segunda-feira, 26 de maio de 2014

O PLANO B DO PT

Post de Berto Filho

Quanto o PT vai perder se Dilma não for reeleita ?
Já calculou ? E você acha que o PT vai largar tudo e entregar o ouro de mão beijada ? E os empregos, os cargos em comissão, que têm sido uma das fontes permanentes de receita do partido, o desaparelhamento estatal ... Dilma vai passar numa boa a faixa presidencial para o opositor que a substituir ? 




Quando FHC passou o cargo e a faixa presidencial a Lula em janeiro de 2003 seu gesto foi um episódio democrático dentro da dinâmica de alternância do poder. Em 2003 grande parte dos compartimentos estatais já estava aparelhada, o que Lula fez foi consolidar o aparelhamento e transformá-lo numa forca para asfixiar quem não rezar por sua cartilha.

Como o futuro presidente pós-Dilma, se vingar, vai administrar um país submetido a um aparelhamento cujo comando pode ser exercido do lado de fora, forjando greves, paralisações, passeatas, manifestações agressivas, rebeliões em presídios, etc, com o apoio de militantes dos movimentos sociais radicais ?

O PT fará tudo e até coisas que Deus duvida para não deixar o poder. Primeiro, porque o PT ainda não aprendeu a perder.
Não aprendeu a conviver na democracia exercendo o poder pois não admite contestação ou insubordinações (inspiração de Fidel Castro e Che Guevara), seus militantes transformam adversários políticos em odiosos inimigos pessoais, e sempre que a ocasião se apresenta, como nos eventos internos de maior importância, geralmente cobertos pela mídia, mostra a sua verdadeira face e o não compromisso com as garantias de liberdade de expressão. O PT gosta de ditaduras e se inspira nas ditaduras dos vizinhos para aprimorar o seu próprio modelo de ditadura que sonha implantar um dia no Brasil.

As várias perdas de disputa pelo poder não contam. Ganhou o poder pelo voto, com o apoio da classe média conservadora entediada com o discurso cansativo (8 anos na presidência...) e aristocrático, filigranado, do presidente Fernando Henrique. Lula, esperto,  governou falando para o povo e na linguagem que o povo gosta de ouvir. Pegou o Bolsa-Escola, maquiou e relançou-o como Bolsa-Família. Por isso se deu bem. Para se entender com o povo, não é necessário falar errado de propósito, não precisa dizer "nóis vai, nóis fumo", O genial Adoniram Barbosa traçou no samba do Arnesto  as linhas de uma linguagem que aproxima o candidato do plebeu que fala errado e aí se dá a empatia :

"O Arnesto nos convidou
pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumo, não encontremo ninguém
Nós vortemos com uma baita de uma reiva
Da outra vez, nóis num vai mais
Nós não semo tatu!"


Mas, convenhamos, não vai ficar bem para Dilma nem seus adversários imitar as performances histrôniocas do Lula quando se dirige ao povo que o conhece bem e que não acredita que ele seja o que dizem que ele é. 
  
O cansaço do poder gera estafa em governantes e governados. Menos no politburo do PT. Para esses, o tempo do poder é infinito. Porém, há sinais de fadiga na máquina de sustentação oral e na máquina operacional e administrativa. Nas pesquisas, o povo já mandou o recado : mais de 70% quer mudança sem Dilma.

O PT ganhou o poder pelo voto, caminho que perseguiu tenazmente até chegar lá. Está mandando em tudo há 12 anos e não se contentará com menos. Talvez se considere recompensado se fizer o maior número de deputados e senadores porque aí teria uma arma poderosa para inviabilizar o poder central. Esse é o Plano B do PT.

Ah, não se deve esquecer que o desaparelhamento deve se estender ao Judiciário. Os novos candidatos ao Supremo nos próximos 4 anos (2015-2018) não deveriam ser recrutados em equipes de colaboradores de políticos que tenham exercido o poder de uma forma não séria e não democrática. Outra providência que talvez ajude resgatar  a moralidade do julgamento é exigir que o próprio ministro se considere impedido quando o processo envolver interesses de amigos, especialmente os que estão arrolados como réus. Por essa dificuldade moral de corrigir o erro durante a competição, sou a favor de uma triagem eficiente para cortar o mal pela raiz, descartar qualquer candidato que possa deixar um rastro de corporativismo, nepotismo ou amizade com alguém que é poder ou foi poder e o exerce ou o exerceu de forma não democrática ou moralmente comprometedora.

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