terça-feira, 22 de abril de 2014

TOMA QUE O FILHO É TEU

 Post de Berto Filho



Toma que o filho é teu ... a frase está na letra do samba "Nega Maluca", composto por Evaldo Ruy e Fernando Lobo na década de 50. Um tremendo sucesso ! E como dura ! E como dura sua simbologia na política. Filho feio é sempre enjeitado... "Nega Maluca" é do tempo em que escrever, dizer ou cantar "nega" não era ofensa racista...

Olha a letra, se você é daquele tempo sabe a música :

"Tava jogando sinuca
Uma nega maluca
Me apareceu
Vinha com um filho no colo

E dizia pro povo
Que o filho era meu, não senhor
Tome que o filho é seu, não senhor
Pegue o que Deus lhe deu, não senhor"

Pois é, a compra da refinaria de Pasadena é o filho no colo da nega maluca do samba.

Ninguém quer assumir a paternidade nem a maternidade. É muito feio...

Cada um faz a adaptação que quiser, mas eu colocaria a Dilma no lugar do rapaz que tava jogando sinuca. A Nega Maluca seria interpretada pelo José Sergio Gabrielli, que tenta jogar o filho enjeitado (um mau negócio, mas para ele, um bom negócio) no colo da Dilma, atrapalhando o jogo de sinuca da presidente no Bar Brasil. O samba tem uma segunda parte mas essa primeira é irretocável : é a narrativa cinematográfica de uma cena hilária. A de hoje seria hilária se não fosse trágica.

Depois desse recreio bem humorado, vem a realidade como ela é, conforme Nelson Rodrigues.

Puxei do Estadão de hoje.m Reportagem de Tânia Monteiro, Eduardo Bresciani e Murilo Rodrigues Alves - Colaborou Andrezza Matais

Dilma responde a Gabrielli e no rádio exalta as gestões do PT na Petrobrás 
Presidente rebate ex-presidente da estatal e reafirma ter se baseado em um relatório falho


José Sergio Gabrielli                                                        Foto : VEJA

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff rebateu ontem a declaração do ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli de que ela "não pode fugir da responsabilidade" sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Dilma, por meio de seu ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, reafirmou ter aprovado o negócio em 2006 com base em um resumo executivo que não continha duas cláusulas importantes do contrato.

Para evitar que o conflito se estenda ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Gabrielli é próximo, Dilma aproveitou mais cedo o seu programa semanal de rádio para enaltecer as gestões petistas à frente da Petrobrás.

A entrevista de Gabrielli ao Estado, publicada no domingo, contrariou Dilma por causa da cobrança feita pelo ex-presidente da companhia. Ontem ela acionou Mercadante por telefone e pediu que ele divulgasse seu posicionamento.

"Como já foi dito pela presidente e demais membros do Conselho de Administração da Petrobrás, eles assumiram as suas responsabilidades nos termos do resumo executivo que foi apresentado pelo diretor internacional da empresa", disse o ministro ao Estado. "Este episódio está fartamente documentado pelas atas do conselho que demonstraram que os conselheiros não tiveram acesso às cláusulas Marlim e Put Option e não deliberaram sobre a compra da segunda parcela. Gabrielli, como presidente da Petrobrás à época, participou de todas as reuniões do conselho e assinou todas as atas que sustentam integralmente as manifestações da presidente."

A compra aprovada por Dilma foi de 50% da refinaria em 2006 por US$ 360 milhões. A cláusula Put Option obrigava a Petrobrás a adquirir a outra metade da belga Astra Oil em caso de desacordo comercial, enquanto a Marlin previa uma rentabilidade mínima à sócia devido a investimentos que seriam feitos para que a refinaria passasse a processar óleo pesado, como o produzido no Brasil.

Após uma disputa na justiça norte-americana, o negócio acabou custando US$ 1,25 bilhão à estatal brasileira. Em 2005, a Astra tinha comprado a mesma refinaria por US$ 42,5 milhões. Segundo a Petrobrás, porém, a empresa belga teve outros gastos e teria investido US$ 360 milhões antes da parceria.

A manifestação da presidente expõe as contradições entre as versões defendidas por Dilma e a atual presidente Graça Foster e a gestão anterior da companhia: Gabrielli e o ex-diretor internacional Nestor Cerveró. Dilma e Graça culpam a omissão das cláusulas pelo prejuízo de US$ 530 milhões registrado no balanço da companhia, enquanto Gabrielli e Cerveró atribuem à crise financeira internacional, às mudanças no mercado de petróleo e à falta de investimento os problemas no negócio.

Na entrevista, Gabrielli afirmou que a "presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do Conselho" na época. Ele concordou que o relatório preparado por Nestor Cerveró foi "omisso" ao deixar as duas cláusulas de fora, mas afirmou que isso "não é relevante para a decisão do Conselho". O ex-presidente da Petrobrás disse acreditar que o órgão presidido por Dilma aprovaria a compra mesmo se soubesse das duas cláusulas. Na Câmara, Cerveró já tinha feito um discurso na mesma linha de Gabrielli.

Dilma, porém, insiste que o posicionamento seria diferente. Em nota ao Estado no mês passado, ela afirmou que baseou sua decisão em um resumo "técnica e juridicamente falho". Alinhada com Dilma, a atual presidente da Petrobrás sustentou, na semana passada, que a diretoria comandada por ela não teria também dado o aval à compra, que na visão de Graça Foster "não foi um bom negócio".

'Renascimento'.

Com a exposição cada vez maior das diferentes versões, Dilma tenta adotar uma linha de defesa da Petrobrás e exaltar o que considera acertos da gestão petista em um aceno a Lula, Gabrielli e ex-integrantes da companhia. No programa de rádio Café com a Presidenta, defendeu o papel da estatal no que definiu como "renascimento" da indústria naval brasileira e elogiou o antecessor. "Graças à política de compras da Petrobrás iniciada no governo Lula e desenvolvida no meu governo, renasceu uma indústria naval dinâmica e competitiva, que irá disputar o mercado com as maiores indústrias do mundo", disse. 
 
A política destacada por Dilma, porém, não tem sido capaz de atender às demandas da estatal. O Estado mostrou no domingo que a Petrobrás transferiu a conclusão de duas plataformas de exploração de petróleo para o estaleiro Cosco, na China, a fim de tentar garantir o cronograma de produção do pré-sal da Bacia de Campos. O Sindicato de Metalúrgicos do Rio de Janeiro estimou a perda de 5 mil postos de trabalho com a medida.  
 
Agora, mais lenha na fogueira. É a matéria de Samantha Lima e Fabio Brisolla na Folha de São Paulo de hoje. Revela que Gabrielli recusou, mais de uma vez, sem consultar o Conselho de Administração, a oferta da Astra Oil de reaver 50% da refinaria. Se Gabrielli fosse menos imperial, o filho no colo da Dilma não seria tão feio...
 
Vamos ler com calma, é instrutivo.  

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