terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

SEM IDEIAS E SEM CORAGEM

Postado por Berto Filho

Mais uma vez nessa vitrine-bancada-de-telejornal um texto do jornalista José Casado. Dessa vez, faz uma incursão no vazio neuronal em que navega docemente a oposição, que se supõe querer promover este ano a alternância de poder, há 12 anos alugado, monocraticamente, pelo PT, cabeça-de-ponte da aplicação da teoria gramsciana de tomada e ocupação do poder sem derramar uma só gota de sangue.


Aparelhamento, persuasão pela propaganda (usando a Globo, de preferência), apoio nos sindicatos e movimentos sociais  (o MST é um mascote de estimação), lei de meios (para isolar a Globo), médicos cubanos trazidos por contratos suspeitos, empréstimos secretos a Cuba e Angola ... a lista é longa.

O artigo de José Casado, publicado hoje em O Globo, remete aos resultados de uma pequisa do Ibope, no fim de 2013, que suscita interpretações que poderiam habitar o horizonte dos marqueteiros dos candidatos. A corrupção ocupa um discreto 5o lugar (com 27%) no ranking das preocupações dos entrevistados - o lider é a saúde pública, com 58%.


 

Mas, curioso, é a corrupção a usina que fabrica uma saúde pública de péssima qualidade (vide estádios superfaturados da Copa), é sua filha impunidade, em parceria com a falta de leis duras (cadê a redução da maioridade penal ? O Senado implodiu) e com a frouxidão na aplicação das leis atuais, que gera crimes hediondos e atiça a criminalidade endêmica que corrói a alma naciona, aterroriza e enluta muitas famílias em toda parte, como se vê diariamente nos telejornais, cujo tempo maior é dedicado ao noticiário policial.

Os 200 milhões de dólares desviados por Paulo Maluf de obras que administrou quando prefeito de São Paulo, são apenas uma pequena parte do dinheiro público que escorre dos governos para os bueiros e subterrâneos da corrupção.

A estatística mais recente calcula que a corrupção no Brasil custa algo em torno de R$ 70 bilhõers por ano. Deve ser mais porque não sei se inclui o sumiço de dinheiro praticado pelos mensaleiros de todos os quadrantes, a grana que o Pizzolato levou na fuga, e por aí vai. E o povo que responde às esquetes das pesquisas deixa a corrupção sobre a maca no corredor, no 5o lugar (pelo menos nessa pesquisa) como se fosse uma doença curável com analgésicos. 
 
Outro dia, eu mesmo vi, aqui em Cabo Frio. Um caminhão cheio de garrafas de cerveja deu uma ligeira sacudida numa avenida de grande circulação e boa parte das garrafas se espatifou no chão. Logo, como um reflexo condicionado, "cidadãos" do bem surgiram do nada, de vários pontos feito formigas esfomeadas. E cada uma tratou de carregar em mais de uma investida, como um troféu, pelo menos 6 garrafas das que não quebraram ... corrupção é isso também, é não ser honesto nas atitudes mais simples.
Ufa ! Falei demais.

Com a palavra, José Casado.

"A oito meses da eleição presidencial, candidatos se mostram tímidos, sem propostas, objetivos mas com uma dose de sintonia com o país imaginário.
Frederico se assustou com a balbúrdia: "Mãe, todo mundo está virando bruxo.”

Beth, a mãe, olhou ao redor. Viu uma horda saindo do supermercado com vassouras nas mãos. Havia uma liquidação e, na agonia da superinflação (83% ao mês), a moda era ser rápido na troca do salário por comida e produtos de higiene e de limpeza.

Naquele janeiro de 24 anos atrás, investir em alimentos era mais rentável do que comprar ouro: os preços da comida subiram 218%, enquanto a valorização do metal ficou em 137%.

Frederico, personagem de Miriam Leitão no livro “Saga brasileira”, pertence ao grupo de quatro em cada dez eleitores que não viveram a ditadura, como adultos, e nem a experiência surreal do tormento inflacionário — abatido no 28 de fevereiro de 1994 com o Plano Real.

Eles são donos de 50 milhões de votos, massa decisiva num eleitorado de 138 milhões. Como demostram desde junho nas manifestações de rua, sabem onde o país travou, por que parou e os compromissos necessários ao futuro.

A oito meses da eleição, no entanto, os candidatos à Presidência se mostram tímidos, sem propostas objetivas, oscilando entre o rudimentar aceno de continuidade, a insossa promissória de uma “nova política”, o panfleto da crítica vaga e a fantasia da “negociação direta com o povo”.

Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Randolfe Rodrigues (PSOL) titubeiam, sem coragem de defender, com simplicidade, propostas realistas e com uma dose de sintonia com o país imaginário, onde a democracia se organiza sobre alguma convergência entre liberalismo e a utopia igualitária.

Esse acanhamento sugere lideranças vacilantes, temerosas em ousar naquilo que é relevante para o eleitorado, cujo fastio com o modo de governar e de legislar é reafirmado a cada nova pesquisa de opinião. Poderiam se ajudar passeando os olhos pela recente pesquisa “Retratos da Sociedade”, do Ibope/CNI.

Ela contém importante massa de informações. Foram entrevistados 15.414 eleitores (48% homens, 52% mulheres) em 727 municípios, entre o último 23 de novembro e 2 de dezembro. Os resultados estão disponíveis na internet.

Ali fica claro que a ampla maioria (58%) do eleitorado considera a saúde pública o maior problema brasileiro. Afirma-se isso com tal ênfase que outras agruras do cotidiano ficam em distante segundo plano: violência (39%), drogas (33%), educação (31%) e corrupção (27%).

A sensibilidade varia, conforme a aflição comunitária. A inépcia do sistema de saúde pública é criticada com vigor no Rio Grande do Norte (73%), Distrito Federal (72%), Mato Grosso do Sul e Pará (70%). Reprovação acima da média também ocorre em Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Amapá, Mato Grosso, Espírito Santo, Ceará, Goiás, Bahia, Alagoas e São Paulo.

Deficiências na educação são mais criticadas em Sergipe (44%), Rio (41%), Bahia (39%), Rio Grande do Norte ( 36%) e Alagoas (34%).

A percepção do avanço da corrupção tem realce em Santa Catarina (41%), Paraná (36%), Roraima (35%), Rio Grande do Sul (33%) e Amazonas (32%). E também no Rio, Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Maranhão (com 30%).

Esse sumário de infortúnios pode ser útil para fomentar ideias, mercadoria escassa na disputa presidencial de um país que tem 30 partidos políticos, a maioria empenhada em garantir um naco dos orçamentos de 39 ministérios."



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