domingo, 13 de outubro de 2013

SEM ALTERAÇÕES


Postado por Berto Filho
A análise do Merval publicada hoje em seu blog é tão boa que a reproduzo inteira aqui. 

A leitura da "nuvem" pós-pesquisa Datafolha é perfeita. É correta a visão de que Dilma só tem mesmo uma adversária a temer : Marina Silva. Em qualquer cenário, Marina, hoje, incomoda, morde o calcanhar de Dilma e ainda há um bom punhado de eleitores indecisos, ou que votariam nulo ou em branco que podem voltar atrás, dependendo da movimentação das pedras no xadrez. Se as pesquisas seguintes confirmarem a tendência, vai ser difícil o PSB não trocar Campos por Marina na cabeça da chapa.   

por Merval Pereira 
A primeira pesquisa de opinião depois do anúncio da união entre a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco Eduardo Campos, divulgada ontem pelo Datafolha, tem boas notícias para a presidente Dilma, que continua amplamente favorita, e, além de tudo, viu que a união dos dois adversários não produziu resultados eleitorais até o momento.

Há boas notícias para Marina também, que confirma a posição de mais forte adversária à reeleição da presidente, podendo ir ao segundo turno nos dois cenários em que aparece como candidata.

Além disso, ela é a candidata da oposição que dá mais dificuldades à presidente Dilma num eventual segundo turno, embora a presidente vença em todos os cenários.

A pesquisa mostra, porém, que Marina não transfere todos os seus votos para o governador de Pernambuco Eduardo Campos, eles vão igualmente para a presidente Dilma e para o candidato oposicionista Aécio Neves, no único cenário em que Dilma é eleita no primeiro turno.

Também o ex-governador de São Paulo José Serra ganha um fôlego na sua tentativa de ser mais uma vez candidato a presidente pelo PSDB, pois aparece em segundo lugar num cenário em que o governador de Pernambuco Eduardo Campos é o candidato do PSB.

Em confronto com Marina, tanto Serra quanto Aécio Neves, o provável candidato tucano, perdem. O melhor cenário para Serra é o em que ele enfrenta Dilma e Eduardo Campos, levando a eleição para o segundo turno, o que Aécio não consegue em nenhum dos cenários.

O melhor cenário para a presidente Dilma é o atual, em que Eduardo Campos e Aécio Neves são os candidatos da oposição. Este é o único caso em que a presidente seria reeleita no primeiro turno. É o único cenário também em que o tucano Aécio Neves chega em segundo lugar, o que não vale muito para o partido pois não estaria no segundo turno pela primeira vez nos últimos anos.

Claro que muita coisa acontecerá ainda até junho, prazo final para as convenções partidárias escolherem seus candidatos, mas a notícia mais importante é comprovação de que a ex-senadora Marina Silva continua sendo a principal candidata da oposição, mesmo depois da manobra política que fez.

É sinal de que ela manteve seus apoiadores, mesmo aqueles que estão contrários à união com o PSB ou, no limite, à sua inserção na política tradicional para disputar a presidência da República.

A união com Campos, no entanto, não teve muita utilidade para Marina além de dar-lhe uma legenda para concorrer à presidência da República, única razão visível, aliás, para que ela se filiasse ao PSB.

Quem tem menos a comemorar nessa pesquisa é o tucano Aécio Neves, mas na disputa interna com Serra ele tem bons argumentos para prever um crescimento durante a campanha. Serra é o candidato mais rejeitado, e também o mais conhecido da oposição, Aécio só é mais conhecido do que Eduardo Campos: 78% dizem que o conhecem, mas apenas 17% o conhecem “muito bem”.

Para se ter uma ideia de comparação, Serra é conhecido por 97% dos entrevistados, sendo que 40% dizem conhecê-lo “muito bem”. Em compensação, Aécio só é menos rejeitado do que Marina, que tem o menor índice de rejeição e é conhecida por 88% dos eleitores.

A única vantagem do governador de Pernambuco que surge desta pesquisa é que ele é o menos conhecido de todos os candidatos e, portanto, tem teoricamente mais possibilidade de crescer à medida que for conhecido nacionalmente.

A situação do momento mostrada pela pesquisa do Datafolha tranquiliza a presidente Dilma, que manteve o favoritismo depois do primeiro grande lance político da campanha eleitoral antecipada, e confirma que a ex-senadora Marina Silva tem condições de confrontá-la se conseguir crescer durante a campanha eleitoral.

Para isso, poderá ter uma estrutura partidária razoável com o PSB, o que lhe daria mais musculatura do que em 2010, quando concorreu pelo Partido Verde e teve tão pouco tempo de televisão quanto terá desta vez.

O aumento do tempo de televisão é diretamente ligado às parcerias que poderão ser feitas para a campanha eleitoral, mas as restrições que o Rede Sustentabilidade faz, como aos representantes do agronegócio, limitam as coligações, que seriam mais amplas se Eduardo Campos estivesse na disputa sozinho.

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