sexta-feira, 25 de abril de 2014

UPPS CONDENADAS AO DESAPARECIMENTO ?


Post de Berto Filho

Há uma especulação, que não sei se procede ou não, de que a justa manifestação de apoio à família do dançarino Douglas Raphael, após o seu enterro, realizada em um dos mais emblemáticos cartões postais do Brasil, Copacaban, foi usada por gente não identificada com o intuito exclusivo de derrubar o fundamento de toda a política de segurança do governo Cabral : as UPPs.
Entre os manifestantes, moradores e familiares do Pavão-Pavãozinho-Cantagalo teriam se infiltrado militantes black blocs com a mesma tática de junho de 2013.
O fim das UPPs lá no alto do morro controlando tudo não interessa apenas a traficantes e marginais comuns,. Serve também a candidatos à sucessão de Cabral.

Por outro lado, a forma truculenta com que agem certos policiais não capacitados para interagir com moradores das comunidades pacificadas e garantir a coexistência entre moradores e policiais de uma forma respeitosa já provocou o episódio Amarildo e, agora, o episódio Douglas, que tinha participação no programa "Esquenta", da Regina Casé.

É talvez o pior momento da luta política e policial pelo poder no Rio. O final feliz é possível, apesar de todos os prognóstiocos serem negativos.
Tudo depende de como o candidato Luiz Fernando Pezão vai sair do encurralamento para defender a principal conquista do governo Cabral na segurança pública : as UPPs.
Não faz nenhum sentido para a tranquilidade da população dissolver as UPPs já implantadas, devolvendo-as aos "moradores" (quer dizer, aos traficantes...)  e paralisar ou postergar a implantação das novas, já programadas. 

Polícia e bandido é feito gato e rato. No caso do dançarino, o gato pode ter errado na mão, mais uma vez.  Agora, é pedir descultas à família, dar toda a assistência possível e de uma forma que pareça sincera. 

A mãe do Douglas, muito politizada e determinada, recusou-se a receber o governador para, metaforicamente, não colocar azeitona na empada do candidato. É, o momento é de luto e consternação. Mas não de aproveitamento da situação para acabar com a UPP.

Pedir só desculpas é pouco : o governo do estado precisa dar uma demonstração de que vai mudar radicalmente a preparação técnica e psicológica dos profissionais que vão lidar diariamente com a comunidade. Há problemas, é claro, com relaçáo a armas guardadas em casa e ao emprego de armas pela polícia em situação de crise. Desarmar a população sem desarmar a polícia é difícil. Senão impossível.

O Estado (governo do estado e prefeitura)  e a iniciativa privada (empreiteiras, etc) precisam estar bem mais presentes na "ocupação social" de uma forma construtiva e colaborativa.  Já sei, vocês vão dizer : de boas intenções o inferno está cheio.  É verdade mas se não for feito nada com a sincera disposição de acertar a mão daqui para a frente, vai ficar difícil para o governador governar os meses que lhe restam e ganhar a confiança do eleitor para continuar governando por mais 4 anos. 

Mudar o governador nas eleições pode significar desmantelar toda a estratégvia de atuação da Secretaria de Segurança Pública, cujo pilar mais importante tem sido a UPP.

Não estou defendendo a eleição de Pezão e sim o comprometimento dos candidatos com ações de efetiva ocupação social através da oferta maciça de práticas de cidadania, assistência social, uso do esporte educacional como agregador social e revelador de talentos, herois e campeões, coleta de lixo, varrição das ruas, assistência hospitalar, educação de base, habitação, saneamento e tantos outros meios que podem ser empregados para emancipar a sociedade que prolifera nessas comunidades com velocidade superior à do crescimento demográfico de uma família de classe média, da antiga.   

Com UPPs bem melhores, com mais inteligência e integração entre as polícias, e um real comprometimento com a aplicação de políticas públicas que atendam diretamente, in loco, as necessidades das comunidades pacificadas. Agora, não me venham os candidatos com a proposta de rebatizar a UPP com algum nome que lhes pareça mais sugestivo apenas para apagar as marcas do atual governo. Mudança apenas cosmética é indecente.
   

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