sábado, 14 de junho de 2014

ANGELA MERKEL QUER SABER A RAZÃO DOS PROTESTOS NO BRASIL

Post de Berto Filho



A Alemanha Ocidental é muito cara ao Brasil pelo somatório dos investimentos de suas indústrias que geram empregos aqui, pela presença de marcas que se incorporaram à cultura popular brasileira, como o Fusca da Volkswagen, e graças também aos contínuos avanços da tecnologia e da ciência alemã em todos os campos do conhecimento humano.

O tema deste artigo é a visita da primeira ministra alemã Angela Merkel ao Brasil para ver o jogo de estreia da seleção alemã contra Portugal em Salvador na 2a.feira. Mas há um segundo motivo para essa visita que pode não ser mais forte que a torcida pela vitória da sua seleção : ela quer ouvir de Dilma porque os protestos no Brasil. 

Conforme publica O Globo hoje, pouco antes de embarcar para o Brasil, a chanceler federal Angela Merkel manifestou preocupação com os últimos protestos no Brasil. Em uma entrevista divulgada no seu site, ela afirmou que quer ouvir da presidente brasileira Dilma Rousseff a sua opinião sobre os motivos que têm levado as pessoas às ruas para protestar. O encontro com a presidente Dilma será amanhã, em Brasilia. Antes estava previsto que a presidente brasileira assistiria ao jogo Alemanha x Portugal, segunda, em Salvador, junto com a chanceler alemã, mas, como foi divulgado, Dilma teria cancelado a sua visita ao estádio.

(Entro eu :  por que ?  Porque não ir ao estádio revela medo de vaia. E a vaia é a expressão sonora do sentido dos protestos. Simples assim. Os protestos significam desejo de mudança, de mudança de governo. E dona Dilma não dirá isso para dona Merkel porque ficaria chato admitir.
Supõe-se que dona Merkel seja bem informada. Entretanto, por ser uma diplomata e por ambas serem mulheres, deverá prevalecer entre elas a solidariedade intrínseca ao espírito de corpo.) 

Merkel disse para a imprensa brasileira, antes de viajar :
"Eu estou naturalmente curiosa em ouvir: Quais são os problemas? Também do ponto de vista da presidente. Naturalmente, o Brasil teve um desenvolvimento intenso, de forma que as pessoas vivem muito melhor hoje do que há 10, 20 anos. Por outro lado, há ainda muito o que se fazer. Por isso, a Alemanha tem uma cooperação estreita com o Brasil", disse Merkel, lembrando que o fato de que o Brasil ainda tem favelas mostra que o país ainda tem muito o que fazer.

(De novo eu : o Brasil não tem o monopólio global das favelas, mas é preciso reconhecer que o termo favela caracteriza a periferia do Rio ; a Rocinha e a Mangueira, por exemplo, têm charme internacional, são visitadas por artistas, personalidades públicas, representantes de governos estrangeiros, cientistas sociais... Por outro lado, a favela se espalhou pelas periferias de outras cidades brasileiras como resultado de políticas públicas incompetentes ou da ação predatória de políticos de má fé - onde tem muita gente morando junta tem muito voto - e do crescimento da pobreza que decorre do não atendimento  das demandas por melhores serviços sociais no entorno das regiões metropolitanas.
Portanto, antes de ser uma anomalia social, com todo o cortejo de sonegações, esconderijos de criminosos, gatos de luz, gatonets, bocas de fumo e policiais de UPPs matando os Amarildos, favela é grife, é atrativo turístico dos trópicos. Abaixo da linha do equador, favela nunca vai acabar, dona Merkel, vai ser cada vez mais glamurizada e adquirir feições de bairro emergente com serviços sociais, econômicos e de cidadania muito parecidos com os que são oferecidos hoje aos bairros comuns que não têm a grife de comunidade socialmente vulnerável. Principalmente as favelas "pacificadas", Mas não deixará de ser favela, talvez com outro nome, mais criativo que favela-bairro.) 

Volta Anegal Merkel em seu site :
"Certamente que surge a indagação para as pessoas, sobre como vai ser daqui a alguns anos? A liderança política no Brasil precisa e, certamente, vai ter uma resposta", concluiu Merkel, na entrevista onde ela mesma fez as perguntas, que foram porém lidas pelo cientista político Dannis Hallac.

(Outra vez eu : gostaria de instalar meu microfone de lapela no brinco de uma das damas para ouvir a conversa e trazê-la para os meus leitores. Mas não será necessário ir tão longe, alguém sempre faz o trabalho sujo de ouvir conversas importantes que não devem ser escutadas... arapongagem danadinha essa.)


E Angela Merkel termina assim sua postagem :
"Por outro lado eu sou naturalmente uma torcedora, como milhões de outras pessoas. Com a minha visita, quero apoiar a seleção, mas por outro lado mostrar o meu reconhecimento ao anfitrião Brasil. Apesar de toda a crítica, a copa é um grande acontecimento, com o qual o Brasil se apresenta para o mundo inteiro". 

(Torço muito para que Fred faça muitos gols, não sofra mais pênaltis discutíveis e que o goleiro Julio Cesar ou o seu substituto vedem as redes brasileiras contra goleadores intrusos e persistentes. A respeito de pênaltis a favor do Brasil nos 6 jogos que restam para o Hexa, provavelmente os juizes, na dúvida, não marcarão mais para não levarem a má fama do japonês que deu aquele pênalti no Fred.   
O Brasil precisa provar ao mundo que não comprou essa Copa. Ou que, se compraram para o Brasil, com a anuência de dirigentes desonestos, que a devolvam aos fornecedores. Temos que ganhar no mérito e sem ajuda de juiz.)

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