terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

JOSÉ DE ABREU DOA PARA JOSÉ DIRCEU

Postado por Berto Filho





Nada contra alguém doar do seu bolso para um amigo em dificuldades. Acho que José Dirceu não precisa dos R$ 1.000 doados pelo amigo dele, o ator da Globo José de Abreu. Não fariam falta. Mas deve estar eufórico com o  simbolismo da atitude e, principalmente, com a divulgação da doação pelo doador, um ator da poderosa Globo, emissora que, para o PT, personifica o diabo, e que, segundo o blog do Paulo Henrique Amorim, faz parte do PIG, Partido da Imprensa Golpista. José de Abreu disse o que pensa. E estando ele na Globo, dá o que pensar. A democracia é o melhor regime do planeta porque permite a livre expressão do pensamento e o confronto respeitoso entre defensores de opiniões divergentes. Numa ditadura, de direita ou esquerda, falar o que se pensa não seria possível. O patrulhamento é implacável. José de Abreu tem todo o direito de doar quanto quiser para quem ele quiser. E nem precisa justificar por quê.

De todo modo, o gesto de José de Abreu parece ser um "ponto fora da curva" na rotina dos atores globais. Será que outros atores da Globo vão se manifestar solidarizando-se ou não com o colega ?

É mesmo para dar um nó na cabeça do cidadão desavisado que curte o ator na novela Joia Rara, mas talvez não conheça e nem curta suas preferências eleitorais nem suas amizades.

Na entrevista que segue, José de Abreu abre o verbo. A entrevista foi concedida a Cassio Bruno, de O Globo.
Depois dela, eu volto com um recado.

Amigo de Dirceu, José de Abreu doou R$ 1 mil para ajudar ex-ministro a pagar multa do mensalão

No ar com a novela das seis “Jóia Rara”, da TV Globo, o ator José de Abreu está na lista de doadores do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no processo do mensalão. Abreu contribui com R$ 1 mil para ajudar a pagar a multa de R$ 971.128,92 determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em apenas quatro dias, a campanha na internet a favor de Dirceu arrecadou R$ 334.070,97. Para o ator, a iniciativa dos petistas é “legítima”. Os dois são amigos desde 1967, quando se conheceram na faculdade de Direito, em São Paulo.
- (Doei) para dividir a pena com ele (Dirceu). Não concordo com esse julgamento (do mensalão). Foi um ponto fora da curva. Totalmente político - afirma o ator, em entrevista para O GLOBO.

José de Abreu faz críticas ao presidente do STF, Joaquim Barbosa:
- O Joaquim foi tudo: acusador, juiz. Fez tudo sozinho. Discutiu, atropelou colegas, muitas vezes o (ministro Ricardo) Lewandowski. Ele agora está aí: não prende o (ex-deputado Roberto) Jefferson. Sem dúvidas foi um julgamento extremamente midiático.

Processado duas vezes pelo ministro Gilmar Mendes por comentários polêmicos nas redes sociais, um deles por chamá-lo de “corrupto” (o ator se retratou depois), Abreu, no entanto, ainda não visitou Dirceu na prisão.
- Eu gravo todos os dias - justificou.

O ator é filiado ao PT desde o ano passado, quando pretendia disputar as eleições para deputado federal. A ideia, porém, foi reprovada de cara pela família. Além de “Joia Rara”, José de Abreu está escalado para a próxima novela “O Rebu”, das 23h, e para outras duas até 2016. Ele diz ter voltado a se envolver com política por conta do mensalão, cujo desfecho até agora o faz disparar contra “elite que domina o país há 500 anos”.

- É difícil aceitar um presidente da República nordestino, pobre, operário, sem dedo. É difícil. Em todas as épocas da História do Brasil, cada vez que tinha um presidente mais próximo de resolver o problema da fome, da miséria, se tenta tirar. É uma coisa que vai e volta - afirmou.

Leia abaixo um trecho da entrevista:

Você doou dinheiro para pagar a multa do José Dirceu?
Sim.

Quanto você deu?
R$ 1 mil.

Por que você decidiu doar?
Para dividir a pena com ele (Dirceu). Não concordo com esse julgamento (do mensalão). Foi um ponto fora da curva. Totalmente político. Já foi discutido isso por vários juristas, por gente que não é do PT. Existem muitos juristas que não concordam com isso (julgamento), o cálculo da pena.

