segunda-feira, 16 de junho de 2014

A POLÍTICA LANÇA FAGULHAS NOS INTERVALOS DA COPA

Post de Berto Filho

Enquanto a Copa rola no país do futebol, a política lança fagulhas nos intervalos para dizer que está viva.

Leio no Globo e vou inserir meus comentários entre parêntesis e em itálico.


A notícia :  "Um manifesto assinado por 300 parlamentares, artistas, professores, jornalistas e advogados em defesa dos condenados no mensalão será protocolado na quarta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa é de um grupo ligado ao ex-ministro José Dirceu, e o texto faz duros ataques ao presidente do tribunal, Joaquim Barbosa. O documento batizado "apelo público ao STF, em defesa da Justiça e do Estado de direito", já em sua primeira linha, acusa Barbosa de cometer arbitrariedades."

(A manobra desses manifestantes, bastante clara, é esvaziar a aura de heroi justiceiro do mensalão de Joaquim Barbosa e jogá-lo na vala comum dos editores dos Atos Institucionais do tempo dos governos militares)

"O Brasil assiste perplexo à escalada de arbitrariedades cometidas pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa", diz o manifesto.Trata-se de um apelo para que os ministros do tribunal revejam a decisão de Barbosa que suspendeu o direito ao trabalho externo de alguns sentenciados e, no caso de Dirceu, nem lhe foi concedido uma única vez. A crítica é quanto ao entendimento do presidente do STF de que o condenado, antes desse benefício, tem que cumprir um sexto da sua pena.

"Adotada, à revelia de entendimento do pleno desse STF, tendo como alvo os sentenciados, todos ao regime semiaberto, inclusive Delúbio Soares, João Paulo Cunha, José Dirceu, e José Genoino, levará angústia e desespero não somente a eles e seus familiares, mas a dezenas de milhares de família de sentenciados que cumprem penas em regime semiaberto, trabalhando para sustentar suas mães, esposas e filhos".

O texto classifica a interpretação de Barbosa como uma agressão ao estado de direito democrático.

(É conveniente para o marketing da campanha de Dilma desacreditar Joaquim Barbosa porque é um eleitor de peso, se levarmos conta que ele apareceu numa das últimas pesquisas como o brasileiro mais admirado, depois de Lula - 66 contra 60%.)

"No final, a decisão do presidente do STF é comparada a um ato institucional, instrumento utilizado durante a ditadura militar. O desrespeito aos direitos de um único cidadão coloca em risco o direito de todos, e o Brasil já sofreu demais nas mãos de quem ditava leis e atos institucionais, atacando os mais elementares direitos democráticos".

Entre os signatários do manifesto estão João Vicente Goulart, filho ex-presidente João Goulart; os escritores Eric Nepomuceno e Fernando Morais; o cantor Chico César; os atores Osmar Prado e José Abreu; o dramaturgo Lauro César Muniz; o teólogo Leonardo Boff; o coordenador do MST, João Pedro Stédile; e a socióloga Marilena Chauí.

(Joaquim Barbosa se solidarizou com Dilma, disse que vaias e xingamentos foram "um horror". Foi solidariedade institucional, o presidente de um Poder foi proforma solidário com a presidente das República, de quem o cidadão Joaquim Brbosa diverge e muito. Mas ele assistiu ao jogo a convite de Dilma. Nada demais, um lance de bom senso. De ambos. Essa opinião de Barbosa não vai mudar o cenário de degradação do seu nome pelas hordas petistas.  Tudo continua como estava e como o manifesto acima referido retrata.. 

Os eleitores notáveis da Dilma estão colocando as cabeças de fora. Não vejo a mesma disposição da parte dos notáveis que se alinham com Aécio, Campos e Marina. Já escrevi neste blog algumas vezes, com insistência até chata, sobre as preferências eleitorais e ideológicas de artistas que estão presentes nas novelas, no cinema e nos teatros, cuja empatia com milhões de telespectadores e plateias ao vivo tem inegável poder de influir em suas intenções de voto. Ao lado dos artistas, os jornalistas que dizem e escrevem o que pensam, como Merval Pereira, Ricardo Noblat e Paulo Henrique Amorim são formadores de opinião que, ao fazerem a sua opção ideológica e eleitoral de maneira incisiva em seus blogs e trincheiras de redação, podem carregar eleitores indecisos para seus pagos e até reverter intenções de voto ainda não completamente cristalizadas. 

