Postado por Berto Filho
O autor
do texto que segue é o jornalista e escritor Zuenir Ventura, autor de obras
como “1968 : o Ano que Não Terminou” (Editora
Nova Fronteira, 1989-2006 ; Editora Planeta, 2008) e “Cidade Partida”
(Companhia das Letras, 1994).
“Discípula
de Chico Mendes, Marina Silva aprendeu com “o herói dos Povos da Floresta” uma
tática de resistência pacífica empregada contra os desmatadores da Amazônia.
Chamava-se “empate” e consistia em reunir mulheres e crianças para com elas
formar uma barreira humana que era colocada entre os tratores, as motosserras e
as árvores a serem abatidas, deixando o inimigo sem ação. Se não o vencia, pelo
menos impedia o seu avanço.
Em um
desses confrontos, que se tornou lendário, cerca de cinquenta policiais armados
tentavam garantir o desmatamento diante de cem seringueiros. De repente, estes
começaram a cantar o Hino Nacional e os soldados se perfilaram em posição de
sentido. Só restou ao comandante da operação suspender a derrubada.
Nessas
histórias, que ouvi há mais de 20 anos no Acre, quando a conheci, aparecia
sempre uma figura magra como um graveto que se destacava pela coragem e
disposição, apesar de portadora de várias doenças da selva, inclusive uma
contaminação por mercúrio.
Lembrei-me
disso ao ouvir esta semana relatos de quem acompanhou de perto a inesperada
decisão de Marina de se filiar ao PSB, desarrumando o quadro político e
desorientando o adversário, que, como se estivesse num “empate”, ainda está sem
saber o que fazer. Foi assim que respondeu à discutível negação do registro de
seu novo partido.
Tida por
alguns como indecisa e por outros como “caótica”, a Marina da madrugada de
sexta-feira (4) para sábado (5 de outubro), quando se decidiu, foi outra muito
diferente, na opinião dos que estavam com ela. Um deles, o deputado Miro
Teixeira, que colaborou na criação da Rede, ficou impressionado com a
“capacidade de liderança e a firmeza na decisão” da sua aliada. Segundo ele,
foi ela quem teve a original ideia da aliança e quem tomou a iniciativa de
propô-la ao governador Eduardo Campos.
Não se
sabe o que vai ser desse casamento, tão comemorado, depois da lua de mel. De
qualquer maneira, ele conseguiu abalar o esquema bipolar FHC x Lula e alterar
um panorama que já era dado como definitivo. Foi a grande, inédita novidade política
em meio ao marasmo destes últimos tempos.
Mascarados
Até
quando será permitido que vândalos mascarados se infiltrem nas passeatas de
protesto, promovendo quebra-quebra e saques de lojas? A Ordem dos Advogados do
Brasil classificou os policiais como “jagunços” pelos excessos cometidos nas
manifestações. Muito bem. Mas que classificação ela daria aos baderneiros que
anteontem mais uma vez levaram o caos ao Centro da cidade depois da marcha
pacífica dos professores.”
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