Como você avalia a atuação do presidente do STF, Joaquim Barbosa, no julgamento?
O Joaquim foi tudo: acusador, juíz. Fez tudo sozinho. Discutiu, atropelou colegas, muitas vezes o (ministro Ricardo) Lewandowski. Ele agora está aí: não prende o (ex-deputado Roberto) Jefferson. Sem dúvidas foi um julgamento extremamente midiático.

Como vocês dois se conheceram?
Foi na faculdade, em 1967. A gente fazia Direito em São Paulo. Organizamos (em 1968) o (30º) congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Ibiúna (local onde estudantes que lutavam contra o regime militar foram presos).

Você já visitou o José Dirceu na penitenciária da Papuda?
Eu gravo todos os dias, de segunda-feira a sábado.

Você pretende visitá-lo?
Não sei. Não sei como vai ficar. Tenho a impressão que, em breve, vão ter que cumprir a lei e deixá-lo trabalhar. Ele está preso há três meses. Ele deveria estar no regime semiaberto. Isso é outra ilegalidade.

Quem mais doou dinheiro para o Dirceu?
Talvez o Barretão (cineasta Luiz Carlos Barreto). O escritor de biografias Fernando Moraes também. Só no primeiro dia foram mais de 800 pessoas. No site (de arrecadação do dinheiro), tem umas pessoas que escreveram para o José Dirceu. Tenho impressão que essas pessoas, se não doaram, vão doar.

Em três dias, o José Dirceu conseguiu arrecadar mais de R$ 300 mil. Você acha legítimo fazer campanha na internet para pagar a multa de um condenado do mensalão?
Claro que é legítimo.

Por quê?
Porque é uma multa. Isso ainda será revertido. É um julgamento que não se sustenta. Muita coisa virá à tona. Esse julgamento não acabou não.

Você também doou dinheiro para os outros petistas?
Não precisou. Deixei para última hora. Acabou que não precisou. Com o Zé (Dirceu), quando eu estava escrevendo uma cartinha para pôr no site (de apoio ao ex-ministro), acompanhei mais de perto e doei logo.

Como você está vendo essa polêmica entre o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o ministro do STF, Gilmar Mendes?
Não acompanhei de perto. Já fui processado duas vezes pelo Gilmar Mendes. Não posso falar sobre ele.

Voltei. O recado não é bem meu. É que o lider do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), pediu o bloqueio da vaquinha do Dirceu na Procuradoria da República no Distrito Federal. Segundo O Globo onlineb,
babasstam até eta manhã,
Dirceu já havia arrecadado mais da metade do valor da multa imposta pelo Supremo. Além dos R$ 422.766,99 coletados por meio de um site de apoio, o mensaleiro também já tem a seu dispor o repasse de R$ 143 mil feito pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, totalizando R$ 565.766,99. Até o meio dia de ontem , 1.794 comprovantes de depósitos tinham sido contabilizados.

Rubens Bueno justifica assim o pedido : é que Dirceu também responde no Ministério Público Federal a ação por improbidade administrativa, então todo o patrimônio do petista precisa ser tornado indisponível, o que inclui o montante das doações, para que se garanta, pelo menos em parte, o ressarcimento dos cerca de R$ 100 milhões de recursos públicos desviados pelo esquema do mensalão.

Ainda de acordo com O Globo, na representação, o líder do PPS argumenta que “cumpre ao Ministério Público Federal pedir a indisponibilidade cautelar destes valores, bloqueando-os para garantir futuro ressarcimento do erário. É o que impõe a Lei de Improbidade”. Para o parlamentar , a medida precisa ser tomada “com a máxima urgência”.

“A ausência da propositura de tal medida autorizou que muitos mensaleiros transferissem parcela de seus patrimônios (valores das doações) a outros condenados. Agora resta o valor que está sendo arrecadado por José Dirceu – o principal acusado no esquema de desvio do mensalão e réu em ação de improbidade”, diz o líder do PPS.

Não sei se a procuradoria vai aceitar.

Se o cara foi condenado por desviar mais de R$ 100 milhões, que sairam do erário público ou do bolso do povo,  é justo que tudo o que o réu conseguir juntar por aqui, inclusive as doações para pagamento de multa, seja bloquado para diminuir o "saldo devedor". Isso vai levar bem mais tempo (para pagar a dívida toda) do que se o réu resolvesse devolver de uma vez só o que ele ajudou a tirar enquanto consumava o crime. 

As igrejas evangélicas, o Criança Esperança e milhares de ongs devem estar com inveja da rapidez com que essas vaquinhas são realizadas, e dos valores que alcançam, sem a necessidade de nenhuma campanha, cultos especiais, pirotecnias ou shows musicais...




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