ação individual de esclarecimento e educação ambiental junto à população.

Em 1998, em sua propriedade Parque da Preguiça em Tamoios, criou o ECAEV – Espaço Cultural e Ambiental Érico Veríssimo, inaugurado em dezembro de 99 com a presença do escritor Luiz Fernando Veríssimo, filho de Érico. No auditório são feitas palestras e comemorações de datas especiais com projeção de vídeos sobre questões ambientais. Já passarem por lá mais de 42.000 visitantes, em sua maioria, estudantes de escolas da região.

Não satisfeito com o que já fez, está terminando uma obra social, cultural e ambiental no meio da favela do Jacaré, usando mão de obra local que é inserida por ele na plena cidadania e no emprego formal, onde quer que surjam vagas para o aproveitamento desses trabalhadores. 
Vai inaugurar em breve.

Galiotto tem fôlego para muito mais.

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