sábado, 5 de outubro de 2013

MARINA SILVA E A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER

Postado por Berto Filho

Antes de comentar a sustentabilidade da decisão de Marina Silva, vou dar uma volta pela essência do clássico de Milan Kundera, de 1982. 

O romance nos mostra como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba bem cedo se revelando de um peso insustentável. O livro tem quatro protagonistas: Tereza e Tomas, Sabina e Franz, e cada um experimenta o peso insustentável que baliza a vida, esse exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.

Marina experimentou o peso insustentável que baliza a vida do seu partido Rede. Não deixou barato. Reclamou muito de perseguição dentro do governo e do PT contra ela. 
Disse que seria muito pior se fosse para um nanico como o PEN ou PMN : “Eu seria desossada com muito mais facilidade. Seria tratorada. Eu sei que tem mais de duas mil pessoas pagas com dinheiro público para acabar comigo nas redes sociais” - disse Marina. Se você, distinto seguidor, der uma chegadinha ao site Conversa Afiada, do blogueiro e apresentador do “Domingo Espetacular”, da TV Record, Paulo Henrique Amorim, vai comprovar a queixa de Marina.

A peregrinação de 2 anos (começou em 2011 depois de sair do PV) arregimentando apoios por todo o país e o tsunami de 50.000 assinaturas, anuladas pelo TSE por não terem sido certificadas pelos cartórios, sintetizam o sofrimento, torturante, a tragédia anunciada, que, ao final, está se metamorfoseando (no seu íntimo) no reconhecimento da opressão (do PT e do Planalto) e da necessidade clamante de tentar amenizá-la. 

Foi abrigada do nada e do lugar nenhum pelo PSB. Foi mesmo ?  Teria sido Eduardo Campos um Don Juan mais irresistível que Roberto Freire quando ambos duelaram pela posse da impávida Marina Morena e tentaram seduzi-la à luz de velas numa ponte do Capiberibe no centro de Recife ? Pelas contas do presidente do PPS, a manobra de Marina foi um erro. Amarrou o burro na sombra errada. O certo, segundo Freire, seria ter se amarrado na sombra do seu PPS. Porque aí ela seria mais uma candidata a embaralhar o Grande Prêmio da Presidência no Hipódromo de Brasília.

O resultado da conta de aritmética simples de menos uma candidata (e não uma candidata qualquer mas com o peso de segunda colocada nas pesquisas) é “igual a” maior facilidade para Dilma vencer no primeiro turno. Freire fez a conta certa.

O chato para Roberto Freire é ter sido preterido duas vezes já no altar e na hora de trocar alianças, sob o olhar complacente do padre e diante da surpresa da atônica plateia : por Serra e hoje, por Marina.

PPS e PSB têm uma história respeitável e atrativos comparáveis para justificar a escolha de Marina. O que terá pesado tanto assim na opção pelo PSB ? Juras e promessas de Campos de que eles podem trocar de lugar em algum momento antes do último minuto do registro da chapa conforme os ventos do Ibope ?

Afinal, Marina teve a coragem cívica de imolar sua candidatura a presidente para ser vice de um candidato que hoje tem mais de 10 pontos menos que ela no ranking eleitoral.

Tem tempo pela frente e as coisas ainda podem mudar.
Agora é Serra que está na moita e pode dar o bote, sentindo que a raia ainda é boa para mais uma tentativa de ser presidente. Aécio que se cuide. Há quem diga que o maior perdedor com essa casamento de emergência foi ele.



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