Existem posições de esquerda e de direita em vários tons e com nuances e estilos de atuação diferenciados. Há uma terceira via, a do bom senso, à qual me filio, que não é de esquerda nem de direita, que valoriza a democracia e os valores morais republicanos, a alternância do poder, o poder do voto consciente, a ascensão social e profissional por meritocracia e que não faz concessões ao assistencialismo provedor de eleitores de baixo nível de esclarecimento. Só a educação sem dirigismo ideológico é capaz de libertar a parcela ignara do povo e transformá-la em cidadãos, contribuintes e eleitores conscientes, responsáveis

Chega de trocar voto por ligadura de trompa ou par de óculos. Chega de aceitar grana na fila de votação parta votar no candidato imposto pelo cabo eleitoral. Manifestações pacíficas e intensas, sem black blocs, em favor do fim da corrupção,  dos privilégios dos políticos e do combate incessante aos políticos safados e desonestos que querem manter o povo ignorante para se perpetuar no poder, são legítimas e devem ser estimuladas. 

Dilma foi longe demais ao editar na calada da noite (uma técnica sorrateira do PT de tomada "legal" de espaços já testada no surpreendente anúncio da chegada de milhares de médicos cubanos) o decreto 8.243 que patrocina a prevalência da gestão da coisa pública pelos movimentos sociais passando por cima do Poder Legislativo. Renan Soares está perdendo a oportunidade de lavar sua honra denegrida em um sem número de atitudes nada virtuosas.

O Poder Social seria entronizado no portal dos 3 Poderes.
O Poder Social assumiria o Quarto Poder geralmente atribuído à Mídia. Pode ser que o sentimento de falta de representatividade político-partidária dos manifestantes de junho de 2013, somado ao insólito e repudiável séquito de desvios de conduta de parlamentares como André Vargas, do PT, e de todos os mensaleitos, tenham aberto um flanco perigoso na democracia republicana que deu aso ao surgimento do decreto separatista que Dilma editou inspirada nos sovietes de Stálin.

Não nos esqueçamos do Plano Nacional de Direitos Humanos - que prega o fim da propriedade privada e sacraliza as invasões do MST e adjacências - e do juramento gramsciano do Foro de São Paulo de tomar o poder em disparar um só tiro, sem espetar baioneta na barriga de ninguém. No bojo do cipoal socialista em marcha está embutido o fim da liberdade de expressão através do controle social da mídia, tanto no conteúdo (até agora Dilma se opõe a essa interferência mas até quando não se sabe porque a pressão do PT é uma barra) quanto no controle da economia da mídia - sufocamento por falta de matéria prima, como na Argentina (Clarin) ou pela progressiva proibição de veiculação de publicidade de produtos que, ao ver do manda-chuva de plantão, prejudica consumidores "desavisados" ou "desinformados". Isto se refletirá inexoravelmente na perde da receita publicitária dos canais de TV e rádio, na redução ou atomização de audiências e da capacidade de reinvestimento de lucros no próprio negócio. Fere a democracia de morte.

Voltando à terceira via, as esquerdas radicais a envelopam como sendo uma vertende da direita.  A extrema-esquerda ou mais de um de seus afluentes condenaram ao fogo dos infernos o termo "direita" que passou  a qualificar ideologicamente qualquer pensamento que não se coadune com o "pensamento único". Quem divergir é de direita, deve ser excomungado e está acabado. Também tem a direita extremada que clama pela volta dos militares e não aceita a parcialidade da comissão da verdade. O Brasil está profundamente dividido e os ânimos estão acirrados demais para a batalha campal das campanhas que começam, na prática, no dia 14 de julho, isto se a seleção brasileira for para a final. A vantagem competitiva de Dilma é o tempo de TV. Vamos ver de que forma seus marqueteiros vão se apropriar dessa vantagem e transformá-la em votos.

Perdoem a longa dissertação defensiva, mas é que fui me entusiasmando e, quando me dei conta, havia escrito demais.)





 

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