Foto: Google
Hoje, sábado, abri a janela para receber o sol e as revoadas e cânticos dos pássaros, prenunciando um bom dia, saudação que ora repasso aos meus seguidores.
Abro o computador.
Era minha intenção só falar de coisas boas, flores, perfumes, amores e amenidades mas eis que de repente sou alvejado pelo e-mail de um prezado amigo. Parei e cliquei no link.
Um cidadão cujo nome não está declinado nos créditos do vídeo (link abaixo), de boa aparência, jovem, seguro e consciente da gravidade do que é narrado em seu vídeo postado no Youtube, pilota o comentário de uma entrevista que passou recentemente em um dos telejornais JRNews, da TV Record, concedida pela professora da USP Maristela Basso ao apresentador Heródoto Barbeiro. O "piloto" intervém algumas vezes para concordar com a professora e, vez por outra, colocar o Heródoto, que sabidamente é bem informado e não é sonso, numa saia justa.
O conteúdo da entrevista comentada é didático para qualquer cidadão. Afirma categoricamente que os empréstimos secretos concedidos pelo governo brasileiro a países alinhados ideologicvamente com o governo Dilma deveriam ter sido submetidos ao crivo do Congresso porque existe uma obrigação constitucional para esse fim. Se esses empréstimos não têm o aval da Câmara e do Senado, ou seja, do povo brasileiro, não têm valor jurídico e configuram ato ditatorial. E constitui base jurídica para uma ADIN, Ação Direta de Inconstitucionalidade, no sentido de pleitear o impeachment da presidente e a devolução dos valores emprestados irregularmente. Bem, se eu for adiantar aqui o que vi e ouvi, perde a graça. O que posso garantir é que perdi, por um momento, a inspiração para falar de flores e amores.
Veja e ouça você mesmo.
https://www.youtube.com/watch?v=7hCLtDp_lYU
Agora eu volto para lembrar um fato que tem relação com o conteúdo da matéria no link, não foi mencionado nem pela Maristela nem pelo Heródoto, e eu já havia postado aqui.
O fato :
Um mês depois da entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, o então ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) assinou em junho de 2012 atos que tornaram secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e de Angola, dois países socialistas. Os dados dos empréstimos aos demais 13 países beneficiados pelo governo brasileiro deveriam, em nome da transparência, estar no site do BNDES, o banco de onde saíram tais empréstimos, que, como sabemos, administra também os recursos dos trabalhadores lançados na rubrica do FAT.
Com a decisão, o conteúdo dos papéis só poderá ser conhecido a partir de 2027 (quando eu e muitos na minha faixa etária não estaremos mais por aqui...). O BNDES desembolsou, somente em 2012, US$ 875 milhões em operações de financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para Cuba e Angola. O país africano desbancou a Argentina e passou a ser o maior destino de recursos do gênero. Angola é considerado um dos países mais corruptos do mundo. Leiam o que informa Rubens Valente, na Folha.
Na época, o ministério do Desenvolvimento justificou ter baixado o sigilo sobre os papéis porque eles envolvem informações “estratégicas”, documentos “apenas custodiados pelo ministério” e dados “cobertos por sigilo comercial”. Ordens superiores.
Só em 2012, o BNDES financiou operações para 15 países, no valor total de US$ 2,17 bilhões, mas apenas os casos de Cuba e Angola receberam os carimbos de “secreto” no ministério.
Por que será ?
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